2011/11/27

Vettel é o melhor...

Sebastian Vettel
...mas mesmo assim, não chega aos calcanhares de Lauda, Rosberg (pai), Mansell, Prost, Senna ou Schumacher (antes do regresso) entre aqueles que vi correr e que mais me marcaram.

Sem dúvidas que é um excelente piloto e o melhor da actualidade, um pouco acima de Alonso e Hamilton. Mas falta um "bocadinho assim" para se elevar ao Olimpo...

Mesmo que bata mais alguns recordes do mundo da F1 como o fez este fim de semana, ao estabelecer o número máximo de pole positions numa época, batendo o antigo recorde de Nigel Mansell (1992) com 14 pole positions em 16 corridas e por mais precoce que seja a estabelecer alguns recordes, fica sempre a ideia que isso apenas acontece porque está no melhor carro. Já todos os outros pilotos que mencionei acima foram capazes de ser campeões e ganhar muitas vezes sem terem os melhores carros à disposição.

Mesmo este recorde de hoje estabelecido por Vettel acontece porque o campeonato tem 19 grandes prémios, pois nos 16 primeiros ele não conseguiu bater o recorde de Mansell - e como comprova a estatística  Mansell teve 88% de pole positions nessa época contra os 79% de Vettel este ano. Nesse aspecto, parece-me mais importante um outro recorde que Vettel marcou este ano: partiu 18 vezes, em 19 possíveis, da primeira linha, demonstrativo do seu poderio este ano. Mas, lá está, ainda falta outro "bocadinho assim" para igualar Senna (1989) ou Prost (1993) ou até Damon Hill (1996) de forma a fazer uma época completa sem falhar a primeira linha...

Depois de Schumacher, a magia ainda não voltou à F1. E não me parece que seja Vettel a trazer isso, ainda...

2011/11/26

José Gurvich

Graças à recente incursão uruguaia da Sara, fiquei a conhecer um pintor que desconhecia e que fiquei a apreciar bastante.

Fragmento de "Homenagem ao Kibut"
José Gurvich, assim se chama, é uruguaio mas nascido na Lituânia (fiquei também a saber que lá no Uruguai há uma enorme comunidade de descendentes dos países bálticos) e foi um artista plástico e pintor que esteve pela Europa vários anos a partir dos anos 50, passando ainda por Israel (o que influenciou muito o seu trabalho)  tendo ainda trabalhado com Gaudi na famosa Igreja da Sagrada Familia de Barcelona (fez os vitrais) e, pelo que pude aperceber-me, foi muito influênciado por artistas como Picasso ou Miró, tendo uma linguagem ainda próxima em certas obras daquela que a "nossa" Vieira da Silva.

"Januca"
A exposição actual, "Los Universos Judíos de José Gurvich", é muito interessante e apresenta obras de grande qualidade.

Vale a pena visitar, pelo menos virtualmente, no Museu Gurvich.

2011/11/23

Da Arquitectura Popular em Portugal

Capa do 1º dos meus 3 volumes da 3ª Edição,
da Arquitectura Popular Portuguesa, 1988
No meio de pesquisa de soluções para um caso "bicudo" que tenho em mãos, lembrei-me deste famoso livro que resultou do Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal e de procurar nas "raízes" profundas populares aquilo que não encontrava no esquisso.

E vai daí, sendo possuidor de um exemplar da 3ª edição de 1988 da ainda Associação de Arquitectos Portugueses, reparei ao abrir e folhear o livro que o mesmo está a fazer 50 anos da sua primeira edição e lembrei-me que ainda há dias houve um programa na TSF (programa "Encontros com o Património") sobre o assunto.

Vai daí, pesquisei sobre isto e encontrei muito e bom material sobre o assunto.

Desde logo, a reportagem que a TSF emitiu (com cerca de 40 minutos, com a presença do actual bastonário da OA, João Belo Rodeia, Manuel Graça Dias e Francisco da Silva Dias, do antropólogo João Leal e que pode ser ouvida aqui) é uma excelente peça e que me fez lembrar algumas das aulas que tive logo no primeiro ano do curso, pois o meu professor da principal cadeira (Projecto) foi um dos participantes deste trabalho, o Arq. Carlos Carvalho Dias - como dizem na reportagem, foi um dos "esgalhantes" da zona de Trás-os-Montes e que tantas vezes nos falou sobre esta obra.
Edição de 2004
da Ordem dos Arquitectos
na Bertrand

Depois, no blogue "Do Porto e não só" uma extensa e bem documentada fotograficamente e incluindo uma reflexão profunda sobre o assunto e as suas consequências que vale a pena ler e ver.

