2007/06/30

TAAG

Esta semana, novo problema à vista para os portugueses em Angola.

Depois da questão das cartas de condução há umas semanas atrás (obrigado, Mantorras…) a iminente proibição pela União Europeia da TAAG em voar na Europa pode vir a causar dois incómodos graves: o aumento de dificuldade e preço em viajar de e para Portugal e a eventual proibição da TAP de voar em Angola.

O problema dos voos já é antigo, uma vez que apenas a TAAG e a TAP voam da Angola para a Europa, o que significa que não são apenas os portugueses a usarem estes voos, são também todos os outros estrangeiros como ingleses, nórdicos, espanhóis, italianos, franceses… Por norma, qualquer um dos 5 voos semanais da TAP e da TAAG (portanto 10 voos no seu total) vem e vai quase cheio, cerca de 250 pessoas por avião, cerca de 2500 pessoas em transito entre Luanda e Lisboa todas as semanas. E o bilhete custa mais de 1000 euros na classe económica! Recentemente surgiu a noticia que a TAP iria passar a ter voos diários, aumentando para 7 voos semanais a partir de Julho. Mas enquanto o espaço aéreo angolano não estiver aberto a outras companhias nem os preços baixam, nem há mais facilidade em voar para a Europa. E já agora, uma pequena dúvida: não está o aeroporto da Portela com excesso de tráfego aéreo? Então porque não passar a fazer alguns destes voos de Luanda para o Porto, uma vez que um larguíssimo contingente de portugueses são do norte? Se o fizessem com este e com outros voos, às tantas nem era preciso Ota ou Alcochete ou Rio Frio para nada…

Já sobre esta proibição especifica, hoje ouvi na rádio o vice-ministro angolano dos transportes a dizer que o principio da reciprocidade utilizado na situação das cartas de condução pode voltar a ser utilizado. O argumento é que Angola não tem nenhum acordo de aviação com a União Europeia, antes tem diversos acordos bi-laterais com alguns países da União Europeia; e se algum desses países proibir a companhia de bandeira de voar lá, Angola proibirá a companhia de bandeira desses países em voar cá… E mais não digo porque está tudo dito nas entrelinhas!

Por isso, mais uma vez, volto a apelar aos nossos governantes: preocupem-se menos com o que dizem os funcionários públicos e autores de blogs em Portugal sobre o Governo e os seus membros e preocupem-se mais em resolver estas questões de atrito que mais de 30 anos depois da independência das ex-colónias continuam a atrapalhar a vida de algumas centena de milhar de portugueses espalhados por África e que se vêm constantemente atropelados pelos erros e desgovernação dos mesmos governos de Portugal que num certo sentido são a causa primeira de eles terem deixado Portugal ao não criarem condições de vida que estes julgam fundamentais para si.

Por último, duas palavras sobre a TAAG e TAP. Sobre a TAAG não posso falar muito, uma vez que apenas voei uma vez nela, no Natal e ano novo passado. Mas gostei do serviço e não tive qualquer problema com o voo. Já sobre a TAP não posso dizer o mesmo, uma vez que conforme aqui relatei em Abril tive um gravíssimo problema no avião, que poderia ter-me custado a vida – a mim e a mais 250 passageiros e tripulantes – e sobre a reclamação que fiz, apesar das minhas tentativas, não tenho ainda qualquer resposta!

2007/06/24

Porto Santo: férias 2007

Este ano vou à Madeira novamente, mas desta vez à ilha de Porto Santo.

Que me dizem ter uma praia fantástica, 9 km de areia dourada e um mar calmo e cristalino.

Espero ter uma boa semana de descanso, praia, bicicleta e boa companhia!

Leituras [18] - A Papisa Joana, de Donna Cross


Depois de ter comprado este livro em 2002 na Feira do Livro de Braga, só ao fim de 5 anos o consegui ler, pois fui emprestando o livro a este e àquele - e comprando outros que se iam começando a ler, pelo que o resultado é que a leitura d'A Papisa Joana ia sendo adiada. Agora em Angola consegui finalmente ler e gostei. Mito ou realidade? Mais um romance bem "esgalhado" baseado em factos reais, romance de época que reflecte um dos mais obscuros períodos da história ocidental.

