2012/10/27

4 mandamentos para as cidades do futuro

Eu, por mim falo, mas já tenho a cabeça no pós-eleições autárquicas quando a equipa da qual sou uma pequenina peça passar a liderar a Câmara Municipal de Guimarães. Vamos encontrar uma cidade com imensos problemas por resolver e com muito pouco dinheiro e uma enorme dívida para produzir soluções. Por isso, tento pensar "out of the box", e por isso tenho andado a estudar coisas que se fazem lá fora. E encontrei este pequeno vídeo do TEDtalks com Eduardo Paes, o presidente de uma das maiores cidades do mundo, o Rio de Janeiro.

E nesta conferência TEDtalks ele aborda aquilo a que chamou de "Os 4 mandamentos das cidades" do futuro. E mostra exemplos de como o Rio de Janeiro está já a aplicar esses mandamentos, com baixos custos e bons resultados. Na senda de Jaime Lerner (presidente da câmara de Curitiba) que revolucionou a forma de planear as cidades, também este homem tem uma conferência inspiracional que nos permite perceber que nem sempre com muito dinheiro se resolvem os problemas das cidades - muitas vezes, é mesmo com pouco dinheiro que as cidades são uma solução porque só assim se conseguem encontrar as soluções mais eficazes para os problemas da cidade.

São 12 minutos onde Eduardo Paes nos apresenta os seus 4 mandamentos:
#1 - A cidade do futuro tem de ser ambientalmente amigável.
#2 - A cidade do futuro tem de lidar com a integração e mobilidade dos seus habitantes.
#3 - A cidade do futuro tem de ser socialmente integrada.
#4 - A cidade do futuro tem de usar tecnologias para estar presente.

Melhor que os ler, é ver a apresentação:

 

Mas também a conferência de Jaime Lerner é muito interessante e inspiradora. Vale a pena ver esta também. Porque mostra que mais que o dinheiro atirado para a fogueira dos problemas, a verdadeira solução está em pensar, inovar e não fazer o mesmo que foi feito durante anos e anos e que, apenas, nos colocou no ponto em que estamos hoje. Como ele disse, "a criatividade começa quando cortamos um zero ao orçamento" e "se tirarmos dois ainda é muito melhor". Aqui fica a apresentação:

2012/10/26

Adeus a Louçã (finalmente!)

Lamento quebrar algum unanimismo sobre a saída de Louçã do Parlamento, mas não acho nada que se tenha perdido um grande parlamentar.

Bem pelo contrário.

Com a saída de Louçã é o fim de um tempo de parlamentares mediáticos, truculentos e por vezes a roçar a má-criação, de sound bites sem conteúdo mas com imprensa garantida, representante de uma demagogia e de um partido extremista que não quer ser poder nas condições democráticas existentes (porque a sua visão de democracia nada tem a ver com o conceito ocidental que nós temos dela) e que nestes longos 13 anos que se manteve no Parlamento apenas fazia faits divers, propaganda barata de teorias económicas apenas seguidas por países como Cuba, Venezuela, Irão, Coreia do Norte e outras ainda mais miseráveis que estas... Era isto um grande parlamentar? Não me lixem, alguém que fica para a história parlamentar por chamar "manso" a um Primeiro Ministro deve deixar Natália Correia, Adelino Amaro da Costa e Sá Carneiro corados de vergonha; esses sim, eram grandes parlamentares e conhecidos por discursos no Parlamento míticos, e devem dar uma volta nos caixões cada vez que dizem e escrevem isso por estes dias!

Louçã tinha todas as condições intelectuais para ser um excelente político. Infelizmente, desbaratou-as para o pior, para a demagogia e para causas sem sentido. Tanto pior para ele que dedicou uma vida a elas, e tanto melhor para nós que ele sai agora - e só espero que por muito que ande por aí, como o outro, não nos chateie muito mais...

Dele apenas lhe louvo uma coisa na sua saída: aparentemente, não vai requerer nem usufruir das inúmeras alcavalas que os deputados se atribuem a si próprios. Ao menos isso!

2012/10/21

Os burlões espanhóis

São muitos, andam aí de 4 rodas e retiram o ticket da autoestrada na entrada mas passam na via verde na saída. Impunemente? Desconfio que sim, de outra forma não eram tantos que já vi a fazer o mesmo...

2012/10/19

Sylvia Kristel

Um amigo comentou que com a morte de Sylvia Kristel ontem, parte do seu imaginário sexual de adolescência morreu também.

Eu só acrescentei que nunca pensei sermos tantos viúvos!

2012/10/14

Workshop de fotografia

Nos últimos 3 dias frequentei um pequeno e rápido workshop de fotografia, mas que foi muito interessante por me ter reavivado alguns conceitos teóricos esquecidos (desde os anos 80 quando o então professor Viana na Escola Secundária Francisco de Holanda nos introduziu esse "bichinho") e falado de algumas técnicas, ou ferramentas, que podemos usar para melhorar a nossa prestação e resultados.

