Foi hoje de tarde e correu muito bem (digo eu, que sou suspeito por estar na organização e ter sido algo parecido a um moderador...) - pelas palavras que recebi no final, julgo que os participantes gostaram e deram como sugestão fazermos outro daqui a algum tempo, fora da época das Nicolinas.
Mais tarde desenvolverei mais esta actividade. Mas não agora, que o sono já comanda as minhas acções sobre as teclas do computador...
2003/11/30
2003/11/29
"A Arquitectura em Tempo de Viragem"
Este foi o título do texto publicado no Público esta semana pela Bastonária da Ordem dos Arquitectos (e também deputada), Helena Roseta.
Este texto aponta claramente diversos problemas que os arquitetos enfrentam hoje em dia. Sendo que o principal deles está ligado ao facto de cerca de 7000 arquitectos (do total de 11 mil existentes em Portugal) terem menos de 40 anos, percentagem ainda maior na Secção Regional Norte, onde 80% dos arquitectos têm menos de 40 anos!
E, tal como venho apontando há algum tempo, as condições legais que os arquitectos têm para exercer a sua profissão são hoje similares àquelas que dispunham quando nasci em 1972!
Os arquitectos são, e assumo claramente o que digo, o parente pobre da indústria da construção! Cada vez tenho mais a certeza que toda a gente ganha neste mercado: os promotores, os vendedores, os construtores, os engenheiros e os trabalhadores... Todos menos os arquitectos!
E se é verdade que há um Gehry que recebe milhões de Euros, ou um Taveira que embolsou alguns milhões com os estádios ou um Siza ou um Souto Moura ou outros que à custa do nome que souberam construir junto da imprensa podem hoje "vender" esse mesmo nome para "viabilizar" obras que à partida um promotor (público ou privado) não conseguiria fazer passar pelo crivo da apreciação técnica de um qualquer departamento camarário, o que é facto é que a grande maioria dos arquitectos nunca na vida irão conseguir ganhar tanto dinheiro quanto apenas uma obra de um dos nomes que acima citei... E para piorar a situação, como muito bem diz a Bastonária no texto que citei acima, o "que se vende (.../...) é uma arquitectura medíocre, que não pode deixar de afectar a qualidade de todo o tecido urbano. Ou então, acrescento eu [Helena Roseta], o nome de grandes arquitectos é usado para alavancar operações imobiliárias e tornear procedimentos legais. O resultado não favorece a cidadania." Aliás, o Miguel Sousa Tavares, neste texto também no Público, faz uma critica veemente a esta situação e com uma frase que considero excelente, por ser muito explicita e conseguir resumir muito bem a "coisa"; diz então Miguel Sousa Tavares: "Eu não quero, e duvido que algum lisboeta queira, o projecto, seja ele qual for, nem as torres do arquitecto Siza Vieira. Tenho muito respeito por ele, mas entendo que o respeito pela cidade e pelos que aqui vivem é mais importante do que o respeito pela obra dele. Não quero ser esmagado pelo seu génio, que todavia não serve às pessoas mas apenas a si mesmo (...)". Agora digo eu: por norma, estes grandes arquitectos perdem a noção da realidade e para impor os seus projectos acabam por "estourar" orçamentos (por exemplo, Casa da Música no Porto) ou abrir enormes polémicas com os cidadãos e utilizadores do espaço arquitectónico criado que é pensado em função do criador e não do utilizador.
É por isso que é importante que o Governo siga a recomendação da Assembleia da República e concretize a alteração do 73/73 de forma a que a Arquitectura seja apenas praticada pelos arquitectos. Para os (nos) responsabilizar. Para lhes (nos) dar mais e melhores condições de poderem (podermos) ter uma profissão que lhes (nos) permita viver com dignidade a trabalhar naquilo que escolheram (escolhemos) e em que se licenciaram (licenciamos). Como muito bem diz aqui o Lutz, no Quase em português: "Aconteceu-me há uns anos atrás que uma assistente social, cuja tarefa era apreciar candidaturas à bonificação de propinas do infantário, onde o meu filho andava, recusou a nossa por simplesmente não acreditar na declaração IRS nela incluida. Não conseguia acreditar, que uma pessoa com curso superior, profissional liberal e então não desempregada, não ganhava pelo menos o mesmo que ganha qualquer funcionário público com equivalente formação! Mas era mesmo verdade.". Infelizmente, esta descrição retrata muito bem a vida da grande maioria dos arquitectos com menos de 40 anos...
Enfim, espero que tudo isto seja abordado e debatido no Congresso da Ordem dos Arquitectos que está decorrer aqui em Guimarães. Apesar de querer participar, estive impedido de o fazer por razões profissionais que me prenderam, inadiavelmente, ao trabalho. Mas acredito que os meus colegas que lá se encontram saberão ver nestes problemas as causas para uma batalha por um futuro melhor.
Para a semana, se conseguir disponibilizar um pouco de tempo, pretendo falar no meu texto para a Linha de Rumo a publicar no Noticias de Guimarães, sobre áreas metropolitanas.
Não vou abordar o mapa que se está a desenhar aqui na região onde Guimarães está inserido. Porque já o fiz aqui e agora pretendo abordar é o projecto para a AM do Minho (ou antes, e deixando um lamiré, a falta dele...) e qual a razão de eu ter passado de um entusiasta defensor para um descrente da descentralização...
Este texto aponta claramente diversos problemas que os arquitetos enfrentam hoje em dia. Sendo que o principal deles está ligado ao facto de cerca de 7000 arquitectos (do total de 11 mil existentes em Portugal) terem menos de 40 anos, percentagem ainda maior na Secção Regional Norte, onde 80% dos arquitectos têm menos de 40 anos!
E, tal como venho apontando há algum tempo, as condições legais que os arquitectos têm para exercer a sua profissão são hoje similares àquelas que dispunham quando nasci em 1972!
Os arquitectos são, e assumo claramente o que digo, o parente pobre da indústria da construção! Cada vez tenho mais a certeza que toda a gente ganha neste mercado: os promotores, os vendedores, os construtores, os engenheiros e os trabalhadores... Todos menos os arquitectos!
E se é verdade que há um Gehry que recebe milhões de Euros, ou um Taveira que embolsou alguns milhões com os estádios ou um Siza ou um Souto Moura ou outros que à custa do nome que souberam construir junto da imprensa podem hoje "vender" esse mesmo nome para "viabilizar" obras que à partida um promotor (público ou privado) não conseguiria fazer passar pelo crivo da apreciação técnica de um qualquer departamento camarário, o que é facto é que a grande maioria dos arquitectos nunca na vida irão conseguir ganhar tanto dinheiro quanto apenas uma obra de um dos nomes que acima citei... E para piorar a situação, como muito bem diz a Bastonária no texto que citei acima, o "que se vende (.../...) é uma arquitectura medíocre, que não pode deixar de afectar a qualidade de todo o tecido urbano. Ou então, acrescento eu [Helena Roseta], o nome de grandes arquitectos é usado para alavancar operações imobiliárias e tornear procedimentos legais. O resultado não favorece a cidadania." Aliás, o Miguel Sousa Tavares, neste texto também no Público, faz uma critica veemente a esta situação e com uma frase que considero excelente, por ser muito explicita e conseguir resumir muito bem a "coisa"; diz então Miguel Sousa Tavares: "Eu não quero, e duvido que algum lisboeta queira, o projecto, seja ele qual for, nem as torres do arquitecto Siza Vieira. Tenho muito respeito por ele, mas entendo que o respeito pela cidade e pelos que aqui vivem é mais importante do que o respeito pela obra dele. Não quero ser esmagado pelo seu génio, que todavia não serve às pessoas mas apenas a si mesmo (...)". Agora digo eu: por norma, estes grandes arquitectos perdem a noção da realidade e para impor os seus projectos acabam por "estourar" orçamentos (por exemplo, Casa da Música no Porto) ou abrir enormes polémicas com os cidadãos e utilizadores do espaço arquitectónico criado que é pensado em função do criador e não do utilizador.