Também no mais antigo (e infelizmente descontinuado) blogue "O Projecto" o assunto foi abordado, mas neste apenas num contexto mais limitado e reflexivo a partir das introduções/prefácios das 1ª e 2ª edições do livro.

Encontrei ainda na Bertrand à venda (quer dizer, não está à venda porque diz estar esgotado/indisponível) por 106,00€ uma edição mais recente, de 2004, já pela Ordem dos Arquitectos, do que penso ser a última vez que esta obra foi impressa.

A 1ª edição do livro de 1961
na Livraria Manuel Santos
Por último, e como curiosidade, encontrei num famoso alfarrabista do Porto, a Livraria Manuel Santos (artigo n.º 5132) à venda uma 1ª edição de 1961 (editada pelo então Sindicato Nacional dos Arquitectos) por uns "módicos" 175,00€.

Resta-me dizer que aguardo impaciente que a Ordem dos Arquitectos coloque on-line a extensa documentação que tem em mãos, um enorme espólio fotográfico, desenhado e de textos/anotações que os participantes deixaram e que nunca foi publicado - segundo nos dizem na reportagem da TSF, a grande maioria da documentação não foi editada e com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian poderá ver agora, finalmente, a luz do dia.

A parte engraçada (ou não...) é que no final disto tudo, o problema bicudo que tinha para resolver continua por lá com uns bicos bem pontiagudos! Vamos ao trabalho, ainda tenho muito para "esgalhar" - e que saudades que eu tinha desta expressão que tanto usávamos nos tempos universitários!

2011/11/20

Desódio


Ou sem ódio. Unhate, no original da original campanha da Benetton.

Há muitos anos que a empresa italiana não usava esta técnica de provocação para a sua publicidade (quem se esquece das campanhas com imagens de cadáveres ainda ensanguentados?) em que em vez de promover a roupa de per si, a empresa promove a marca através de publicidade controversa, que visa chocar a opinião pública e criar um evento que coloque a marca no centro das atenções e dos noticiários (de TV, rádio, escritos e agora electrónicos) de forma a aumentar o reconhecimento e exposição da mesma - obtendo o retorno respectivo por essa via.

Não é um conceito fácil de trabalhar, ou fácil de perceber.

Não sei se resulta, mas para a empresa insistir nele, provavelmente é porque os benefícios serão superiores aos prejuízos.

E é curioso como uma campanha denominada UNHATE (sem ódio ou desódio numa tradução mais "à letra") levanta tanta ódio e tanta polémica.

O beijo original:
os comunistas Brejnev (URSS) e Honecker (RDA)

Um acto tão simples e quotidiano como um beijo, por natureza um acto de amor, inspirado no famoso beijo de Brejnev a Honecker em 1979, ter colocado vários líderes mundiais da actualidade a beijarem-se de igual forma tem dado muita, muita polémica.

No fundo, que tem isto a ver com roupa?

A resposta, é simples.

Não tem a ver com a roupa, tem a ver com a imagem da marca: polémica, inconformada, politicamente incorrecta, diferente, original, preocupada socialmente. E a imagem da marca define a imagem das pessoas que lá compram, que se reconhecem nessa imagem.

E entretanto, tem tido tempo de antena prime-time em todo o mundo, com telejornais, jornais e revistas a falarem desta campanha. E também blogues, como este - que não fica indiferente à questão.

Pessoalmente, não me choca a campanha. Pessoalmente, não é por ela que vou comprar roupa da marca Benetton - ou não vou. Não sou susceptível a propaganda ao ponto disso - compro o que gosto e acho confortável. Mas também percebo a onda de choque que tem provocado em todo o mundo, em particular uma foto que não está disponível no site da campanha, que é o beijo entre duas entidades religiosas - o Papa e o Imã do Egipto. Apenas espero que a campanha faça, pelo menos, os líderes retratados reflectirem sobre a forma como conduzem políticas. Porque a forma como são aqui retratados e as reacções que produzem reflectem o que as pessoas, os cidadãos, pensam sobre eles e a forma como conduzem os seus países e o mundo...

2011/11/17

Exportar arquitectura?

Fotografia Público
No Ípsilon do passado dia 10, surgiu uma noticia mais sobre arquitectura - como muitas vezes, o Público é dos jornais que mais atenção dá à matéria, juntamente com o DN e o Expresso.

A noticia da Alexandra Prado Coelho é sobre uma exposição em Lisboa ("as usual") no Museu da Electricidade que foi montada por 6 gabinetes de arquitectos portugueses e que andou já a correr mundo. Às expensas destes.

E daí que a noticia começa, rapidamente e ainda bem, a derivar da própria exposição para as opiniões dos arquitectos/as envolvidos sobre a promoção da arquitectura portuguesa no estrangeiro.