Foi uma parte prática interessante porque permitiu experimentar vários settings de máquina, trabalhando a cena de forma a comparar resultados diferentes, permitindo conhecer melhor a máquina e a forma de retirar dela as melhores fotos.

Alguns exemplos.

Diferenças na escolha do ajuste de brancos:
Com opção Tungsténio









Com opção Nuvens 
Com opção Sol

Fotografia de exposição prolongada (2 segundos) para obter efeito especial na água, sem filtros:
Sem edição de software
Com edição de software, para compensar sobre-exposição



Enquadramento com "molduras" naturais:
Com a "regra dos terços"
Centrando o objecto

Um contra-luz:
 

Um grande-plano:

Compensar o sensor que dá a leitura errada (Igreja escura em vez de visivel, apesar do sensor dizer que a velocidade do obturador e que a abertura estavam correctas):
Escuro...
....claro
 O panning com disparo continuo:

1...

...2...









...3

2012/10/13

Julius Shulman, o fotografo de Frank Lloyd Wright

FL Wright (8 de junho de 1867 - 9 de abril de 1959) foi um dos mais conhecidos e mais inspiradores arquitectos da modernidade. Mas muito da sua fama advém das fotos que espalharam e imortalizaram as suas obras, nomeadamente as suas casas. E o autor de quase todas elas foi este senhor, Julius Shulman (10 de outubro de 1910 - 15 de julho de 2009).

Ver, por isso, as fotos de Shulman permite não só apreciar algumas das melhores obras modernas de arquitectura, precursoras de um estilo que ainda hoje é apreciado e seguido, como ainda de poder apreciar algumas das fotos de arquitectura tecnicamente mais bem executadas e que são também elas, ainda hoje, inspiradoras de muitos dos actuais fotógrafos.

Podem ver inúmeras fotos dele aqui na pesquisa de imagens do Google. As suas fotos podem ainda ser encontradas em inúmeros livros, nomeadamente da Tashen.

Entretanto, ficam aqui algumas das mais icónicas fotos dele:




2012/10/12

O mapa cor-de-rosa

Foi esta semana aprovado na Assembleia Municipal o novo mapa cor-de-rosa do concelho de Guimarães.

Depois de uma não negociação, depois de uma não audição das populações e de algumas juntas de freguesia, tudo culminou com uma não discussão na AM da passada segunda-feira, onde para o PS bastaram 75 minutos de tempo regulamentar para fazer aprovar o seu mapa para o futuro de Guimarães.

É, por isso, uma não reforma. O Governo propôs que se reformasse administrativamente o território. O PS achou que isso era reformar politicamente o território, e foi isso que desenhou no papel. As justificações pífias que deu um dos seus deputados municipais sobre as opções tomadas são isso mesmo, pífias: não têm sentido, não olham para os interesses das pessoas das freguesias afectadas e são prepotentes.
Por exemplo, dizer que Vermil não foi agregada à vila de Ronfe apenas porque foi um critério seguido de não agregar vilas, para não abrir a "caixa de pandora", é não dizer nada, porque esse critério não é um argumento válido para ninguém quando as populações fazem a sua vida ligadas a Ronfe e quando a própria freguesia era parte integrante do ancestral Couto de Ronfe - às populações nada lhes interessa se as outras vilas foram ou não agregadas, o que eles querem é estar integrados numa freguesia que lhes dê maior qualidade de vida e que não lhes complique rotinas de vida. Dizer que Briteiros Santo Estevão não se pode agregar às outras freguesias da milenar freguesia de Briteiros (só recentemente, historicamente, se dividiu em 3 freguesias oriundas das 3 paróquias) porque fica com mais população que as outras freguesias em seu redor é um disparate do tamanho da montanha da Penha, até porque esta já divide o cemitério com S.Salvador por imposição da Câmara, não mencionando a questão escolar onde as 3 freguesias partilham tudo o que é EB. O mesmo se aplica em relação a Rendufe que nada tem a ver com Atães e que quer ser agregado a S. Torcato, sendo que agora o argumento é por causa do tamanho ser o dobro da 2ª maior freguesia se agregadas, o que é outro disparate monumental - para fazer este tipo de agregação forçada às populações, não olhando à realidade do local, às rotinas estabelecidas e tendo  medo de "bichos papões" que não existem (mas que podem ser criados por causa da rejeição das populações) é uma prova maior da menoridade intelectual e política de quem desenhou este mapa a régua e esquadro eleitoral. Argumentos destes são insignificantes, nada justificam e apenas demonstram que não sabem como justificar o que não tem, de facto, qualquer justificação!