É por isso que é importante que o Governo siga a recomendação da Assembleia da República e concretize a alteração do 73/73 de forma a que a Arquitectura seja apenas praticada pelos arquitectos. Para os (nos) responsabilizar. Para lhes (nos) dar mais e melhores condições de poderem (podermos) ter uma profissão que lhes (nos) permita viver com dignidade a trabalhar naquilo que escolheram (escolhemos) e em que se licenciaram (licenciamos). Como muito bem diz aqui o Lutz, no Quase em português: "Aconteceu-me há uns anos atrás que uma assistente social, cuja tarefa era apreciar candidaturas à bonificação de propinas do infantário, onde o meu filho andava, recusou a nossa por simplesmente não acreditar na declaração IRS nela incluida. Não conseguia acreditar, que uma pessoa com curso superior, profissional liberal e então não desempregada, não ganhava pelo menos o mesmo que ganha qualquer funcionário público com equivalente formação! Mas era mesmo verdade.". Infelizmente, esta descrição retrata muito bem a vida da grande maioria dos arquitectos com menos de 40 anos...
Enfim, espero que tudo isto seja abordado e debatido no Congresso da Ordem dos Arquitectos que está decorrer aqui em Guimarães. Apesar de querer participar, estive impedido de o fazer por razões profissionais que me prenderam, inadiavelmente, ao trabalho. Mas acredito que os meus colegas que lá se encontram saberão ver nestes problemas as causas para uma batalha por um futuro melhor.
Para a semana, se conseguir disponibilizar um pouco de tempo, pretendo falar no meu texto para a Linha de Rumo a publicar no Noticias de Guimarães, sobre áreas metropolitanas.
Não vou abordar o mapa que se está a desenhar aqui na região onde Guimarães está inserido. Porque já o fiz aqui e agora pretendo abordar é o projecto para a AM do Minho (ou antes, e deixando um lamiré, a falta dele...) e qual a razão de eu ter passado de um entusiasta defensor para um descrente da descentralização...
2003/11/27
ForumCafé "Nicolinas"
É já no próximo sábado, dia 29 de Novembro, pelas 15H00, que se vai realizar, género tertúlia, um encontro informal no Café Óscar, aqui em Guimarães, onde se vai abordar a temática das festas mais tradicionais de Guimarães, as Nicolinas.
A iniciativa é promovida pelo Forum Vimaranis, uma associação que ajudei a nascer e que ainda está a dar os primeiros passos, lentos mas seguros para se constituir como uma promotora do desenvolvimento de Guimarães. Noutra altura falarei mais a fundo sobre ela.
Para já fica o convite para irem até lá... Vai valer a pena tomar um café por lá e falar (ou ouvir falar) sobre as Nicolinas.
A iniciativa é promovida pelo Forum Vimaranis, uma associação que ajudei a nascer e que ainda está a dar os primeiros passos, lentos mas seguros para se constituir como uma promotora do desenvolvimento de Guimarães. Noutra altura falarei mais a fundo sobre ela.
Para já fica o convite para irem até lá... Vai valer a pena tomar um café por lá e falar (ou ouvir falar) sobre as Nicolinas.
2003/11/21
Linha de Rumo n.º 54
Foi publicado esta semana o último artigo da Linha de Rumo, o n.º 54, que pode ser consultado aqui.
Resposta ao desafio do Picuinhas
Fui desafiado pelo colega Manuel Menezes de Sequeira a entrar numa discussão sobre a revogação do DL 73/73 que estabelece as competências dos projectos, isto é, que diz quem pode assinar, ser autor, de um projecto de arquitectura. O colega “picuinhas” defende a não revogação. Alega que por decreto não se faz nada. Pois bem, parece-me que este desafio do Picuinhas está prenhe de contradições e de coisas sem sentido.
Não me vou alongar muito por falta de tempo para isso e por ter lido já outras respostas bem estruturadas ao mesmo.
Apenas quero deixar alguns dos meus pontos de vista sobre o assunto.
Assim, comecemos:
1. Antes de mais julgo que tal vai de encontro à legislação Europeia – mais não é do que a transposição para a legislação portuguesa de uma normativa Europeia que impõe que a arquitectura seja feita por arquitectos, pois estes são os únicos que receberam formação – boa ou má, isso é outra discussão – para realizar este serviço. Ninguém de bom senso vai a uma lavandaria pedir para lhe enviarem um canalizador a casa para consertar a máquina da roupa! Mas é isso que acontece em Portugal, onde as pessoas vão às câmaras dizer que querem fazer uma casa e saem de lá com o contacto do porteiro que faz uns desenhos e que lhe trata do assunto...
2. A revogação do DL não tem, quanto a mim, qualquer relação com uma obrigação a se fazer arquitectura por decreto. Antes restituí um direito que era consagrado aos arquitectos e que por causas diversas foi revogado “temporariamente” em 1973 e que se mantém em vigor ainda hoje, 30 anos depois! É apenas o repor da justiça e da legalidade, já que as causas que motivaram a criação do 73/73 há muito que foram ultrapassadas.
3. É evidente que não é apenas este gesto – revogar o 73/73 – que vai transformar a arquitectura em boa arquitectura e numa profissão com futuro, dignificada. Mas este é um passo fundamental para isso. Julgo que a par com a criação da Ordem dos Arquitectos e com a “massificação” dos arquitectos em todo o país, estes são os princípios fundamentais para que a arquitectura seja, por um lado, uma profissão com futuro e por outro lado irá permitir a selecção natural dos arquitectos por parte do mercado. Coisa que actualmente não acontece visto que há agentes técnicos, técnicos de engenharia (vulgo engenheiros técnicos) e engenheiros civis que projectam e assinam como qualquer arquitecto, pelo que este mercado é distorcido: não é disputado por cerca de 10 mil arquitectos mas sim por cerca de uns 100 mil profissionais (ou mais, não deve haver forma de contabilizar...) que vão desde o engenheiro de minas até aos porteiros das câmaras!
4. A qualidade da arquitectura praticada tem a ver com a formação que o arquitecto teve, mas também tem a ver com a mentalidade do promotor imobiliário e do dono da obra. É que por muita e de qualidade formação que o arquitecto tenha, quando o promotor é o chamado “bronco” que só vê notas à frente e quer é valorizar economicamente o seu empreendimento, não há arquitecto que salve a situação... E quando é o dono de obra remediado, do crédito bancário a 40 anos, lá se vai a “arquitectura de revista” que não é compatível, na maioria das vezes, com o exíguo espaço disponível para desenvolver o programa pedido, sabendo que muitas vezes até a própria construção é erguida pelo próprio dono da obra ao fim de semana com os amigos e familiares...
5. Portanto, em jeito de conclusão, o que posso dizer sobre ser arquitecto e ser contra a revogação do DL 73/73? Que é uma enormidade, uma barbaridade. Porque enquanto tal não acontecer de facto o futuro dos arquitectos é negro e da arquitectura e urbanismo é pior do que isso – e não me venham com a defesa de quem está a trabalhar no mercado há muitos anos e que vai ser prejudicado porque não é arquitecto! É que se está há muitos anos no mercado e ainda não é arquitecto, já o podia ser – conheço alguns que conseguiram tirar o curso, com sacrifícios enormes mas que graças a isso estão agora em boa situação. E não é por falta de arquitectos que não trabalham – afinal, sabemos que no mercado existem muitos colegas desempregados ou a trabalhar em profissões “paralelas” como decoração, vendedores de imóveis, etc – por falta de serviço compatível. E assim um gabinete de um agente técnico ou de um engenheiro civil pode ter um (ou mais) arquitectos na equipa, entrando na “legalidade”!
6. Portanto, não há qualquer justificação possível para contrariar a revogação do DL 73/73. Que já devia ter acontecido há muito! E nem devia ser objecto de discussão entre os arquitectos... de tão evidente, justa e necessária que é a sua premência em ser executada!
E por aqui e por agora me fico, reservando-me o direito de intervir novamente se tiver tempo e achar que tal é importante e necessário.
