Enquanto uma parte do país se entretém com a pseudo-licenciatura do Relvas, durante dois dias os senhores doutores (julgo que devidamente licenciados...) resolveram meter férias e não trabalhar.
A greve anunciada há muito poderia ser legítima e credível. Mas não foi. E não foi porque uns dias antes não quiseram reunir e discutir com o ministro que, em vão, por eles esperou para negociar. E anunciou a abertura para o fazer mesmo depois da greve. E durante a própria greve, ainda esta não havia terminado, já se sabia que hoje se iriam reunir as partes num espírito de diálogo e de previsão de bom entendimento em breve.
Por isso, pergunto-me outra vez: se as partes queriam e iam negociar, por que foi feita a greve que, ao fim e ao cabo, apenas prejudicou os utentes dos serviços de saúde que viram consultas e operações anuladas e adiadas, que os obrigou a deslocarem-se até às unidades de saúde deixando de trabalhar e tantas vezes gastando imenso dinheiro com essa deslocação. Apenas estes foram prejudicados.
Esta imbecilidade de greve de dois dias não fez sentido e mostrou, apenas, que por detrás desta intenção estarão muito mais razões político-partidárias e não corporativas.
Continuo a pensar, e mais reforçada ficou a minha ideia, que os médicos (como os juízes, por exemplo) são uma das corporações mais egoístas, alheadas da realidade e detentoras de poderes de influência da sociedade portuguesa - usando e abusando por isso da paciência de todos nós para manterem os super-privilégios que detêm e que muito nos prejudicam a todos nós, restantes cidadãos.
E entretanto, a principal preocupação dos telejornais tem a ver com a licenciatura de equivalências que Miguel Relvas obteve - é isto o jornalismo deste país. Se calhar, não só temos os políticos que merecemos como também teremos os jornalistas que merecemos ter...
Nota - Já agora, em relação a esta pseudo-licenciatura, o culpado não é Miguel Relvas que apenas tirou partido de uma lei absurda - o problema é a lei que permite isto (aliás, semelhante à lei que permite que um semi-analfabeto que arranje alguém que lhe escreva um currículo com a história da vida obtenha o 12º ano, por exemplo) e as relações menos claras oriundas, "as usual", da maçonaria que levaram a esta situação. Mas realço ainda que não vi este "histerismo" com o semelhante caso de José Sócrates, sendo que Sócrates usou a sua pseudo-licenciatura de Engenharia para assinar projectos de arquitectura e engenharia e para ser um técnico-superior num município (coisa que se algum dia se comprovar a irregularidade que aparenta ter a sua licenciatura configura vários tipos de crime por si só) e a pseudo-licenciatura de Relvas para nada lhe serviu que não seja poder colocar o Dr. nos cartões de visitas e crédito...
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