INsegurança social...

Em tempos, neste país habituado a ter um pai-Estado sempre pronto a amparar o povo-criança, tudo estava garantido pelo Estado. A saúde era gratuíta, tal como a educação. Também o emprego era quase garantido com o Estado a ser a principal entidade patronal. As estradas, pontes e auto-estradas eram gratuítas ou quase. As reformas estavam também garantidas para todos e muitos reformavam-se ainda antes dos 60 anos com reformas completas.

O problema é que um dia o país acordou e descobriu que isso trazia muitos custos. E era preciso começar a cobrar os estudos após o ensino obrigatório estar concluído. Era necessário cobrar para haver bons cuidados na saúde, pois os equipamentos médicos são muito caros, tal como os medicamentos. Era preciso cobrar portagens que ajudassem a pagar a construção das estradas e a sua posterior manutenção. Era necessário que o Estado deixasse de ser o principal empregador do país. E assim, talvez só assim, fosse possivel garantir que todos os portugueses que descontaram para a segurança social tenham um dia a sua reforma.

É, para mim, inadmissível que um Ministro vá a um programa de televisão anunciar a pré-falência do sistema de segurança social. É um desrespeito pela Assembleia da Republica e da Democracia. É um acto de desrespeitoso para com os portugueses.

E é inadmissível também porque ele devia dizer que há um determinado risco mas para anular esse risco temos de fazer isto e aquilo.

Por exemplo, nos países anglo-saxões, há muito que se permite que o trabalhador opte entre uma segurança social pública ou privada. O Estado garante uma pensão mínima e o resto é complementado por um sistema privado para o qual o trabalhador entregou os seus descontos.

Cá em Portugal, com o trauma esquerdóide anti-privados ainda presentes mesmo 30 anos depois do 25-A, será dificil entrar num esquema desses. Mas não conheço outro melhor, ainda...

Só sei é que tendo eu 33 anos, tenho muitas dúvidas que o Estado utilize bem os descontos para a Segurança Social que me faz, tal como os impostos do IRS que me cobra, e tenho cada vez mais certezas que quando chegar lá para os 65 anos (ou mais...) dificilmente me pagará uma pensão condizente com os valores que durante a minha vida de trabalho lhe entreguei...