E a notícia conta bastante bem o que se passou então, a cisão entre os então presidente do clube, Américo de Sá, e o director do futebol, Pinto da Costa, que levaram a que o plantel se dividisse e até treinasse maioritariamente de forma isolada na praia e longe dos poucos companheiros de equipa que se mantiveram no estádio junto do novo treinador.
Só tenho pena do artigo não estar mais desenvolvido, pois "pedia" algumas entrevistas aos intervenientes para, à distancia de 30 anos, se cruzarem as histórias.
Para ler:
"Há 30 anos, o presidente Américo de Sá demitiu Pinto da Costa, chefe do departamento de futebol. Com ele caíram Pedroto e 15 jogadores que se treinaram à parte.
Lançadas as sementes do bicampeonato nacional em 1978 e 1979, era altura de colher o tri em 1980, que seria inédito na história do FC Porto.
O início de época é prometedor, com 19 pontos nas primeiras 11 jornadas do campeonato (só três empates) e um feito europeu na primeira eliminatória da Taça dos Campeões, frente ao Milan (0-0 nas Antas e 1-0 no Giuseppe Meazza, com golo de Duda). O regresso de António Oliveira do Bétis, para onde se transferira cinco meses antes pela verba recorde de 36 mil contos, aumentou as esperanças, mas a ponta final da época é uma tremenda desilusão. Por culpa do Sporting - que ganha todos os jogos em casa, 15, ao contrário do FC Porto, que empata dois, o último deles, o decisivo, com os leões, a quatro jornadas do fim - e se sagra campeão na última ronda. E também por culpa do Benfica, que vence o FCP na final da Taça (1-0, golo do brasileiro César). As outras modalidades compensam com os títulos de campeão nacional de basquetebol, Taça de Portugal de andebol (24-22 ao Sporting) e Taça de Portugal de hóquei em patins (3-1 ao Benfica).
REVOLTADOS Mas é a falta de títulos no futebol que origina um conflito com a direcção do clube, liderada por Américo Sá, e redunda no adeus do carismático técnico (mais os adjuntos António Morais, José Mota e Hernâni Gonçalves), depois de demitido Pinto da Costa como director do futebol. É uma despedida sentida. E o FC Porto sofre como nunca, sobretudo nesse Verão de 1980. De um lado, o presidente Américo de Sá; do outro, Pinto da Costa, Pedroto mais os 15 jogadores dissidentes que recusam voltar a treinar-se pelo FC Porto e até emitem um comunicado de solidariedade em relação a Pinto da Costa, com a repetição das palavras "honra", "devoção", "honestidade" e "grandeza". Assinavam Teixeira, Oliveira, Lima Pereira, Frasco, Simões, Gomes, Freitas, Jaime Pacheco, Quinito, Octávio Machado, Romeu, Albertino, Costa, Sousa e Tibi. Pouco depois, Simões voltaria atrás e apresentar-se-ia nas Antas, às ordens do técnico austríaco Hermann Stessl, o substituto de Pedroto.
Os outros 14 instalam-se em Santa Cruz do Bispo e fazem a pré-época juntos, em autogestão. Compram uma balança para avaliação de pesos, são inspeccionados e sujeitam-se a regime alimentar específico. Pelo meio, são alvo de vinganças mesquinhas, através de coacção e chantagem. Alguns denunciam mesmo manobras de terrorismo para os demover desta atitude; chegam a referir ameaças de rapto dos próprios filhos.
SOSSEGADOS Este ambiente de cortar à faca só termina a 6 de Agosto de 1980. Há 30 anos, portanto. Costa foi o porta-voz do fim da revolta e Rodolfo, apontado pelos dissidentes como o mau da fita, pôs cobro a mais especulações. O problema é que nesse entretanto o FC Porto perde três elementos de máxima importância: Oliveira rescinde o contrato e assina pelo... Penafiel, Octávio Machado volta para o V. Setúbal e Fernando Gomes emigra para Espanha (Sporting Gijón).
O FC Porto entra em autogestão. Em dois anos de Stessl só ganha uma Supertaça, a primeira denominada Cândido de Oliveira. Em Abril de 1982, Pinto da Costa ganha as eleições presidenciais, chama Pedroto, e pronto, começa aqui o tsunami azul e branco, com epicentro em Portugal e repercussão em Viena (Taça dos Campeões), Sevilha (Taça UEFA), Gelsenkirchen (Liga dos Campeões) e Tóquio (duas Taças Intercontinentais)."
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