Sinopse:
"Muitos negaram, ao longo dos séculos, a sua existência, mas é ainda considerável a quantidade de documentos que referem a sua passagem pelo trono papal. A autora reuniu, numa perfeita combinação, aspectos lendários com factos históricos, do qual resultou um romance sobre Joana de Ingelheim. Na galeria das mais extraordinárias e controversas figuras do Ocidente, a papisa assume contornos enigmáticos e fascinantes."

2007/06/23

10038

Podia ser o número da lotaria, mas é apenas o meu número de inscrição consular no Consulado de Portugal em Benguela.

Conheci e tive a oportunidade de falar mais de uma hora com o nosso Consul, o Dr. Manuel Pracana Martins, muito simpático e acolhedor, deixando-me uma excelente impressão. É bom saber que os nossos representantes nos recebem de portas abertas como ele o fez comigo.

Linha de Rumo: Angola (IV)

A Alimentação


Neste 4º capitulo vou falar sobre a alimentação. Que no meu caso era um dos meus maiores problemas quando ponderei (e aceitei) vir para cá, de tão esquisito com as comidas como sou!

Mas, ao contrário do que temi, não tive qualquer problema. Como comidas como em Portugal, seja o “nosso” cozido à portuguesa, prato tradicional do almoço de domingo, sejam outros como fígado de cebolada, jardineira, lombo assado, frango assado, esparguete com carne guisada, lasanha, croquetes, picanha, feijoadas variadas, tripas (bem, estas duas últimas não como porque não gosto, mas estão à disposição de quem gosta e quiser) … Para além disso, encontra-se algum peixe local, como as mariquitas e as sardinhas angolanas, muito maiores e mais secas que em Portugal, bem como o nosso bacalhau, mas este mais raramente. E eu como num restaurante, o Nónó, bem no centro de Lobito, mas também em Benguela, pois se quisesse comer em casa ainda poderia ter comida mais ao meu gosto, isto desde que tivesse tempo para ensinar a empregada a cozinhar, porque infelizmente as cozinheiras angolanas geralmente não sabem cozinhar comida portuguesa. Só as comidas locais como o funge de milho ou mandioca, o kalulu de carne ou de peixe, a moamba de galinha… Que não são más, pois já comi (não o de peixe, evidentemente…) e não vou dizer que não gostei porque iria mentir, mas não apreciei o suficiente para ficar “fã” destas iguarias angolanas.

Para além disso, é possível comer mariscos a preços inacreditáveis! O kilo da lagosta, consoante a época do ano, pode variar entre os 5 e os 10 euros! O que significa que cada vez que me vejo confrontado com lagosta para a refeição, abato sempre umas 6 no mínimo – apesar de o normal ser 7 a 8 lagostas! Camarão é usado como isco para pesca. Caranguejo é prato regular nas patuscadas…

Outro prato muito apreciado aqui é o cabrito, em particular como ensopado, mas também de cabidela e chanfana. Infelizmente para mim, apenas como assado nunca o vi cá, que é exactamente da forma que mais gosto.

Entretanto, provei esta semana garoupa, em posta grelhada com azeite e alho e batata cozida a acompanhar, e gostei! Fez-me lembrar o peixe-serra que comi em Cabo Verde. E já me prometeram fazer-me provar cherne (não, não é o José antes Durão Barroso) assim que pescarem um de tamanho apreciável, que grelhado na chapa em postas grandes depois de retirada a pele, é muito bom e quase sem espinhas, pelo que me contam.

Sobremesas são interessantes, desde as frutas locais como o ananás, a manga, a papaia e a banana – dos quais só o último vou comendo – até aos doces como o leite creme com canela, a mousse de chocolate (infelizmente a maior das vezes de pacote, mas de vez em quando lá se encontra mousse “caseira”), pudins vários, sobremesas à base de canela, leite-moça (ou leite condensado, se preferirem o nome português) ou frutas variadas, entre muitas outras coisas. Nos supermercados encontramos ainda muita fruta variada como maçã, laranja, ameixas e outras.

