2013/02/12

Um momento histórico na Igreja

Antes de mais, declaração de interesses: não sou católico na verdadeira acepção da palavra, mas serei católico.

Acredito na existência de um Deus, de uma entidade superior aos humanos e à vida. Mas não bem no Deus dos católicos tradicionais (ou de qualquer outra religião) e menos ainda no Deus que é interpretado pelos responsáveis das várias igrejas a partir dos seculares escritos que nos foram legados. Já aqui o disse uma vez: apesar de ser um católico não praticante e pouco dado a cerimoniais de grupo - entendo a religião de uma forma muito mais intima e pessoal, próxima da contemplação e do recolhimento do que de cerimoniais de grupo e pré-determinados.

Mas sou produto de uma sociedade e famílias católicas, pelo que reconheço a importância desta religião naquilo que eu sou.

Mas em relação à renuncia que ontem o Papa Bento XVI proferiu e que espantou meio mundo, tenho para mim que foi um momento histórico que vivemos e assistimos.

Para já, porque foram muito poucos que o tenham feito antes - o chefe de Estado do Vaticano é-o por escolha divina, assim o dizem, e para toda a vida, sendo que apenas 2 o fizeram voluntária e comprovadamente antes dele e poucos mais que meia dúzia terão feito por pressão ou não havendo provas disso. Tanto assim é que o último Papa que resignou foi Gregório XII em 1416! Ou seja, há 597 anos atrás, era D. João I o nosso rei, no inicio ainda da 2ª Dinastia e antes ainda do período dos descobrimentos portugueses iniciados em 1418 pela Madeira...

Depois, porque após as fortes criticas feitas ao antecessor João Paulo II por se deixar arrastar na doença e fraqueza que o atingia até à sua morte nas funções sumo-pontifícias, o lado mais racionalista, mais "alemão" se preferirem, que era reconhecido a Bento XVI levou-o a abdicar do alto cargo desempenhado por já lhe "faltarem as forças", numa demonstração de desapego ao poder que é raro ver em quem o tem nas suas mãos - e o irónico, e hipócrita até, é que há 8 anos atrás muitos criticavam João Paulo II por não o fazer e hoje criticam Bento XVI por o ter feito...

Mas também foi histórico o dia porque, em reacção à renuncia de Bento XVI, o decano dos cardeais responde na cerimónia dizendo que as suas palavras e atitude eram "um trovão num céu sereno" e, coincidentemente (ou não, ainda estará por provar a realidade do dia e da foto) um fotografo dispara uma fantástica foto (se real...) de um raio a atingir a cúpula de S. Pedro, onde está o trono do sucessor de Pedro que é ainda Bento XVI e que profeticamente havia sido descrito horas antes. E depois ainda dizem que não um Deus?

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