Não me vou alongar muito por falta de tempo para isso e por ter lido já outras respostas bem estruturadas ao mesmo.
Apenas quero deixar alguns dos meus pontos de vista sobre o assunto.
Assim, comecemos:
1. Antes de mais julgo que tal vai de encontro à legislação Europeia – mais não é do que a transposição para a legislação portuguesa de uma normativa Europeia que impõe que a arquitectura seja feita por arquitectos, pois estes são os únicos que receberam formação – boa ou má, isso é outra discussão – para realizar este serviço. Ninguém de bom senso vai a uma lavandaria pedir para lhe enviarem um canalizador a casa para consertar a máquina da roupa! Mas é isso que acontece em Portugal, onde as pessoas vão às câmaras dizer que querem fazer uma casa e saem de lá com o contacto do porteiro que faz uns desenhos e que lhe trata do assunto...
2. A revogação do DL não tem, quanto a mim, qualquer relação com uma obrigação a se fazer arquitectura por decreto. Antes restituí um direito que era consagrado aos arquitectos e que por causas diversas foi revogado “temporariamente” em 1973 e que se mantém em vigor ainda hoje, 30 anos depois! É apenas o repor da justiça e da legalidade, já que as causas que motivaram a criação do 73/73 há muito que foram ultrapassadas.
3. É evidente que não é apenas este gesto – revogar o 73/73 – que vai transformar a arquitectura em boa arquitectura e numa profissão com futuro, dignificada. Mas este é um passo fundamental para isso. Julgo que a par com a criação da Ordem dos Arquitectos e com a “massificação” dos arquitectos em todo o país, estes são os princípios fundamentais para que a arquitectura seja, por um lado, uma profissão com futuro e por outro lado irá permitir a selecção natural dos arquitectos por parte do mercado. Coisa que actualmente não acontece visto que há agentes técnicos, técnicos de engenharia (vulgo engenheiros técnicos) e engenheiros civis que projectam e assinam como qualquer arquitecto, pelo que este mercado é distorcido: não é disputado por cerca de 10 mil arquitectos mas sim por cerca de uns 100 mil profissionais (ou mais, não deve haver forma de contabilizar...) que vão desde o engenheiro de minas até aos porteiros das câmaras!
4. A qualidade da arquitectura praticada tem a ver com a formação que o arquitecto teve, mas também tem a ver com a mentalidade do promotor imobiliário e do dono da obra. É que por muita e de qualidade formação que o arquitecto tenha, quando o promotor é o chamado “bronco” que só vê notas à frente e quer é valorizar economicamente o seu empreendimento, não há arquitecto que salve a situação... E quando é o dono de obra remediado, do crédito bancário a 40 anos, lá se vai a “arquitectura de revista” que não é compatível, na maioria das vezes, com o exíguo espaço disponível para desenvolver o programa pedido, sabendo que muitas vezes até a própria construção é erguida pelo próprio dono da obra ao fim de semana com os amigos e familiares...
5. Portanto, em jeito de conclusão, o que posso dizer sobre ser arquitecto e ser contra a revogação do DL 73/73? Que é uma enormidade, uma barbaridade. Porque enquanto tal não acontecer de facto o futuro dos arquitectos é negro e da arquitectura e urbanismo é pior do que isso – e não me venham com a defesa de quem está a trabalhar no mercado há muitos anos e que vai ser prejudicado porque não é arquitecto! É que se está há muitos anos no mercado e ainda não é arquitecto, já o podia ser – conheço alguns que conseguiram tirar o curso, com sacrifícios enormes mas que graças a isso estão agora em boa situação. E não é por falta de arquitectos que não trabalham – afinal, sabemos que no mercado existem muitos colegas desempregados ou a trabalhar em profissões “paralelas” como decoração, vendedores de imóveis, etc – por falta de serviço compatível. E assim um gabinete de um agente técnico ou de um engenheiro civil pode ter um (ou mais) arquitectos na equipa, entrando na “legalidade”!
6. Portanto, não há qualquer justificação possível para contrariar a revogação do DL 73/73. Que já devia ter acontecido há muito! E nem devia ser objecto de discussão entre os arquitectos... de tão evidente, justa e necessária que é a sua premência em ser executada!
E por aqui e por agora me fico, reservando-me o direito de intervir novamente se tiver tempo e achar que tal é importante e necessário.
2003/11/18
O estacionamento do Estádio D. Afonso Henriques (Guimarães)
Pois é, conforme prometido, cá vou eu falar sobre o parque de estacionamento construído no estádio.
Sábado, 18H00.
A cidade estava encravada de transito, chovia bastante, não havia um lugar para estacionar o automóvel perto do estádio e o jogo quase a começar. Lembrei-me que o estádio agora tinha estacionamento. Fui para lá. Entrei, rapidamente encontei um lugar para estacionar no piso por onde entrei e perto da saída (julgava eu...) pelo que todo contente, lá ,e dirigi para o meu lugar na bancada.
Sábado, 20H45.
Terminado o jogo e após encontrar um conhecido na saída, com quem estive a falar um pouco, dirigi-me para o parque. Primeiro baque: uma enorme fila na caixa para pagamento que me disseram ser única! Afinal, depois de 5 minutos à espera, descubro, quando vou para o meu carro, que afinal havia mais máquinas, mas mal sinalizadas...
Sábado, 20H55.
Dentro do carro, saído do local onde estacionei, tenho uma enorme fila de viaturas à minha frente para sairem também. Não percebo porque não andam. Afinal, na rua (visivel do interior do parque) o transito parece fluir bem, apesar de compacto. Quando finalmente começo a andar, percebo que apesar de estar ao nível da rua e perto da saída, sou obrigado (mesmo, não tenho outra alternativa) a descer à cave, a contornar a cave de forma a, finalmente, poder regressar ao nível da rua para poder então sair!
Sábado, 21H25.
Finalmente, saí do parque de estacionamento!
Conclusão - Por mais que eu quisesse complicar a vida aos automibilistas no parque de estacionamento, enquanto projectista, eu não o conseguiria! Qualquer pessoa percebe que um parque de estacionamentonum estádio será o local preferido pelo adepto para estacionar. Pelo que no final do jogo, haverá uma "hora de ponta". Pelo que ter apenas uma saída para um automóvel de cada vez numparque de cerca de 600 lugares significa que se cada um demorar 6 segundos a sair (tempo de colocar o cartão, levantar a barreira, sair e baixar a barreira para o carro seguinte repetir a operação) tal significaria, em lotação esgotada, que o último carro sairia 3600 segundos depois (isto é, UMA HORA!) depois do primeiro! Juro... Não acredito que a mesma pessoa que foi capaz de projectar o estádio, que me parece funcional, tenha sido capaz de executar este parque de estacionamento!!!
Remédios:
1. Nunca mais vou utilizar este parque em dias de bola.
2. Quando usar o parque, tenho de por o carro na cave para poder sair mais depressa.
3. Fazer um segundo acesso do parque directo à Rua de S. Gonçalo pelo local onde antigamente se entrava para o estacionamento à superficie que lá se encontrava - aliás, até ainda lá estão as guias de granito rampeadas...
Sábado, 18H00.
A cidade estava encravada de transito, chovia bastante, não havia um lugar para estacionar o automóvel perto do estádio e o jogo quase a começar. Lembrei-me que o estádio agora tinha estacionamento. Fui para lá. Entrei, rapidamente encontei um lugar para estacionar no piso por onde entrei e perto da saída (julgava eu...) pelo que todo contente, lá ,e dirigi para o meu lugar na bancada.
Sábado, 20H45.
Terminado o jogo e após encontrar um conhecido na saída, com quem estive a falar um pouco, dirigi-me para o parque. Primeiro baque: uma enorme fila na caixa para pagamento que me disseram ser única! Afinal, depois de 5 minutos à espera, descubro, quando vou para o meu carro, que afinal havia mais máquinas, mas mal sinalizadas...
Sábado, 20H55.
