2007/07/01

Linha de Rumo: Angola (V)

O Emprego

Para falar, do que me é possível faze-lo, sobre aquilo que me traz aqui a Angola – a mim e a mais uns largos milhares de portugueses, ou não estivessem inscritos só aqui no Consulado Geral de Portugal em Benguela mais de 10 mil portugueses…

Em primeiro lugar, de facto este país é uma mina de oportunidades. O período de paz que se iniciou em 2002 tem trazido muito investimento e criado imensas oportunidades de negócio não só em Luanda, como no resto do país.

Porque este é um país muito grande – cerca de 14 vezes maior que Portugal – e que neste momento precisa de tudo. Tudo, mesmo! Infra-estruturas rodoviárias, ferroviárias, aeroportuárias, marítimas. Edifícios de habitação e de serviços. Industrias. Armazéns. Hospitais e Centros de Saúde. Escolas e Universidades. Tudo está a ser reconstruído ou desenvolvido a partir do nada.

E os recursos que existem aqui dão alento a muitos que continuam a chegar todos os meses, semanas e dias na busca de um novo “eldorado”. Para além do petróleo que continua a aparecer e a ser explorado em grande quantidade, há minérios diversos, madeiras exóticas (ainda) e um clima fabuloso para a agricultura, com muita água. E capacidades turísticas impressionantes, não só da minha preferida praia mas também com paisagens fabulosas e possibilidade de “raids” e aventuras fora-de-estrada.

Acima de tudo, é um país que estando a ser reconstruído, precisa de muitos quadros, não só superiores mas também intermédios. Há falta de médicos e professores, engenheiros e arquitectos, de licenciados. Mas também de electricistas, mecânicos, carpinteiros, soldadores ou pedreiros, por exemplo. Foram muitos anos em que se destruiu, mais do que propriedades, o futuro das gerações. E agora procuram recuperar o tempo perdido com um crescimento económico de dois dígitos ao ano, alicerçado nas parcerias com chineses, brasileiros, sul-africanos, cubanos e, claro está, portugueses.

Primeiro, as maiores dificuldades.

A primeira dificuldade que temos é a obtenção do (ainda) necessário visto de trabalho. Ainda porque já é altura de ambos os governos encontrarem formas recíprocas de aliviarem este fardo de tantos cidadãos que pretendem trabalhar e ajudar o desenvolvimento de ambos os países. Por vezes chega a demorar mais de um ano, se bem que o normal seja um espaço de alguns meses, que deixa os trabalhadores no “limbo” do legal, cá e aí, mesmo que se apresentem todos os necessários e adequados documentos para um processo burocrático que não deveria levar mais que alguns dias a ser tratado.

A segunda dificuldade tem a ver com os ritmos de trabalho. Que são mais lentos e menos produtivos que na Europa, claramente, mas que do ponto de vista dos horários é maior – em grande parte das empresas é de cerca de 9 horas diárias e trabalha-se em muitos sítios ao sábado de manhã.

A terceira dificuldade tem a ver com a adaptação à realidade legislativa e social de Angola. A legislação de Angola, apesar de muito relacionada com a Portuguesa, dela bebendo ainda muitas coisas, tem adaptações e “idiossincrasias” próprias que tornam aos olhos dos europeus algumas coisas muito estranhas. E tem hoje muitas influências do Brasil também. E a sociedade, a forma como está organizada e desenvolvida, também nos é estranha em muitas situações. E é burocrática, no pior sentido do termo… É sempre preciso mais um carimbo, mais uma assinatura, mais uma foto… E os serviços são lentos por norma, demoram semanas ou meses para emitir documentos como bilhetes de identidade, cartas de condução, livretes, registos de propriedade, vistos…

Por fim, as coisas positivas.

Antes de mais, as condições de vida que normalmente aqui nos são oferecidas. Ao nível do melhor que cá se pode ter, a um nível muito elevado em relação a Portugal. Como já disse a muita gente, quem me dera ter em Portugal condições parecidas com as que tenho cá…

O clima, que convida a trabalhar também, dá-nos ânimo e boa disposição.

O ordenado, claro está, pois que isto de estar longe de casa, da família, da namorada e dos amigos tem de ser bem recompensado.

A alegria do povo angolano, que é por natureza um povo alegre e simpático, sempre com pronto para uma festa, uma kizomba, para cantar e dançar todo o dia e toda a noite também – basta dizer que os casamentos aqui são normalmente à sexta para durarem até domingo…

As muitas oportunidades de negócio que a economia angolana num crescimento de dois dígitos anuais está a trazer a todos os sectores profissionais, o que torna recompensante e, segundo me dizem alguns empresários já cá estabelecidos, rapidamente permite recuperar investimentos efectuados, são também um motivo para se gostar de trabalhar aqui.

3 comentários:

Maria Amorim disse...

Continuo muito interessada a ler os seus posts!

É bom saber novas fresquinhas dessa terra!
Bem haja!

Quando eu aí vivia havia de tudo mas... 30 anos de guerra...trazem muitos problemas a um país!...

Saudações Lobitangas!

Espero ver umas fotos recentes!ih!ih!

Bernardete

Maria Amorim disse...

Nuno

As informações que vai dando neste seu "Linha de Rumo" são muito importantes para muita gente. Eu não tenciono ir trabalhar para aí mas há com certeza muita gente interessada.
... e é sempre bom saber novas do "meu" Lobito! ih!ih!

Fico à espera de mais!ih!ih!

Saudações Lobitangas!

Bem haja!

Bernardete

Anónimo disse...

bom dia

Estive a ver ler o teu blog coisa que não percebo muito mas interessou-me o
artigo sobre o emprego, visto estares ai perguntava-te se conheces por esses
lados algumas oportunidades de emprego/trabalho para arquitectos.

Agradecido