Algumas conclusões a que cheguei depois de assistir ao Seminário Internacional de Regeneração e Reabilitação Urbana.
1. Há muita confusão entre REGENERAR e REABILITAR e outras palavras como requalificar e reconstruir. São tudo conceitos próximos e parecidos, mas não iguais e sinónimos. Obras como a REQUALIFICAÇÃO do Largo do Toural e Alameda em Guimarães foi, subrepticiamente, apresentada como REGENERAÇÃO. Obras como a RECONSTRUÇÃO do Chiado em Lisboa foi apresentada, subrepticiamente, como REABILITAÇÃO. Não o foram assim designadas nos documentos oficiais nem elas correspondem ao que quiseram, para o efeito, os oradores fazê-las passar.
2. Reabilitação pode ser dos espaços públicos ou do edificado, podendo este ser público ou privado. Normalmente não há investimento privado sem que o público não avance primeiro com a reabilitação do espaço público e por vezes até que crie pontualmente novos equipamentos públicos em edifícios reabilitados. O problema é que hoje não há dinheiro para o investimento público e não há crédito para o investimento privado e não há procura suficiente para rentabilizar os investimentos. E o problema da "Lei das Rendas" continua por resolver...
3. Regeneração depende das políticas e planeamento, sendo que o planeamento político é fraco e quase inexistente.
4. Regeneração pode ser casual e fragmentada, sendo que nestes casos não resulta porque se destina normalmente "turistificação" e à "museificação" dos espaços, deixam de ser para quem os habita e passam a ser para quem os visita, perdendo com isso a vida própria dos espaços e a sua característica própria.
5. O conceito "shrinking cities" vai passar a ser mais usado e ouvido falar no futuro. Se há cada vez menos gente nas nossas cidades (Porto perdeu 90 mil pessoas em 20 anos, Lisboa perdeu 250 mil pessoas nesses 20 anos) então há edificado a mais, que muitas vezes é melhor substituido por um vazio do que por outro edifício novo - a Alemanha tem usado esta teoria para refazer cidades do leste alemão com algum sucesso.
6. As cidades em Portugal com centro histórico estão a sofrer do efeito de "cidade donut", ou seja, os seus centros esvaziaram-se e nas radiais desenvolveram-se vários novos centros, pólos de atractividade que a "cidade do automovel" ajudou a consagrar.
7. Tem de haver uma mudança de paradigma na construção da cidade: tem que se fazer cidade a partir da cidade (existente) e não sobre a cidade (existente) como durante milhares de anos aconteceu (cidades por camadas "geológicas").
8. A cidade tem de ser feita COM as pessoas e não apenas PARA as pessoas. A participação através de consultas à população ou através dos orçamentos participativos vão ser, sem qualquer dúvidas, cada vez mais frequentes no futuro.
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