Dentro do carro, saído do local onde estacionei, tenho uma enorme fila de viaturas à minha frente para sairem também. Não percebo porque não andam. Afinal, na rua (visivel do interior do parque) o transito parece fluir bem, apesar de compacto. Quando finalmente começo a andar, percebo que apesar de estar ao nível da rua e perto da saída, sou obrigado (mesmo, não tenho outra alternativa) a descer à cave, a contornar a cave de forma a, finalmente, poder regressar ao nível da rua para poder então sair!
Sábado, 21H25.
Finalmente, saí do parque de estacionamento!
Conclusão - Por mais que eu quisesse complicar a vida aos automibilistas no parque de estacionamento, enquanto projectista, eu não o conseguiria! Qualquer pessoa percebe que um parque de estacionamentonum estádio será o local preferido pelo adepto para estacionar. Pelo que no final do jogo, haverá uma "hora de ponta". Pelo que ter apenas uma saída para um automóvel de cada vez numparque de cerca de 600 lugares significa que se cada um demorar 6 segundos a sair (tempo de colocar o cartão, levantar a barreira, sair e baixar a barreira para o carro seguinte repetir a operação) tal significaria, em lotação esgotada, que o último carro sairia 3600 segundos depois (isto é, UMA HORA!) depois do primeiro! Juro... Não acredito que a mesma pessoa que foi capaz de projectar o estádio, que me parece funcional, tenha sido capaz de executar este parque de estacionamento!!!
Remédios:
1. Nunca mais vou utilizar este parque em dias de bola.
2. Quando usar o parque, tenho de por o carro na cave para poder sair mais depressa.
3. Fazer um segundo acesso do parque directo à Rua de S. Gonçalo pelo local onde antigamente se entrava para o estacionamento à superficie que lá se encontrava - aliás, até ainda lá estão as guias de granito rampeadas...
2003/11/17
Estádio do Dragão - A opinião do arquitecto!
Eu tentei estar lá, mas o adepto esteve mais tempo do que o arquitecto...
No entanto, posso desde já deixar algumas impressões.
1. Urbanisticamente, parece-me excepcional. Criou uma enorme alameda que direciona desde a igreja das Antas (e da avenida dos Combatentes) até ao novo estádio os adeptos de forma a que estes vão descobrindo, aos poucos, a estrutura da cobertura primeiro e o próprio estádio depois, conforme a cota do terreno vai baixando. E desta forma o impacto do estádio nos olhos do adepto é brutal (de forma positiva) pois vai-se descobrindo aos poucos e afirmando-se perante a paisagem, mas de uma forma sublime e não agressiva. O que não é nada fácil sabendo a enorme massa de betão que é... A alameda - que penso ser o futuro local de comemoração dos titulos - vai ter à esquerda uma zona habitacional no local onde agora se encontra o "velhinho" Estádio do Futebol Clube do Porto (e errradamente chamado de Estádio das Antas), o estádio a rematar a mesma e aquilo que é o calcanhar de aquiles do seu lado direito: uma enorme massa de terras, muros e traseiras de edificios. Talvez um arranjo com uns muros de gavião, algumas plantas e algumas intervenções artisticas nesses murais (entre azulejos e pinturas) possam contribuir para um melhor aspecto futuro.
2. O Exterior do Estádio do Dragão
Sumptuoso. Claro, sem cores vibrantes, vale por si próprio, não se escudando em cores garridas para chamar a atenção. Bastou-lhe um bom estudo para implantação, uma arquitectura moderna, de linhas simples mas fortes, entre o redondo do próprio estádio e o horizontal que o mesmo impõe, com grandes superficies vidradas (mas não espelhadas) e permitindo, aqui e ali, vislumbrar o seu interior - e como resultou bem este pormenor, permitindo ao adepto que se aproxima entrar no Estádio e sentir a sua vibração ainda antes de lá estar...
A enorme praça (já chamada de S.Pedro) que rodeia o estádio também está muito bem concebida e permite filtrar logo ali os adeptos e os curiosos e borlistas. E permite que se aceda ao Estádio sem confusões, empurrões e aglomerações de pessoas.
3. O Interior do Estádio do Dragão
Corredores espaçosos, facilidade de circulação. Muitas portas de entrada, muitas bocas de acesso às bancadas.
Os espaços não são crús, mereceram tratamento cuidado (o pormenor dos vidros inclinados para proteger do vento e permitir ventilar as diversas "praças de alimentação" que se sucedem ao longo do estádio) com cores claras, entre o azul pastel e o azul mais escuro, algum inox e tons pastel nos pavimentos e tectos. Os bares poderiam estar num qualquer centro comercial, onde não faltam sequer as pipocas... Os espaços são amplos, largos, com um bom pé-direito e arejados, com muita luz e vistas para o exterior.
4. As bancadas
Muito inclinadas, permitem que mesmo os espectadores que estão nos locais mais altos não estejam muito afastados do relvado - de tal forma que se pode ver os seus números nas camisolas, as suas caras e até ouvir os seus berros em momentos de maior "acalmia vocal" do público. O sistema sonoro é fantástico (da conhecida marca Bose) e a iluminação que a Siemens preparou para o estádio é fantástica: não encandeia e ilumina muito bem todo o campo, não se vendo as tradicionais sombras em forma de cruz que a iluminação tradicional dos postes provoca. E para além disso permitiu classificar este estádio como ecológico - e é o primeiro da Europa a conseguir esta distinção, o que nos deverá encher de orgulho como portugueses - pois permite poupar energia e diminuir a emissão de gases poluentes, dentro do espirito de Quioto...
E a cobertura? Muitos perguntavam-se como é que ela se segurava... É uma amostra da boa coabitação entre os arquitectos e os engenheiros: o arq. Manuel Salgado sonhou, o eng. António Reis tornou o sonho realidade!
A sua beleza vem da forma como abraça o estádio, como se adapta às bancadas (e ninguém anda às cabeçadas na cobertura...) e a sua leveza vem da transparência do material e do ferro pintado de branco que torna toda a estrutura muito mais leve e "invisivel" à luz do dia.
5. Conclusão
Como muito bem referiu o Miguel Sousa Tavares, ainda bem que foi o Arq. Manuel Salgado a projectar o estádio (apesar de benfiquista...) e não nenhum dos supra-sumos da arqitectura nacional e dos favores da imprensa... É que mais ninguém conseguiria dar esta unicidade espacial que ele imprime nas suas obras, como ficou demonstrado com a Expo-98...
Caro colega, os meus muito sinceros parabéns! Esta obra - não apenas o estádio, mas todo o espaço urbano - merecem um prémio; como não depende de mim poder oferecer-lhe este prémio, fica aqui registado o único que posso atribuir: o meu reconhecimento! Parabéns.
No entanto, posso desde já deixar algumas impressões.
1. Urbanisticamente, parece-me excepcional. Criou uma enorme alameda que direciona desde a igreja das Antas (e da avenida dos Combatentes) até ao novo estádio os adeptos de forma a que estes vão descobrindo, aos poucos, a estrutura da cobertura primeiro e o próprio estádio depois, conforme a cota do terreno vai baixando. E desta forma o impacto do estádio nos olhos do adepto é brutal (de forma positiva) pois vai-se descobrindo aos poucos e afirmando-se perante a paisagem, mas de uma forma sublime e não agressiva. O que não é nada fácil sabendo a enorme massa de betão que é... A alameda - que penso ser o futuro local de comemoração dos titulos - vai ter à esquerda uma zona habitacional no local onde agora se encontra o "velhinho" Estádio do Futebol Clube do Porto (e errradamente chamado de Estádio das Antas), o estádio a rematar a mesma e aquilo que é o calcanhar de aquiles do seu lado direito: uma enorme massa de terras, muros e traseiras de edificios. Talvez um arranjo com uns muros de gavião, algumas plantas e algumas intervenções artisticas nesses murais (entre azulejos e pinturas) possam contribuir para um melhor aspecto futuro.