Com toda a certeza estas agregações forçadas, impostas por um poder político cansado, desgastado e preocupado com o seu próprio futuro político (e não com as populações) ainda irá dar que falar. Casos há que já prometem continuar a luta até Lisboa, se preciso for. Só espero que a Unidade Técnica no Parlamento olhe para estas questões e corrija os erros que estão a ser cometidos, sob pena de Guimarães ficar com uma má estruturação territorial, em particular se comparado com os concelhos limítrofes que não apresentaram propostas e que, por isso mesmo, vão ser agregados pela Unidade Técnica com critérios bem mais racionais como continuidade urbana, a criação de freguesias com massa (população e território com dimensão razoável) e que permitam fazer destas fontes de crescimento em vez de criar autarquias com atritos, sem ligação espacial e afectiva, nem tão pouco qualquer tipo de lógica.

2012/10/08

O calcanhar

Aquiles, mitologia grega:


Madjer, 27 de Maio de 1987:


Falcao, 7 de Novembro de 2010 (a noite dos 5-0):


Jackson Martinez, 8 de Outubro de 2012:



E é isto o que eu tenho a dizer do jogo de ontem. Pela segunda vez, na mesma baliza, vi um golo fenomenal ao vivo, daqueles que não mais se esquecem...

2012/10/05

Que 5 de Outubro?

Ainda não percebi porque se comemora o 5 de Outubro. A sério! Comemorar a democracia não será, porque na monarquia já existiam partidos e eleições. Por isso, só posso ver isto como uma manifestação de poder de uma certa esquerda e de certas sociedades (hoje pouco) secretas que não faz sentido nenhum continuar.

Imagem 31 da Armada
Em especial depois do que se passou hoje.

Pendurar uma bandeira de pernas para o ar, sinónimo de pedido de auxilio internacional no "velho" código dos tempos de guerras, é algo que não lembra a ninguém. Acredito que não foi feito intencionalmente. Mas todas aquelas personalidades estarem a ver a bandeira de pernas para o ar e não pararem, não corrigirem a situação, é algo que não percebo também!

Enfim, comemore-se o inicio da Nação no dia em que ela terá nascido - 24 de Junho! - ou quando muito comemore-se a restauração da sua independência - 1 de Dezembro! - mas deixem-se de parolices (ia dizer algo mais forte...) e ide trabalhar pelo futuro deste país se querem comemorar alguma coisa em 2013 porque da forma como isto está a ir, com a extrema esquerda a ter todo este tempo de antena, arriscamo-nos que, mais ano, menos ano, não seja só a independência financeira que perdemos...

2012/10/01

Dia Mundial da Arquitectura


É hoje, 1 de Outubro.

No mundo, festeja-se, celebra-se, comemora-se este dia.

Em Portugal, pelo menos a norte, a Ordem dos Arquitectos vai prolongar o dia pelo resto do mês com o Arq Out, um programa de actividades que durante todo o mês terá  actividades diversas no grande Porto para promover a arquitectura.

Em todo o caso, o meu post hoje tem mais a ver com o alerta este dia deveria ser. Porque, na realidade, mais do que comemorar, hoje deve ser um dia para alertar a sociedade dos problemas que esta classe, que é a minha, enfrenta.

Há mais de 20 mil profissionais no país. Cujo sector da construção atravessa a mais grave crise de que há memória. Só para se perceber o pouco que se constrói em Portugal hoje, fica um exemplo: estou a tratar da legalização de uns muros de uma casa construída em 1997; quando consultei o processo original da casa, de 1997, vi que havia entrado em Setembro e era o processo n.º 5980 da CM de Guimarães; em Maio passado, dei entrada de um processo de licenciamento, com o n.º 180... ou seja, em 9 meses de 1997 havia quase 6000 licenciamentos e este ano em 5 meses havia menos de 200...

No entanto, continuam a sair anualmente centenas de novos arquitectos das dezenas de cursos que estão a ser ministrados nas universidades portuguesas.

Já alguém parou para pensar nisto um pouco? Os pais dos jovens que lá entram hoje não vêm o que se passa, não lêem jornais, não vêem as noticias? O Ministério não vê o que se passa? E a Ordem não consegue fazer nada sobre o assunto que não seja criar mais e mais dificuldades em entrar na Ordem? Que país é este que continua a formar profissionais cujo futuro na sua imensa passa por emigrar ou encontrar trabalhos em áreas diferentes da arquitectura e nada faz para corrigir isso?

Que futuro para os arquitectos portugueses em Portugal? Ganham prémios internacionalmente, são conceituados, mas no próprio país não só são vistos, na sua maioria, como os "gajos que fazem uns desenhos e cobram uma pipa de massa" como não temos quase serviço hoje em dia. A regeneração urbana não avança porque, por um lado, o Estado não tem dinheiro para regenerar os espaços públicos e por outro lado os privados ou não têm dinheiro para avançar com projectos de investimento ou não têm confiança para investir, sabendo que os bancos quase não emprestam para crédito à habitação e que com o desemprego e falta de confiança na economia poucos têm coragem e possibilidade de comprar hoje em dia.

É uma encruzilhada o futuro da arquitectura em Portugal. Hoje não é dia para comemorar nada. Hoje, para mim, é dia para reflectir sobre o nosso futuro: enquanto classe, enquanto profissionais e enquanto país!