Pergunta-se então qual o papel do Estado na divulgação da arquitectura portuguesa/made in Portugal?

E a conclusão é simples: generalizando, não tem papel, passa ao lado do assunto.

O Estado não assume a arquitectura como uma indústria mais a exportar, os arquitectos têm de se promover por eles próprios, quer através dos concursos que amiúde vão ganhando no estrangeiro, quer através de organização/participação de exposições no estrangeiro.

A questão é simples. Com uma despesa mínima, o Estado pode promover a arquitectura portuguesa no estrangeiro, desde que assuma, através do AICEP e da rede de embaixadas, que essa industria tem de ser promovida. Como? Por exemplo, apoiando a organização de exposições itinerantes na embaixadas portuguesas, trabalhando a comunicação / marketing das exposições na imprensa desse país. Apoiando a participação de arquitectos portugueses em actividades no estrangeiro, promovendo Workshops/Feiras de arquitectura (e porque não de engenharia também) na rede de embaixadas, dando a conhecer o trabalho, obra e conhecimentos dos arquitectos portugueses. Preferindo, sempre que possível (porque nem sempre é, devido à legislação comunitária), os arquitectos portugueses aos estrangeiros.

Era importante o Estado olhar com atenção para esta matéria. Como disse o presidente da Ordem dos Arquitectos há uns dias, cerca de 40% dos arquitectos não tem trabalho em Portugal. Assim, em vez de exportar arquitectos, seria bem melhor exportar arquitectura... E há um largo papel que a diplomacia portuguesa pode desenvolver de forma a ajudar esta classe profissional. Só é preciso boa vontade, muito mais que dinheiro.

2011/11/16

Uma mão cheia + um, e não é chinês

Imagem Público
Foi uma noite de festa, felizmente.

E bem que o país precisava de uma festa para variar! E viu-se o povo no final a festejar de tal forma que até parecia que tinhamos ganho o Europeu2012 em vez de termos conseguido apenas a qualificação para a competição.

Não pude ver o jogo, devido aos trabalhos para o mestrado, mas enquanto estávamos à volta de Marketing tinhamos uma orelha e um olho no ecrã da TV - e muitas vezes tivemos de nos levantar para ver os acontecimentos do jogo...

Foi, sem dúvida, merecido, apesar de sofrido. O momento do jogo foi, claramente, a expulsão do bósnio após o golo do Ronaldo, que veio desiquilibrar tacticamente e mentalmente a equipa adversária.

Agora, cabe a Paulo Bento encontrar mais alguns jogadores que encaixem na "equipa" para ter um "plantel" de uns 15 a 18 jogadores aptos a entrar na equipa - com excepção da Argentina em 1986, não me lembro de selecções ganharem competições com um plantel reduzido de 11/12 jogadores. Se não conseguir, o resultado será uma visita rápida à Polónia/Ucrânia em 2012...

Mais uma vez, um árbitro muito fraco foi escolhido para um jogo de Portugal - por mais que subamos nos rankings de clubes e selecções, Portugal nesse aspecto está sempre condenado a entrar a perder, não é respeitado pelas grandes entidades que gerem o futebol. Talvez Fernando Gomes, um dirigente com outra qualificação e mentalidade possa começar a trabalhar essa vertente para que no futuro, pelo menos, possamos jogar em condições de igualdade contra as selecções grandes e do centro da Europa, bem como contra clubes dos 4/5 países maiores da Europa (Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha, França).

Agora, em Junho o país o parará, como habitualmente, mas até lá, a crise continua...

2011/11/15

Tira-teimas

Hoje é o tira-teimas da Selecção de Portugal, contra a congénere da Bósnia, depois do nulo da passada sexta-feira.

Portugal, que não falha nenhuma fase final de uma competição europeia ou mundial desde 1998 (o Mundial de França) tem tido crescente dificuldades a cada nova qualificação em atingir este objectivo. Se com Scolari já foi no último jogo que nos qualificamos em 2008 para o Europeu, com Queiroz já fomos ao paly-off contra esta mesma Bósnia há dois anos e desta vez voltamos a não conseguir o apuramento directo.

E é fácil de perceber a razão disto.

Os jogadores de grande craveira que têm terminado a carreira não têm sido substituidos por outros de igual quilate. Baía nunca teve um substituto à altura em rendimento constante. Costinha não teve nenhum secretário para o substituir no seu ministério. Maniche não teve ninguém que transportasse a bola e atacasse como ele. Deco, um mágico, que substituiu outro, não tem ninguém atrás para tomar o seu lugar. Pauleta, apesar de nunca ter resolvido nos jogos contra grandes selecções, marcava sempre e muito nos pequenos jogos - e como era importante termos resolvidos os pequenos jogos para nos termos qualificado directamente para o Europeu... - e Postiga e Hugo Almeida estão muito longe de assegurar a boa finalização das jogadas criadas pelos (bons) alas que temos.