2. O Exterior do Estádio do Dragão
Sumptuoso. Claro, sem cores vibrantes, vale por si próprio, não se escudando em cores garridas para chamar a atenção. Bastou-lhe um bom estudo para implantação, uma arquitectura moderna, de linhas simples mas fortes, entre o redondo do próprio estádio e o horizontal que o mesmo impõe, com grandes superficies vidradas (mas não espelhadas) e permitindo, aqui e ali, vislumbrar o seu interior - e como resultou bem este pormenor, permitindo ao adepto que se aproxima entrar no Estádio e sentir a sua vibração ainda antes de lá estar...
A enorme praça (já chamada de S.Pedro) que rodeia o estádio também está muito bem concebida e permite filtrar logo ali os adeptos e os curiosos e borlistas. E permite que se aceda ao Estádio sem confusões, empurrões e aglomerações de pessoas.
3. O Interior do Estádio do Dragão
Corredores espaçosos, facilidade de circulação. Muitas portas de entrada, muitas bocas de acesso às bancadas.
Os espaços não são crús, mereceram tratamento cuidado (o pormenor dos vidros inclinados para proteger do vento e permitir ventilar as diversas "praças de alimentação" que se sucedem ao longo do estádio) com cores claras, entre o azul pastel e o azul mais escuro, algum inox e tons pastel nos pavimentos e tectos. Os bares poderiam estar num qualquer centro comercial, onde não faltam sequer as pipocas... Os espaços são amplos, largos, com um bom pé-direito e arejados, com muita luz e vistas para o exterior.
4. As bancadas
Muito inclinadas, permitem que mesmo os espectadores que estão nos locais mais altos não estejam muito afastados do relvado - de tal forma que se pode ver os seus números nas camisolas, as suas caras e até ouvir os seus berros em momentos de maior "acalmia vocal" do público. O sistema sonoro é fantástico (da conhecida marca Bose) e a iluminação que a Siemens preparou para o estádio é fantástica: não encandeia e ilumina muito bem todo o campo, não se vendo as tradicionais sombras em forma de cruz que a iluminação tradicional dos postes provoca. E para além disso permitiu classificar este estádio como ecológico - e é o primeiro da Europa a conseguir esta distinção, o que nos deverá encher de orgulho como portugueses - pois permite poupar energia e diminuir a emissão de gases poluentes, dentro do espirito de Quioto...
E a cobertura? Muitos perguntavam-se como é que ela se segurava... É uma amostra da boa coabitação entre os arquitectos e os engenheiros: o arq. Manuel Salgado sonhou, o eng. António Reis tornou o sonho realidade!
A sua beleza vem da forma como abraça o estádio, como se adapta às bancadas (e ninguém anda às cabeçadas na cobertura...) e a sua leveza vem da transparência do material e do ferro pintado de branco que torna toda a estrutura muito mais leve e "invisivel" à luz do dia.
5. Conclusão
Como muito bem referiu o Miguel Sousa Tavares, ainda bem que foi o Arq. Manuel Salgado a projectar o estádio (apesar de benfiquista...) e não nenhum dos supra-sumos da arqitectura nacional e dos favores da imprensa... É que mais ninguém conseguiria dar esta unicidade espacial que ele imprime nas suas obras, como ficou demonstrado com a Expo-98...
Caro colega, os meus muito sinceros parabéns! Esta obra - não apenas o estádio, mas todo o espaço urbano - merecem um prémio; como não depende de mim poder oferecer-lhe este prémio, fica aqui registado o único que posso atribuir: o meu reconhecimento! Parabéns.
Estádio do Dragão - A opinião do adepto!
Eu estive lá! O bilhete diz tudo: bancada Nike, porta 25, boca 31, sector 36, fila 26 (bem lá em cima!) e lugar 6. Ao lado, no lugar 7, está o meu pai.
Quando cheguei ao estádio acedi rapidamente ao seu interior. Os breves relances do interior que fui tendo do exterior anunciavam desde logo uma óptima imagem. Mas ainda não recuperei o folego do "baque" que tive no momento em que através da boca 31 pude - finalmente! - vislumbrar o Estádio do Dragão na sua globalidade. E aquilo que vi foi lindo! Espectacular! Fabuloso! Fantástico! Impressionante! Magnifico! Estonteante! Maravilhoso! Não sei, mas apesar de ter usado 8 palavras para adjectivar aquilo que senti, julgo que mesmo assim não consigo reproduzir a sensação de esmagamento que senti perante a multidão azul que vi, perante as bancadas repletas, perante a cobertura que pairava sobre as nossas cabeças, perante uma iluminação feérica, perante os paineis electrónicos de alta resolução, perante o relvado que fica tão próximo da bancada...
Já por fora ele é bonito, apesar de ser uma enorme massa construtiva, parece que sempre esteve ali, parece que aquele local sempre foi para lá colocarem um estádio. Mas por dentro, que coisa linda! Já estive no estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães. Já fui ao local do estádio do Braga, do Arq. Souto Moura. Mas não há comparação com isto.
Se mais não tivesse feito, Pinto da Costa entrava para a história do F.C.Porto pela magnifica casa que soube oferecer ao clube. Mas como para além disso ele ofereceu titulos nacionais e internacionais, em diversas modalidades, Jorge Nuno Pinto da Costa ficará para sempre e incontornavelmente ligado à história do Porto-clube e do Porto-cidade e do desporto em Portugal.
E, sem dúvidas, este é o estádio mais bonito de todos...
Para aperitivo, e antes de colocar as fotos que tirei (se é que sairam bem...) fiquem com esta animação flash da TSF:
Quando cheguei ao estádio acedi rapidamente ao seu interior. Os breves relances do interior que fui tendo do exterior anunciavam desde logo uma óptima imagem. Mas ainda não recuperei o folego do "baque" que tive no momento em que através da boca 31 pude - finalmente! - vislumbrar o Estádio do Dragão na sua globalidade. E aquilo que vi foi lindo! Espectacular! Fabuloso! Fantástico! Impressionante! Magnifico! Estonteante! Maravilhoso! Não sei, mas apesar de ter usado 8 palavras para adjectivar aquilo que senti, julgo que mesmo assim não consigo reproduzir a sensação de esmagamento que senti perante a multidão azul que vi, perante as bancadas repletas, perante a cobertura que pairava sobre as nossas cabeças, perante uma iluminação feérica, perante os paineis electrónicos de alta resolução, perante o relvado que fica tão próximo da bancada...
Já por fora ele é bonito, apesar de ser uma enorme massa construtiva, parece que sempre esteve ali, parece que aquele local sempre foi para lá colocarem um estádio. Mas por dentro, que coisa linda! Já estive no estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães. Já fui ao local do estádio do Braga, do Arq. Souto Moura. Mas não há comparação com isto.
Se mais não tivesse feito, Pinto da Costa entrava para a história do F.C.Porto pela magnifica casa que soube oferecer ao clube. Mas como para além disso ele ofereceu titulos nacionais e internacionais, em diversas modalidades, Jorge Nuno Pinto da Costa ficará para sempre e incontornavelmente ligado à história do Porto-clube e do Porto-cidade e do desporto em Portugal.
E, sem dúvidas, este é o estádio mais bonito de todos...
Para aperitivo, e antes de colocar as fotos que tirei (se é que sairam bem...) fiquem com esta animação flash da TSF:
O ridiculo mata...
Mais um desafio...
Em breve darei conta das minhas emoções como adepto e como arquitecto do novo Estádio do Dragão.
Mas entretanto surgiu mais um desafio: participar no debate que o Picuinhas lançou sobre o "direito à arquitectura". Coisa que não recuso, mas não sei ainda quando o poderei fazer.
Mas entretanto surgiu mais um desafio: participar no debate que o Picuinhas lançou sobre o "direito à arquitectura". Coisa que não recuso, mas não sei ainda quando o poderei fazer.
2003/11/16
O Desafio
A Lapiseira desafiou-me para aquele que será o mais dificil de todos os trabalhos de casa que já tive!
Despir a farda do adepto "fanático" e colocar o capacete de obra para apreciar o Estádio do Dragão hoje.