No capítulo das bebidas, temos Super Bock! Também há Sagres e Cristal, mas isso não agora não interessa nada, porque há Super Bock e isso é quuuuaaaase perfeito… Temos ainda bebidas do grupo Coca-Cola (cola, Sprite, Fanta’s…) e há 7.UP. Há água tónica Schweppes. Também há Yuki e Blue, gasosas produzidas em Angola e cerveja Cuca, entre outras opções… Há martini, há gin, vodka e whisky das marcas mais conhecidas. Há vinhos, muitos sul-africanos cuja qualidade é muito razoável, e portugueses, em especial do Alentejo, que são muito caros, havendo ainda Douro e Verde e até já aqui encontrei o Castiço – o vinho do leitão da Bairrada que também se pode comer em Benguela num restaurante, tal como é possível comer francesinhas muito razoáveis no restaurante do Sporting de Lobito!

Nos supermercados encontram-se bolachas da Triunfo, Vieira, LU ou bolos da Dan-Cake. Encontram-se sumos da Compal. Encontra-se manteiga dos Açores ou leite da Mimosa e Agros. Já iogurtes só os vi até agora vindos da Africa do Sul. Encontramos Nescafé clássico, gold ou descafeinado, Nesquick, Suchard ou Cola Cao. Há muitos chás, não tantos como em Portugal, mas de diversas marcas e diferentes características. Há muitas padarias com pão de muita qualidade. Há pastelarias com bolos diversos e há bolo-rei no Natal. Mais uma vez digo infelizmente, pois nunca vi o meu predilecto pão-de-ló! Toma-se café expresso em muitos sítios, mas normalmente de fraca qualidade, umas vezes devido ao café em si, outras devido à moagem utilizada. E são sempre cheios, a transbordar da chávena! Pelo que há que ter sempre a atenção de pedir café CURTO e procurar os nossos Sical ou Delta que são muito superiores ao Café Ginga!...

Posto isto, devo dizer que não estou mais gordo, antes pelo contrário – mas tal deve-se apenas ao meu ritmo de trabalho que me impede de fazer asneiras como fazia em Portugal constantemente. Porque se assim não fosse, na melhor das hipóteses estaria na mesma! Portanto, a alimentação não é um problema para quem quiser vir de Portugal para Angola.

2007/06/21

Solstício de Inverno

Foi hoje, dia 21 de Junho, também dia de aniversário da minha “quase” prima Jenifa – parabéns, miúda! Pela primeira vez tive direito ao dia mais curto do ano no outro lado do equador e percebi que é bem diferente, pois mesmo assim tivemos quase 11 horas de sol! Que nasceu pelas 6h30 da manhã e deitou-se pelas 17h30.

O tempo continua agradável, mas muito mais fresco. Às vezes as neblinas matinais só cedem pelas 10 ou 11h00 e há constantemente uma brisa, por vezes vento, que vindo do sul é fresquinho – em especial à noite, visto que com a humidade alta de cá se torna mesmo desagradável. Nada que um homem do norte, cacimbado em muitos verões poveiros, vila-condenses e vianenses não esteja habituado e não suporte com um sorriso nos lábios – quanto mais não seja de ver os angolanos com kispos de Inverno, sobretudos, gorros e até luvas e cachecóis!

2007/06/17

Imagens [21] - Lobito como deveria ainda ser...

Uma leitora que entrou em contacto comigo teve a amabilidade de partilhar comigo as suas fotos recuperadas do Lobito dos anos 70, como ele era e como ele hoje ainda deveria/poeria ser.

Cidade pequena mas com intensa vida social e recreativa, prova do seu carnaval e das corridas de automóveis, cujas fotos podemos encontrar lá.

Deixo os links, vão ver porque vale mesmo, mas mesmo mesmo, a pena!

Temporárias
Lobito - Anos 70
Carnaval 1972
Carnaval 1973
Carnaval 1973 - snapshots de video
Carnaval 1974

Entretanto, não posso deixar de colocar on-line esta foto da entrada da Zona Comercial, bem em frente à obra do BNA. Lobito como ele deveria ainda ser...

Click para ampliar.

Obrigado, Maria Amorim.

2007/06/16

Linha de Rumo: Angola (III)

Lista de necessidades

É sempre subjectivo falar sobre o que é necessário trazer para Angola e cá ter, porque cada um é como cada qual… Portanto, aquilo que eu preciso pode ser desnecessário para qualquer outro, mas mesmo assim, aqui fica o meu “packing list” para estar no Lobito.

