Com algum atraso, cá vai um breve comentário sobre os temas a que se vai dedicar este congresso.
A ARQUITECTURA COMO RECURSO
A ideia de conceber a disciplina Arquitectura como um recurso parece-me interessante. Aliás, julgo mesmo que se poderá dizer que é um recurso fundamental na área da construção civil, mas que não é valorizado de forma equitativa a outros recursos. Senão, a média de cerca de 7% de despesas com projectos, por vezes inferior ao que se gasta em taxas e licenciamentos, provam-no!
O grosso do orçamento é com a construção; apenas uma pequena parte serve para compensar os projectistas (e destes 7% não é tudo para os arquitectos, pois também aqui estão projectistas engenheiros...).
É por isso fundamental valorizar este recurso, em especial num mercado cada vez mais aberto, técnico e cheio de específicidades.
É também fundamental fazer valer o peso deste recurso junto do poder decisório, i.e., político! Porque só assim será possível exigir dele o estabelecimento de uma estratégia nacional para a arquitectura, património, urbanismo e ordenamento do território.
É preciso que o poder político perceba que este recurso tem sido desbaratado e muitas vezes apenas utilizado como forma de defender decisões políticas que os políticos não querem assumir, usando do prestígio dos arquitectos junto da comunidade para tal.
O que traz à colação o problema de quem deve o arquitecto servir: o requerente, o licenciador, a própria arquitectura, a comunidade onde se insere? Porque por vezes há uma total incompatibilidade entre todos estes interesses e é o arquitecto que se vê com o problema nas mãos e tem de lhe dar uma resposta que agrade a todas as partes, sob pena de não o fazendo não conseguir completar a obra!
Por último, julgo que será ainda intenção do congresso falar nesta parte sobre questões de autoria (nomeadamente na função pública mas também se poderá falar da problemática dos gabinetes) e da autonomia dos arquitectos quando ao serviço de outros (seja função pública, sejam privados). Porque como profissionais liberais não estamos sujeitos a nenhum ditame, mas como profissionais do quadro ao serviço de políticos ou outros arquitectos, poderão surgir situações de conflito que poderão ser minoradas se houver uma maior clarificação quanto a estes aspectos.
No próximo post: Os Temas II (A Arquitectura Como Conhecimento)
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