Confesso que o trabalho será ciclópico! Mas vou tentar fazer o meu melhor...
Para amanhã deixo novidades sobre o Estádio D. Afonso Henriques, onde fui ontem assistir à derrota de Portugal frente a uma França claramente mais forte e poderosa. Para "adoçar o bico": de todos os parques de estacionamento onde já estive, este é, sem margens para dúvidas, o pior! E para já mais não digo que hoje o dia é de festa...
Despir a farda do adepto "fanático" e colocar o capacete de obra para apreciar o Estádio do Dragão hoje.
Confesso que o trabalho será ciclópico! Mas vou tentar fazer o meu melhor...
Para amanhã deixo novidades sobre o Estádio D. Afonso Henriques, onde fui ontem assistir à derrota de Portugal frente a uma França claramente mais forte e poderosa. Para "adoçar o bico": de todos os parques de estacionamento onde já estive, este é, sem margens para dúvidas, o pior! E para já mais não digo que hoje o dia é de festa...
2003/11/14
Noticia do Independente sobre a Casa da Música no Porto
Dá-lhes música
Arquitecto responsável pela Casa da Música desrespeitou os prazos e os custos previstos,
mas já recebeu 900 mil contos do contrato e 200 mil em prémios de produtividade
Adelino Cunha
acunha@oindependente.pt
A Casa da Música já pagou cerca de 5,5 milhões de euros (1,1 milhões de contos) ao arquitecto responsável por um projecto que está quatro anos atrasado e cujos custos derraparam quase 200 por cento.
O Independente soube que o anterior Conselho de Administração (CA) pagou ao holandês Rem Koolhaas 4,5 milhões de euros (900 mil contos) a título de remunerações contratuais e cerca de um milhão de euros (200 mil contos) em prémios de produtividade. O valor actual contratualizado é de oito milhões de euros (1,6 milhões de contos). Os pagamentos adicionais autorizados pela administração de Rui Amaral estão a levantar dúvidas junto dos seus sucessores e dos auditores do Tribunal de Contas, responsáveis pela análise em curso às contas da sociedade.
O arquitecto desrespeita os prazos estabelecidos e, apesar de os contratos preverem o accionamento de cláusulas de penalização, os anteriores administradores optaram por pagar prémios de produtividade.
Rem Koolhaas venceu o concurso público para a construção da Casa da Música essencialmente por garantir duas condições exigidas pela sociedade promotora da Porto 2001 – Capital Europeia da Cultura: conclusão das obras até 2001 e contenção dos custos.
As informações da actual administração revelam que a Casa da Música talvez esteja pronta em meados do próximo ano e que o projecto irá custar quase 100 milhões de euros.A data inicial para a inauguração apontava para 2001 e os custos estimados deveriam rondar os 34 milhões de euros.
Filhos e enteados. O relatório de actividades da Sociedade Porto 2001 correspondente ao exercício de 1999 pontava Outubro de 2001 como data-limite para a conclusão das obras.
Nos exercícios seguintes, a inauguração da Casa da Música foi sendo remetida para Abril de 2002, Agosto de 2002 e Junho de 2004.
O atraso total será de quase quatro anos, e até a actual previsão de data está seriamente comprometida, conforme já admitiu o administrador Manuel Alves Monteiro. A derrapagem nos custos é também evidente. Em 1999, as obras deveriam custar 33,8 milhões de euros, passaram para 42,3 no ano seguinte, 55,3 em 2001 e 7,7 milhões de euros em 2002. Os actuais dados oficiais assumem como previsão orçamental para este ano um custo de 98,9 milhões de euros, ou seja, 192,47 por cento acima do orçamento previsto em 1999.
Em escudos, os custos da Casa da Música passaram de seis milhões para 19 milhões de contos.Três vezes mais. A impossibilidade de cumprir o orçamento previsto e as datas exigidas justificou que muitos outros potenciais candidatos optassem por não concorrer. Caso do prestigiado arquitecto portuense Alcino Soutinho. Em recente entrevista ao “Diário de Notícias”, o arquitecto disse que se praticou “uma injustiça aos arquitectos portugueses que disseram não poder cumprir os prazos estipulados. Koolhaas disse que sim e não os respeitou: faltam as infra-estruturas, o que se repercutirá nos custos”.
Martelada.
No final de 1998, Rem Koolhaas assinou um contrato com a administração da Casa da Música no valor de cerca de quatro milhões de euros. As partes também definiram o pagamento das despesas correntes e uma fórmula para os prémios por objectivos. O arquitecto holandês teria direito a 10 por cento do valor global se superasse o cronograma aprovado. Pelo meio houve ainda um reforço de honorários.
O decorrer das obras tem demonstrado um total desrespeito pelos orçamentos e permanentes atrasos na entrega dos projectos de especialidade. Mas Koolhaas continua a receber os seus prémios por objectivos.
Rem Koolhaas é um prestigiado arquitecto holandês já distinguido com o “nobel da arquitectura”, o Pritzker
de 2000. Uma das suas biografias, que circula na internet, é ilustrativa: “As suas propostas arquitectónicas
destacam-se pela polémica, e mesmo quando não são construídas tornam-se paradigmáticas.”
Arquitecto responsável pela Casa da Música desrespeitou os prazos e os custos previstos,
mas já recebeu 900 mil contos do contrato e 200 mil em prémios de produtividade
Adelino Cunha
acunha@oindependente.pt
A Casa da Música já pagou cerca de 5,5 milhões de euros (1,1 milhões de contos) ao arquitecto responsável por um projecto que está quatro anos atrasado e cujos custos derraparam quase 200 por cento.
O Independente soube que o anterior Conselho de Administração (CA) pagou ao holandês Rem Koolhaas 4,5 milhões de euros (900 mil contos) a título de remunerações contratuais e cerca de um milhão de euros (200 mil contos) em prémios de produtividade. O valor actual contratualizado é de oito milhões de euros (1,6 milhões de contos). Os pagamentos adicionais autorizados pela administração de Rui Amaral estão a levantar dúvidas junto dos seus sucessores e dos auditores do Tribunal de Contas, responsáveis pela análise em curso às contas da sociedade.
O arquitecto desrespeita os prazos estabelecidos e, apesar de os contratos preverem o accionamento de cláusulas de penalização, os anteriores administradores optaram por pagar prémios de produtividade.
Rem Koolhaas venceu o concurso público para a construção da Casa da Música essencialmente por garantir duas condições exigidas pela sociedade promotora da Porto 2001 – Capital Europeia da Cultura: conclusão das obras até 2001 e contenção dos custos.
As informações da actual administração revelam que a Casa da Música talvez esteja pronta em meados do próximo ano e que o projecto irá custar quase 100 milhões de euros.A data inicial para a inauguração apontava para 2001 e os custos estimados deveriam rondar os 34 milhões de euros.
Filhos e enteados. O relatório de actividades da Sociedade Porto 2001 correspondente ao exercício de 1999 pontava Outubro de 2001 como data-limite para a conclusão das obras.
Nos exercícios seguintes, a inauguração da Casa da Música foi sendo remetida para Abril de 2002, Agosto de 2002 e Junho de 2004.
O atraso total será de quase quatro anos, e até a actual previsão de data está seriamente comprometida, conforme já admitiu o administrador Manuel Alves Monteiro. A derrapagem nos custos é também evidente. Em 1999, as obras deveriam custar 33,8 milhões de euros, passaram para 42,3 no ano seguinte, 55,3 em 2001 e 7,7 milhões de euros em 2002. Os actuais dados oficiais assumem como previsão orçamental para este ano um custo de 98,9 milhões de euros, ou seja, 192,47 por cento acima do orçamento previsto em 1999.
Em escudos, os custos da Casa da Música passaram de seis milhões para 19 milhões de contos.Três vezes mais. A impossibilidade de cumprir o orçamento previsto e as datas exigidas justificou que muitos outros potenciais candidatos optassem por não concorrer. Caso do prestigiado arquitecto portuense Alcino Soutinho. Em recente entrevista ao “Diário de Notícias”, o arquitecto disse que se praticou “uma injustiça aos arquitectos portugueses que disseram não poder cumprir os prazos estipulados. Koolhaas disse que sim e não os respeitou: faltam as infra-estruturas, o que se repercutirá nos custos”.