Antes de mais, uma boa farmácia, porque prevenir é o melhor remédio – no Lobito, como em Angola, há farmácias e medicamentos, mas normalmente ou são caros ou são de fabrico indiano… Por isso, estes são os básicos que devem constar na caixa de primeiros socorros.
Imodium - para as diarreias;
UL250 - para reconstituir a flora intestinal;
Paracetamol ou Aspirina - para gripes e constipações, frequentes graças ao ar condicionado;
Antibióticos - no meu caso, sendo ligeiramente alérgico a penicilina, é quase obrigatório andar com eles;
Mephaquin (ou similar) - que a(o) médica(o) da consulta para viajantes do Centro de Saúde da Batalha (no Porto, onde eu fui), à qual se tem de ir para obter o cartão de vacinas internacional, irá indicar (para prevenção do paludismo);
Voltaren (ou similar) - para prevenção de dores em torções de pés e afins (muito frequente torcer o pé com os buracos dos passeios);
Betnovate - para ajudar a “desinchar” as picadelas (ou trincadelas?) dos mosquitos africanos, que deixam cubulos com 1cm de diâmetro ou mais;
Outras coisas como auxiliares de digestão para as lagostadas, brufen, xarope para tosse, gotas para olhos, ouvidos e nariz, etc…


Nos artigos para a casa, apesar do preço algo exagerado e da pouca escolha disponível, encontra-se um pouco de tudo, mas às vezes há coisas que teimam em não estar nas lojas para venda…
Colheres de chá e café (é difícil encontrar isso aqui, não sei porquê!);
Chávenas de café (haver há, mas costumam ser muito caras, tipo 4 chávenas cerca de 10,00€);
Coberta (quem for friorento e graças aos ares condicionados, pode precisar de uma leve coberta para a cama);
Cortinados (aqui há uns pré-fabricados mas costumam ser um pouco finos, se a luz incomoda…)
.

Na parte da informática e comunicações, encontram-se bastantes produtos, mas não há lojas tipo FNAC ou Staples, infelizmente – e o que há aqui é mais caro…
Um computador portátil, pois claro, wireless de preferência para se poder ir para o Zulu como eu estou agora;
CD’s e DVD’s virgens que são carotes por cá;
Há duas redes de telemóveis em Angola, a Unitel (maioritária) e a Movicel. Da rede Unitel não se consegue mandar SMS para a Vodafone em Portugal. Recebe-se SMS, telefona-se, recebe-se telefonemas de lá, mas SMS de Angola para a Vodafone Portugal não passam! Fora isso, a rede funciona normalmente, com excepção de quando não funciona de todo… Os preços são normais, cada unidade de conversação em Angola na rede custa cerca de 7 kwanzas. E há telemóveis com cartão da Unitel e desbloqueados a partir de 5000 kwanzas (50 Euros), mas são os modelos mais básicos


Nos produtos de higiene pessoal, o supermercado Jota Jota tem muita oferta de produtos portugueses. Mas há coisas que prefiro não mudar e trazer de Portugal.
Perfume preferido (mas sem ser muito intenso ou há o risco de sermos perseguidos pelos mosquitos!);
Shampoo (quem não tem marca preferida, há aqui bastante oferta mas não se compara com o que temos em Portugal, mas se temos um produto preferido o melhor é trazer o suficiente para cada estadia);
Protector solar (aqui há mas é muito caro);
Nota 1 – há aqui um pouco de tudo o resto, desde pastas dentífricas até gel de banho, passando por cotonetes, álcool, água oxigenada e coisas assim)
Nota 2 – não há cabeleiros aqui, pelo menos que eu conheça, como nós os conhecemos aí… Conselho a uma mulher “maníaca” pelo cabelo: trazer secador, rolos, pentes, escovas, tesouras e tudo o resto que precise para se tratar… Conselho ao homem: trazer máquina de corte ou começar a pensar num estilo de cabelo comprido