O futuro, diga-se, é inquietante. Não se antevê, apesar da recente boa prestação dos sub-20, jogadores de grande craveira que venham colmatar problemas crónicos da nossa Selecção. E por isso, mesmo que hoje a qualificação seja conquistada, não sei se a nossa presença em Junho não irá ser uma transição para um abismo maior num futuro próximo.

Por isso, mais importante que o jogo de hoje, são os jogos do futuro. É formar jovens, proteger jovens e permitir, nem que seja por obrigação, que estes tenham lugar nos nossos clubes e nas futuras selecções. Porque o que está em causa é a dificuldade deste (e dos futuros) seleccionadores em conseguir ter jogadores à disposição para formar Selecções competitivas e à altura dos pergaminhos que conquistamos nos últimos 15 anos.

2011/11/11

Os pastos da Bósnia

Parece que hoje, lá num pasto ermo da Bósnia, a UEFA vai patrocinar um jogo de futebol de alta competição, onde participam o melhor marcador do campeonato espanhol e do campeonato inglês, além de alguns dos melhores jogadores do mundo.

É um estádio sem condições para o público, para a comunicação social e para os jogadores. Está bem para pastar ovelhas, para um jogo destes, nem pensar.

A dualidade de critérios da UEFA para os países e estádios é gritante. A Portugal é constantemente exigido elevados padrões no que toca às condições dos nossos recintos desportivos. Amiúde, os estádios dos clubes pequenos não servem para poderem realizar jogos europeus - de selecções ou das provas de clubes como a Liga Europa - e o novo (de 2010) estádio Aviva em Dublin, onde vi a final da Liga Europa em Maio passado, não se compara com qualquer um dos nossos estádios do Euro2004 no que toca a acessos exteriores ao estádio, espaços de circulação dentro do estádio ou dimensão das casas de banho, sendo que eu diria até que este estádio, em Portugal, teria muitas dificuldades em obter licença de utilização por parte das autoridades competentes, nomeadamente os bombeiros e direcção geral de espectáculos...

Isto já para não falar das condições de trabalho dos jornalistas ou de golpes "baixos" como nas imediações do hotel haver ruído que perturbe o descanso, apontar lasers e focos de luz a jogadores, pressão e intimidação física, entre tantas outras práticas que nada têm a ver com o jogo. Alguém disse uma vez que o rugby é um jogo de hooligans jogado por cavalheiros, enquanto o irmão mais novo futebol é um jogo de cavalheiros jogado por hooligans. Eu aditava agora que é também gerido por hooligans e com espectadores hooligans!

E mais logo, pelas 19h por cá, cuidado com as ovelhas naquele pasto onde se vai dar uns pontapés na bola...

11.11.11

Tantos uns numa data só daqui a 100 anos. Aliás, então, serão ainda mais: serão 7, 11.11.111 ou 111.11.11.

A estes números associam-se sempre acontecimentos proféticos, o fim do mundo e outras coisas que tais. E a não ser que me saia o Euromilhões, para mim será apenas mais um dia como os outros. Trabalho, aulas...

2011/11/06

Setop!

Não sei o que está melhor se o S ao contrário e rebuscado, se o E a mais...

2011/11/03

Q: 20 anos de Achtung Baby

Esta revista (e o respectivo CD) já cá cantam.

Quer dizer, ainda não, porque só chegam pelo Natal via "cunhadinha" que me fez o favor de a comprar lá pelo Reino Unido.

Mas em todo o caso, este é um caso de "must have" na colecção dos U2.

Um álbum comemorativo dos 20 anos do fantástico álbum "Achtung Baby" onde vários grupos interpretam as músicas desse álbum.

O próprio Bono diz que "algumas das versões são melhores" que aquelas que os U2 criaram... O que só por si já diz muito. O set completo do CD é o seguinte:

  1. Nine Inch Nails - Zoo Station
  2. U2 - Even Better Than The Real Thing (Jacques Lu Cont Mix)
  3. Damien Rice - One
  4. Patti Smith - Until The End Of The World
  5. Garbage - Who's Gonna Ride Your Wild Horses
  6. Depeche Mode - So Cruel
  7. Snow Patrol - Mysterious Ways
  8. The Fray - Trying To Throw Your Arms Around The World
  9. Gavin Friday - The Fly
  10. The Killers - Ultraviolet (Light My Way)
  11. Glasvegas - Acrobat
  12. Jack White - Love Is Blindness
Quem quiser pode ainda comprar a revista pela internet, acedendo aqui.