Martelada.
No final de 1998, Rem Koolhaas assinou um contrato com a administração da Casa da Música no valor de cerca de quatro milhões de euros. As partes também definiram o pagamento das despesas correntes e uma fórmula para os prémios por objectivos. O arquitecto holandês teria direito a 10 por cento do valor global se superasse o cronograma aprovado. Pelo meio houve ainda um reforço de honorários.
O decorrer das obras tem demonstrado um total desrespeito pelos orçamentos e permanentes atrasos na entrega dos projectos de especialidade. Mas Koolhaas continua a receber os seus prémios por objectivos.
Rem Koolhaas é um prestigiado arquitecto holandês já distinguido com o “nobel da arquitectura”, o Pritzker
de 2000. Uma das suas biografias, que circula na internet, é ilustrativa: “As suas propostas arquitectónicas
destacam-se pela polémica, e mesmo quando não são construídas tornam-se paradigmáticas.”
Parabéns, Pai!
É apenas uma palavra, mas com muito significado: PARABÉNS! A tua prenda chega domingo... no Estádio do Dragão. Que tenhas um bom dia...
2003/11/13
Afinal já se fala do Congresso da OA
Pois é, parece que já não estou só na blogosfera a falar sobre o assunto!
A Epiderme já falou sobre o assunto, bem como umas breves referências do Projecto, do Blog Sem Nome e do RandomBlog.
Custou, mas parece que finalmente começa a surgir a obra depois do projecto devidamente aprovado pelas autoridades competentes (ou então não!, como diria o Nuno Markl, Pedro Ribeiro e Maria de Vasconcelos no para mim saudoso Programa da Manhã...).
A Epiderme já falou sobre o assunto, bem como umas breves referências do Projecto, do Blog Sem Nome e do RandomBlog.
Custou, mas parece que finalmente começa a surgir a obra depois do projecto devidamente aprovado pelas autoridades competentes (ou então não!, como diria o Nuno Markl, Pedro Ribeiro e Maria de Vasconcelos no para mim saudoso Programa da Manhã...).
Estádio do Dragão
No domingo é a inaguração do Estádio do Dragão e eu já tenho o meu bilhete...
O espaço, do ponto de vista urbanistico, parece-me excepcional: tem um beleza enorme, resolve uma série de situações daquela zona e faz um remate explendido quer da VCI (que fractura toda a zona de Campanhã) quer da nova Alameda criada para o efeito. Só falta resolver a enorme escarpa do lado direito (quem desce a alameda) que deixa à vista as traseiras de uma série de prédios que desvirtuam aquele local para a intervenção ser perfeita.
Agora quero ver a funcionalidade: não só a do espectador (como eu) mas vou estar atento ao que os repórteres vão dizer na rádio e às imagens que a TV nos vai fazer chegar. Passo a explicar: o Alvalade XXI tem problemas de organização dos espaços para a comunicação social (diferenças de 3 ou 4 andares entre duas zonas de trabalho que deveriam estar anexas) e as camaras de TV estão posicionadas de tal forma que quase nem se vêem as bancadas opostas, deixando apenas à vista o fosso que as separa do campo, o que é sempre desagradável visualmente. O Bessa XXI também padece de um problema idêntico ao Alvalade XXI no que toca a organização e distribuição dos espaços. Do novo Estádio da Luz não ouvi grandes queixas, tal como do Estádio D. Afonso Henriques (neste os problemas parecem ser outros, bem mais graves...).
Por isso, não vejo a hora de estar na bancada poente Nike D, sector 36, fila 26, cadeira 6! Nunca mais é domingo...
O espaço, do ponto de vista urbanistico, parece-me excepcional: tem um beleza enorme, resolve uma série de situações daquela zona e faz um remate explendido quer da VCI (que fractura toda a zona de Campanhã) quer da nova Alameda criada para o efeito. Só falta resolver a enorme escarpa do lado direito (quem desce a alameda) que deixa à vista as traseiras de uma série de prédios que desvirtuam aquele local para a intervenção ser perfeita.
Agora quero ver a funcionalidade: não só a do espectador (como eu) mas vou estar atento ao que os repórteres vão dizer na rádio e às imagens que a TV nos vai fazer chegar. Passo a explicar: o Alvalade XXI tem problemas de organização dos espaços para a comunicação social (diferenças de 3 ou 4 andares entre duas zonas de trabalho que deveriam estar anexas) e as camaras de TV estão posicionadas de tal forma que quase nem se vêem as bancadas opostas, deixando apenas à vista o fosso que as separa do campo, o que é sempre desagradável visualmente. O Bessa XXI também padece de um problema idêntico ao Alvalade XXI no que toca a organização e distribuição dos espaços. Do novo Estádio da Luz não ouvi grandes queixas, tal como do Estádio D. Afonso Henriques (neste os problemas parecem ser outros, bem mais graves...).
Por isso, não vejo a hora de estar na bancada poente Nike D, sector 36, fila 26, cadeira 6! Nunca mais é domingo...
2003/11/11
Congresso da Ordem dos Arquitectos
Com este post de hoje terminei uma série de posts dedicados a este assunto.
Dos vários blogs de arquitectura que costuma visitar, apenas um fez menção de falar sobre o assunto (o Random Blog) e até agora ainda não concretizou.
Em todo o caso, a problemática do Gehry em Lisboa (por um lado o valor dos honorários, por outro lado a questão da adjudicação directa da obra) tem feito correr alguma tinta entre os blogs (e não só os de arquitectura...).
Mas pergunto eu: o que é mais importante? Saber se uma determinada obra deverá ser entregue directamente ou por concurso a um estrangeiro ou discutir sobre toda a classe, os seus problemas, anseios, dificuldades?
Eu julgo que mais interessante do que andar a debater a qualidade do Gehry (que tem obras excepcionais e outras medianas...) é discutir o presente e o futuro dos arquitectos em Portugal e na Europa. Porque sempre vão existir projectos de grande envergadura que serão entregues aos grandes nomes mundiais. Mas o que preocupa a maior parte dos mais de 10 mil arquitectos não são esses projectos; são aqueles que lhe garantem os rendimentos necessários para manter um atelier aberto, alimentar a familia e poder viver em vez de sobreviver...
Por isso exorto daqui os restantes arquitectos da blogosfera a entrar nesta discussão que poderá trazer muito mais coisas importantes para cada um de nós do que os milhões do Gehry para fazer o Parque com ou sem casino e mais as torres do Siza em Alcantara...
Dos vários blogs de arquitectura que costuma visitar, apenas um fez menção de falar sobre o assunto (o Random Blog) e até agora ainda não concretizou.
Em todo o caso, a problemática do Gehry em Lisboa (por um lado o valor dos honorários, por outro lado a questão da adjudicação directa da obra) tem feito correr alguma tinta entre os blogs (e não só os de arquitectura...).
Mas pergunto eu: o que é mais importante? Saber se uma determinada obra deverá ser entregue directamente ou por concurso a um estrangeiro ou discutir sobre toda a classe, os seus problemas, anseios, dificuldades?
Eu julgo que mais interessante do que andar a debater a qualidade do Gehry (que tem obras excepcionais e outras medianas...) é discutir o presente e o futuro dos arquitectos em Portugal e na Europa. Porque sempre vão existir projectos de grande envergadura que serão entregues aos grandes nomes mundiais. Mas o que preocupa a maior parte dos mais de 10 mil arquitectos não são esses projectos; são aqueles que lhe garantem os rendimentos necessários para manter um atelier aberto, alimentar a familia e poder viver em vez de sobreviver...
Por isso exorto daqui os restantes arquitectos da blogosfera a entrar nesta discussão que poderá trazer muito mais coisas importantes para cada um de nós do que os milhões do Gehry para fazer o Parque com ou sem casino e mais as torres do Siza em Alcantara...