Quanto a roupa é muito, mas mesmo muito subjectivo, pelo que ficam umas generalidades…
Fresca, claro. Estamos agora no período do cacimbo (Inverno) e o tempo mesmo assim anda na casa dos 20ºC à noite e pode chegar aos 30ºC de dia, apesar de haver mais nuvens e o tempo ser, de facto, mais fresco que entre Novembro e Maio. Aconselho uns casacos de malha para a noite ou principio da manha. A chuva é rara e normalmente só ao fim da tarde, pelas 19h00, no Verão (e já não chove desde meados de Abril), mas quando chove é em tal quantidade que a única protecção é não andar à chuva! Conselho: ter um casaco muito fininho impermeável, eventualmente um guarda-chuva pequeno para ter no carro para prevenção;
Pijama fresco;
Bikini ou calções e toalha de praia, pois claro;
Chapéu(s) por causa do sol forte de Verão;
Óculos de sol
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Para os tempos livres, e ainda no capítulo da subjectividade, eu preciso destas coisas:
Livros (e é uma chatice andar com eles para trás e para a frente pois pesam muito…) porque só há uma livraria mas com pouca oferta, infelizmente;
Ipod Nano, azul, pois claro e com muita música… apesar de se vender em grande quantidade cd’s pirateados na rua, mas são quase sempre de kizomba, música brasileira dos inqualificáveis duos sertanejos e similares;
Sapatilhas para correr (ou agora, para andar de bicicleta);
Jogos de computador (apesar de jogar pouco…);
Revistas (tipo Visão, Sábado, Fócus, Arquitectura & Construção, Arquitectura & Vida, Turbo, Auto-Motor);
Mochila - para levar coisas para a praia;
Filmes não preciso porque há alguns clubes de vídeo e tenho na TV por satélite os canais Lusomundo Premium e o Lusomundo Gallery;
Bicicleta (comprei cá uma, 300 dólares, mas em Portugal ela não custaria mais que 100 euros);
Camisola e cachecol do FC Porto, evidentemente! Mas em Agosto volto com uma bandeira também


E pronto! De repente, não me lembro de mais nada que possa aqui colocar…

2007/06/10

Dia de Portugal e das Comunidades

Hoje é o meu dia! Porque sendo este 10 de Junho dedicado aos Portugueses em Portugal e espalhados pelas 7 partidas do mundo e estando eu em Angola, integrado numa forte comunidade no país e na cidade/região onde me encontro, Lobito/Benguela. Sou imigrante em Portugal, emigrante em Angola, "migra" em Portugal, "pula" em Angola!

Mas a ligação a Portugal, ao contrário daquilo que o Presidente Cavaco Silva pretende, é cada vez menor e apenas afectivo-familiar. Porque não vejo um grande futuro a esse país que pretes a completar 900 anos de idade, está a definhar, lentamente, quer na sua população que não se renova, quer na sua esperança, o que é ainda mais grave.

O que vale é que ainda hoje é possível encontrar ecos da outrora grandeza de Portugal espalhados pelo planeta e sentir um pouco da nossa casa em África, nas Américas ou na Ásia.

Bom feríado em Portugal, a quem o puder aproveitar. Eu por cá já dei uma volta de bina (bicicleta) e talvez ainda vá à praia depois do almoço.

2007/06/09

Linha de Rumo: Angola (II)

Custo de Vida

Costumo dizer que as coisas aqui não são muito mais caras que em Portugal, têm é o transporte em cima. E que aqui há de tudo, excepto quando não há!

Angola é um país cujo sistema industrial está destruído e o pouco que resta não é competitivo, pelo que depende enormemente das importações, em particular de Portugal, do Brasil, da África do Sul e da China. Mesmo do ponto de vista agrícola, talvez porque os longos anos de guerras tenham levado uma imensa maioria da população a migrar do interior para Luanda, produz-se pouco e o país está também muito dependente das importações.

Como só há um aeroporto internacional, o 4 de Fevereiro, em Luanda, e dois portos de mar de grande dimensão, em Luanda e no Lobito, o resultado é um estrangulamento muito grande na entrada de bens em Angola e de custos de alfandega muito elevados – para além de que a própria viagem já é cara por ser tão distante.

