2006/06/22

DeutshChronik.4

Hoje quase não falo eu. Fala o Carlos Ferro, reporter do Diário de Noticias por mim. Acrescento apenas um comentário meu no final.

"Os gestos de contentamento de Luiz Felipe Scolari no relvado do Arena AufSchalke após o encontro com o México (vitória de Portugal por 2-1) foram a imagem perfeita do alívio que técnico deve ter sentido pelo final de um desafio onde a selecção cumpriu 60 minutos penosos.

Mesmo sem brilhar no campo - sentiram-se bastante as ausências de Costinha, Deco e Cristiano Ronaldo -, a equipa garantiu o primeiro lugar no grupo D, jogando agora os oitavos- -de-final às 21.00 de domingo (20.00 em Lisboa) em Nuremberga, com o segundo colocado do grupo C.

E o treinador tinha motivos para os festejos, pois a equipa que dirige só esteve verdadeiramente em campo durante os primeiros 30 minutos. Nesse período, Portugal ganhou vantagem no marcador - Maniche (6 minutos) e Simão Sabrosa (24, de grande penalidade) - e chegou a dar a ideia que poderia ter uma tarde tranquila.

Puro engano. O golo de José Fonseca, aos 29 minutos, marcou o início de um final de jornada bastante difícil para a selecção. Que mesmo a jogar contra dez (expulsão de Luis Perez, 61), não conseguiu impor-se frente a um México batalhador e que transformou Ricardo num dos homens da tarde.

Cumprindo a estratégia explicada na terça-feira, Scolari colocou no onze titular Caneira, Petit, Tiago, Simão e Postiga no lugar de Nuno Valente, Costinha, Deco, Cristiano Ronaldo e Pauleta, os cinco com cartão amarelo e que não poderiam ver outro, pois ficariam impedidos de jogar no domingo.

A equipa portuguesa conseguiu resistir à pressão inicial dos jogadores adversários, embalados pelos mais de 40 mil mexicanos que estavam nas bancadas, e até soube cumprir no relvado uma das várias indicações de Scolari: jogar rápido na transição da defesa para o ataque. Lance, aliás, que originou o primeiro golo de Portugal: Simão ganhou vantagem aos adversários pela esquerda e centrou para a área onde Maniche, à vontade, marcou.

Foi o mote para se ouvir os cerca de dez mil portugueses que estavam num topo do estádio submergidos por uma onda verde e branca. Os mexicanos - antes do encontro tinham efectuado uma grande festa nos acessos ao recinto, e mesmo dentro do Arena AufSchalke só se ouviam os seus cânticos - ficaram muito mais calmos e assim continuaram até ao tal minuto 29.

Ausências e novo recorde

A partir do golo de José Fonseca, Portugal perdeu o controlo do desafio e começou também a sentir a falta de Costinha no meio-campo defensivo. Tal como a de Deco na organização do jogo. Sem a cobertura destes dois elementos, a defesa passou por momentos de aflição, até porque os mexicanos conquistaram espaços para rematar. Petit e Tiago não estiveram bem na marcação aos médios adversários e até Figo não mostrou o nível exibicional dos jogos com Angola e Irão.

Aos portugueses, sem capacidade para aproveitar o facto de terem estado 30 minutos a jogar com mais um elemento, valeu o pouco acerto do México na finalização - até uma grande penalidade falhou, aos 56 minutos, por mão de Miguel.

Na soma de todos estes factores está a explicação para a má exibição de Portugal, que foi reconhecida por Scolari no final do desafio quando apenas elogiou os primeiros 30 minutos da equipa - "actuação impecável", frisou o técnico que somou ontem a décima vitória consecutiva em fases finais de mundiais.

Deste jogo ficam algumas lições para o futuro: Costinha, Deco e Cristiano Ronaldo fazem muita falta à equipa e Hélder Postiga desperdiçou a oportunidade que lhe foi dada. "


Deste jogo também tirei uma conclusão mais: que o seleccionador pode ter um grupo unido mas não tem um bom plantel e não sabe gerir um jogo a partir do banco. No momento da substituição Postiga-Nuno Gomes, um bom treinador tinha arriscado um 442 em vez de manter o 433. É que dessa forma segurava mais defesas do adversário e tinha, no minimo, igualdade de jogadores no meio campo, o que daria o controlo do jogo. Ao substituir jogadores sem alteração táctica que tira partido da vantagem numérica, expos a equipa ao adversário, como sucedeu ontem e apenas a boa estrela que o acompanha nos salvou de uma humilhação de um empate (ou pior, quem sabe?) contra 10 mexicanos...

Continuo pessimista!

NOTA - Afinal, ontem não fez "bluff" e tirou mesmo os amarelados. Reconheço isso como uma boa atitude de gestão do plantel, a 1ª em muito tempo... E o meu prognóstico quase era certo, fiquei a um penalti falhado de acertar!

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