2º Congresso da Ordem dos Arquitectos - Conclusões
A primeira conclusão é que o Congresso vem em boa hora: urge debater alguns dos temas que se apresentam, a aprovação da petição nacional apresentada no Parlamento trouxe novas responsabilidades (mormente no que toca à substituição do velhinho, vestuto e desactualizado Decreto Lei 73/73) e porque a Ordem precisa de afirmar a classe para lá da própria classe e do "circuíto fechado" dos promotores que (já) apostam nos arquitectos como forma de valorizarem os seus produtos.
Para além disso, o programa paralelo ao Congresso, não sendo muito diversificado, acaba por complementar bastante bem o mesmo, com especial destaque para a Exposição "Arquitectura Moderna Portuguesa 1920-1970" que irá estar no Paço dos Duques de Bragança, que focará, certamente, de uma forma muito positiva um período que foi extremamente rico no campo da arquitectura mas que é quase desconhecido do grande público.
Agora, só espero que o meu trabalho me permita participar no Congresso...
Para além disso, o programa paralelo ao Congresso, não sendo muito diversificado, acaba por complementar bastante bem o mesmo, com especial destaque para a Exposição "Arquitectura Moderna Portuguesa 1920-1970" que irá estar no Paço dos Duques de Bragança, que focará, certamente, de uma forma muito positiva um período que foi extremamente rico no campo da arquitectura mas que é quase desconhecido do grande público.
Agora, só espero que o meu trabalho me permita participar no Congresso...
2003/11/08
No próximo post: Conclusões
Para terminar, conto ainda este fim de semana apresentar algumas conclusões aos 4 últimos posts quie aqui deixei.
2º Congresso da Ordem dos Arquitectos - Os Temas III (A Arquitectura Como Práctica)
Por último, o congresso vai tentar abordar os temas da qualidade e do dever da concorrência desleal. Ou seja, irá abordar a práctica da arquitectura. E muito haverá a dizer, com toda a certeza, neste capítulo. Em primeiro porque a qualidade - no projecto, como na própria construção - não deve ser imposta pelo arquitecto mas deve ser reivindicada pelo utilizador. E deve ser encarada por todos os profissionais envolvidos no processo construtivo - isto é, desde os projectistas até aos construtores, passando pelos promotores - como um objectivo que permitirá, a breve prazo, aumentar o nível geral da construção, permitindo uma maior credebilização de todo o sector e maximizando, num futuro próximo, o potencial financeiro deste sector. Porque o tempo em que o "lucro" vinha da mão de obra barata e do aproveitamento dos recursos existentes de fraca qualificaçao já acabou - o presente é já o tempo da especialização da mão de obra, dos materiais, dos projectistas e dos construtores!
Por isso esta palavra tem de entrar rapidamente no vocabulário da construção - Qualidade, uma aposta no presente para um futuro melhor!
Já no que toca à questão da concorrência, a mesma pode ser abordada sobre dois angulos distintos: a relação arquitectos-outras profissões similares e a relação arquitectos-arquitectos.
Se a primeira está em vias de ser resolvida após a aprovação da petição pelo direito à arquitectura, que revogando o Decreto Lei 73/73 irá permitir legislar de forma correcta e justa quem deve ter acesso à profissão e em que condições a concorrência pode acontecer, já a segunda fase relação tem de ser bem estudada e debatida. Antes de mais, julgo que será importante a Ordem dos Arquitectos - como outras Ordens em Portugal - definir uma tabela de honorários de referência. Este gesto iria desde logo permitir esclarecer quem anda a trabalhar dentro de preços de mercado ajustados à realidade sócio-económica de Portugal e quem anda a trabalhar com honorários "tipo-Gehry"! E fundamental será definir as relações entre os arquitectos do sector público e do sector privado. Porque de todas as formas de concorrência desleal que se podem fazer, a maior delas é aproveitar um cargo no sector público, bem remunerado (pelo menos a remuneração é garantida e na data fixada) em serviço de exclusividade para fazer trabalhos no sector privado, concorrendo com quem apostou apenas no sector privado (e que pode ser, em certos casos, melhor remunerado, mas sem garantias de pagamento, muito menos em datas fixas...), sabendo-se que os "privados" não têm acesso ao "interior" do "aparelho administrativo" como têm os "públicos", daí derivando uma clara vantagem destes - em especial junto dos clientes mais "apetecíveis" que são os promotores imobiliários que garantem com regularidade os serviços que o cidadão comum (que necessita de um serviço esporádico e ocasional) não garante aos projectistas - por exemplo, com a publicação de um relatório anual em cada Câmara Municipal com os projectos aprovados e reprovados e os seus autores, pois assim toda a população poderia perceber quem são os técnicos que melhor trabalham e daria uma pública forma de transparência quanto à quantidade de projectos de cada técnico e da qualidade através da análise estatística da quantidade de projectos aprovados - afinal, depois de passar por tantos crivos como hoje passa um projecto (câmara, bombeiros, direcções gerais de turismo, ambiente, industria, comércio, etc, CCR's, entre outras, um projecto aprovado é desde logo uma garantia de qualidade mínima! E quando este problema estiver sanado, não tenho duvidas que o sector da construção sairá em muito dignificado. Porque nada melhor do que a total transparência de mercado para que o mercado possa optar por quem dentro de um determinado orçamento melhor cumpre os objectivos que o cliente pretende atingir...
Por isso esta palavra tem de entrar rapidamente no vocabulário da construção - Qualidade, uma aposta no presente para um futuro melhor!
Já no que toca à questão da concorrência, a mesma pode ser abordada sobre dois angulos distintos: a relação arquitectos-outras profissões similares e a relação arquitectos-arquitectos.
Se a primeira está em vias de ser resolvida após a aprovação da petição pelo direito à arquitectura, que revogando o Decreto Lei 73/73 irá permitir legislar de forma correcta e justa quem deve ter acesso à profissão e em que condições a concorrência pode acontecer, já a segunda fase relação tem de ser bem estudada e debatida. Antes de mais, julgo que será importante a Ordem dos Arquitectos - como outras Ordens em Portugal - definir uma tabela de honorários de referência. Este gesto iria desde logo permitir esclarecer quem anda a trabalhar dentro de preços de mercado ajustados à realidade sócio-económica de Portugal e quem anda a trabalhar com honorários "tipo-Gehry"! E fundamental será definir as relações entre os arquitectos do sector público e do sector privado. Porque de todas as formas de concorrência desleal que se podem fazer, a maior delas é aproveitar um cargo no sector público, bem remunerado (pelo menos a remuneração é garantida e na data fixada) em serviço de exclusividade para fazer trabalhos no sector privado, concorrendo com quem apostou apenas no sector privado (e que pode ser, em certos casos, melhor remunerado, mas sem garantias de pagamento, muito menos em datas fixas...), sabendo-se que os "privados" não têm acesso ao "interior" do "aparelho administrativo" como têm os "públicos", daí derivando uma clara vantagem destes - em especial junto dos clientes mais "apetecíveis" que são os promotores imobiliários que garantem com regularidade os serviços que o cidadão comum (que necessita de um serviço esporádico e ocasional) não garante aos projectistas - por exemplo, com a publicação de um relatório anual em cada Câmara Municipal com os projectos aprovados e reprovados e os seus autores, pois assim toda a população poderia perceber quem são os técnicos que melhor trabalham e daria uma pública forma de transparência quanto à quantidade de projectos de cada técnico e da qualidade através da análise estatística da quantidade de projectos aprovados - afinal, depois de passar por tantos crivos como hoje passa um projecto (câmara, bombeiros, direcções gerais de turismo, ambiente, industria, comércio, etc, CCR's, entre outras, um projecto aprovado é desde logo uma garantia de qualidade mínima! E quando este problema estiver sanado, não tenho duvidas que o sector da construção sairá em muito dignificado. Porque nada melhor do que a total transparência de mercado para que o mercado possa optar por quem dentro de um determinado orçamento melhor cumpre os objectivos que o cliente pretende atingir...
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