O resultado é que se temos uma gasolina e um gasóleo ao preço da “uva mijona” (como disse da última vez, 0,40€ e 0,29€, respectivamente) depois há produtos que são muito caros. Uma breve lista de bens de 1ª necessidade com alguns preços em Kwanzas (100 Kwanzas valem esta semana 99 cêntimos de Euro e 70 cêntimos de Dólares americanos):
1 l leite magro Mimosa – 150 Kz
1 pac. 250g manteiga dos Açores – 330 Kz
1 iogurte natural – 70 Kz
1 garrafa água do Caramulo 1,5 litros –
1 pão de forma 500g – 55 Kz
1 pac. Nescafé Gold – 530 Kz
1 quarto de bola queijo dos Açores – 1100 Kz
Super-Bock 33 cl – 150 Kz
1 Kg Açúcar – 120 Kz

Para além disso, como os produtos chegam normalmente em carregamentos dentro de contentores, com alguma regularidade há quebras de stocks de produtos. Há bem pouco tempo quase esgotou o leite, neste momento quase não há manteiga – mas está a caminho, já saiu de Portugal, logo deverá demorar cerca de 20 dias a chegar cá, entre 2 semanas a 1 mês a desalfandegar… O importante é não desesperar nestes momentos!

Outros produtos, que não de 1ª necessidade. Alguns exemplos:
Café (simbalino) – 60 / 100 Kz
Gasosa (Fanta, Sprite, Coca-cola, Schweppes…) – 80 / 100 Kz
Lagosta viva Kg – 700 / 1000 Kz
Bicicleta TT – 22000 Kz
Pac. 100 Guardanapos papel – 140 Kz
Range Rover “tubarão” – 70000 USD
Aluguer de uma casa na Restinga – 3000 / 5000 USD/mês
Aluguer de um andar na cidade – 300 / 1000 USD/mês
Preço da internet por satélite – 200 Kz/hora / 500 Kz/dia / 4500 Kz/mês
Viagem de avião Luanda-Benguela – 90 / 110 USD
Impressora HP Deskjet 5610 – 21000 Kz

Enfim, poderia estar horas aqui a falar sobre preços de diversos bens de maior ou menor necessidade, mais ou menos supérfluos, dependendo do estilo de vida de cada um. Mas julgo que se pode perceber que se encontra um pouco de tudo (basta uma volta por um dos supermercados Shoprite ou Jota Jota ou por algumas lojas da cidade) apesar da oferta ser escassa e da dificuldade em dar assistência a alguns produtos, nomeadamente equipamentos mecânicos e electrónicos.

Parece-me que o mais importante de ser referido é que para nós, portugueses a trabalhar em Angola, na maioria dos casos muitos destes produtos estão incluídos no vencimento e contrato de trabalho, ou seja, estão incluídos ou obrigações da firma contrante para com o trabalhador ou, em alternativa, num valor extra mensal entregue localmente e normalmente em Dólares para que o trabalhador adquira então estes bens.

2007/06/03

Menina alta

Menina alta é a minha menina e é o seu blog na net. Visitem-na!

Baleia ao largo

Hoje de manhã, apesar das nuvens do cacimbo e do vento fresco, ainda estive na praia, não a trabalhar no bronze mas simplesmente a apreciar a paisagem, a ver o mar (o mar é grande, não é, Jorge?) e eis que de repente o Sr. Domingos, que me acompanhava, vê a sair do baia interior de Lobito uma baleia!

Grande, a vir à superficie de quando em vez respirar e fazer os tradicionais repuxos de água. Provavelmente terá seguido um cardume de peixes até lá e depois seguiu o seu caminho para sul. Ainda tentei fotografar a baleia com o telemovel, mas não consegui apanhar, infelizmente.

Mas fica o testemunho da sua presença em águas da baia do Lobito.

Linha de Rumo: Angola (I)

Nas próximas semanas irei publicar alguns textos sobre como é viver aqui no Lobito e em Angola. Como é circular, o custo de vida, a alimentação, os tempos livres, a economia, as profissões e o trabalho, enfim, falar um pouco de como está a ser e quais as minhas impressões sobre este país que me acolhe actualmente.
Estes textos surgem de questões que alguns leitores deste blog me têm colocado regularmente, em especial a Ana (portuguesa radicada em Madrid e cujo marido viveu em Benguela muitos anos), a Teresa (portuguesa do Porto com possibilidades de vir trabalhar para Benguela) e a Erika (brasileira que viveu em Luanda em miúda e que também gostaria de vir trabalhar para Angola) e que se calhar, como alguns outros leitores que sentiram a curiosidade e vontade de deixar o Portugal atávico, deprimido e depressivo e procurar a fortuna (no sentido da sorte, mas também do dinheiro) que cada vez parece mais difícil encontrar em solo luso e encontram nestas linhas e fotos que vou colocando um alento e uma forma de reviver dias passados em Angola, uma terra de 500 anos de histórias para os portugueses e brasileiros.


Circulação

Ao contrário de Luanda, capital de Angola, viver “na província” é bastante agradável. No que em Luanda é caótico, aqui é fluidez de tráfego (às vezes, graças aos “candogueiros” que são os taxistas das carrinhas de 9 lugares que chegam levar mais de uma dúzia de passageiros, é fluidez de mais!) e o que é insegurança em Luanda aqui é à vontade de circulação. A policia não manda parar constantemente como em Luanda, os assaltos são esporádicos e desde que cá estou, há 9 meses, não tenho conhecimento de nenhum português que tenha sido assaltado na via pública – ao contrário dos meus colegas de Luanda que são assaltados de metralhadora em punho na capital…

E de facto, a segurança é uma coisa aqui fundamental. Podemos circular na rua, a pé, com óculos de sol, telemóvel e máquina fotográfica sem qualquer problema. Podemos andar de carro com janelas abertas sem qualquer problema. Podemos deixar coisas dentro do carro sem grandes problemas, desde que o carro esteja num local movimentado. Nas casas como na firma, nunca houve assaltos, talvez por a minha estar num bairro periférico do centro da cidade e contar por isso com a presença de um segurança privado 24 horas por dia, por precaução.

E quando temos liberdade de circulação e segurança na circulação, tudo é mais fácil na nossa vivência quotidiana.

Depois, porque o combustível em Angola é muito barato, há um claro convite aos passeios. Neste momento, o câmbio do Kwanza, moeda angolana, está da seguinte forma: 100 Kwanzas = 1 Euro, 100 Kwanzas = 0,75 Dólares. E o litro do gasóleo está a 29 Kwanzas e a gasolina a 40 Kwanzas…

É evidente que estando as estradas num péssimo estado de conservação – pronto, estou a ser simpático, os buracos às vezes têm um pouco de estrada – apesar do esforço que está a ser feito para recuperar estas infraestruturas, o que implica a quase obrigatoriedade de se ter veículos todo-o-terreno, mais resistentes e capacitados para aventuras fora de estrada que é o que fazemos na estrada, por norma! Infelizmente, as ruas do Lobito, como as de Benguela, estão muito mal conservadas, tal como a estrada que liga ambas as cidades (com a vila da Catumbela pelo meio) mas com a vantagem da Motaengil estar neste momento a executar uma auto-estrada com base neste traçado que talvez para o próximo ano esteja concluído. Neste momento algumas ruas de Benguela estão a ser asfaltadas. Só aqui no Lobito é que não vejo grandes melhorias, infelizmente.

Mas pelo menos a Restinga, a língua de terra que avança sobre a baia do Lobito (ou seja, um istmo) está relativamente bem conservada (pelo menos comparativamente com o resto da cidade) e até permite andar de bicicleta e correr na sua extremidade que faz uma pequena pista/circuito de cerca de 1,2 km, que os estrangeiros aproveitam para, manhã bem cedo, usar como ponto de jogging, caminhada e pista de cicloturismo.

O que não facilita a circulação (e permanência no território) é toda a burocracia em torno dos vistos de trabalho e ordinários a que nós, portugueses, estamos sujeitos. Ao contrário do que se passa com outros países lusófonos onde há muito que as relações bilaterais estão normalizadas, em Angola ainda há constantemente questões legais e legalistas como ainda se passou há bem pouco tempo atrás com as cartas de condução, o que prejudicou dezenas de milhares de portugueses aqui em Angola durante algumas semanas. É urgente, é fundamental, que os governos de Portugal se entendam e cooperem com o governo de Angola de forma a facilitar quem aqui quer trabalhar, investir e realizar-se profissionalmente. Porque Angola, de todos os países africanos lusófonos deverá ser o que mais e melhores condições tem para se desenvolver investimentos e trabalhos, pelo que é de todo o interesse para Portugal virar-se rapidamente e em força para Angola, outra vez.

2007/06/01

Dia da Criança...

...logo, feriado em Angola.

É assim, dia da mulher, feriado, dia da criança, feriado. Porque será que não há um dia do homem?