2004/02/26

Linha de Rumo n.º 59 - Oposição ou Alternativa?

“A política não é feita para cinzentos”, disse-me um amigo meu. “Ou é preto ou é branco, mas tem de se ter uma opinião, uma linha de rumo, como tu dizes”, frisou ainda. “É bipolar, tem que ter duas partes… ou então caímos num pântano, sem decisões e só compromissos”, concluiu por fim o raciocínio, esse meu amigo.
Depois de reflectir, cheguei à conclusão que era verdade! Os exemplos não faltam: com o Eng. Guterres entramos num socialismo de inspiração cristã, que “não era peixe nem carne” e acabamos por cair num marasmo, num pântano, conforme o próprio reconheceu naquela noite da “fuga” (ou demissão, conforme o ponto de vista) de 16 de Dezembro de 2001; os períodos de maior expansão foram em períodos de claro contraste PS-PSD e não de maior sintonia do “bloco central”, sendo hoje reconhecido que esses períodos de grande entendimento levaram a situações posteriores de depressão de Portugal; ou de forma mais teórica, há o governo e a oposição – aos primeiros cabe tomar decisões actuando de forma a melhorar as condições de vida dos cidadãos, aos segundos cabe fiscalizar e propor formas alternativas de governar; e também há os governos reformistas e activos perante os problemas e dificuldades de cada momento e há os governos situacionistas e reactivos, que nada fazem para alterar o rumo das situações, antes vão reagindo conforme podem às dificuldades que vão surgindo; e há as oposições que apenas fiscalizam, termo suave para criticar as opções e decisões tomadas pelos governos e as oposições que apresentam propostas, programas e ideias que em tudo são uma alternativa àquelas postas em prática pelos governos.
Neste momento, temos um Governo de Portugal reformista (reformou o “edifício” da Justiça, da Saúde, da Segurança Social, da Economia, das Finanças, da Administração Pública…) e activo perante as dificuldades que o país enfrenta, a agir em vez de reagir com políticas que para já o prejudicam mas que das quais o país irá beneficiar num futuro próximo. E temos uma oposição fiscalizadora, da qual desconhecemos em absoluto qual seria a forma de fazer aquilo que este Governo tem feito. Ou dizendo de outra forma, não dizem o que fariam, apenas dizem que não fariam assim; isto é, não apresentam uma alternativa, apenas criticam a opção tomada! Infelizmente a oposição (e refiro-me concretamente ao PS, que os restantes partidos de esquerda não têm quaisquer condições de serem oposição séria e credível a qualquer Governo, de direita ou de esquerda…) é passiva, quando não ausente ou omissa, preocupada com temas mediáticos (ou como diria um antigo líder juvenil, “fracturantes”) mas não com aqueles que realmente preocupam os portugueses: a economia, o emprego, a segurança… Para além disso, raramente apresenta verdadeiras alternativas para mudar o actual estado de coisas, para reformar; por norma, limita-se a dizer que o Governo anda a “destruir as conquistas de Abril” e como tal isso serve de argumento para nada fazer, nada mudar! Ora isso significa que o PS nacional não está preparado para ser alternativa ao Governo.
E em Guimarães?
Infelizmente, passa-se o oposto! Ao Governo do município situacionista, centralizador, desgastado por muitos anos de poder e falho de projectos e ideias para um futuro próximo, que vai reagindo aos problemas que surgem (e alguns criados pelos próprios governantes!) e que governa à vista, apertada pelo enorme endividamento que tem vindo a fazer ao longo dos últimos anos, opõe-se um PSD rejuvenescido, com uma nova visão de futuro, com novos projectos e novas ideias, frescas, arejadas, modernas e voltadas para o futuro.
Rui Vitor Costa já deu o mote: a juventude, a educação e o orgulho de se ser vimaranense estão no topo das prioridades. Porque um concelho jovem, com instrução e com orgulho da sua terra é um concelho condenado… ao sucesso!
Como é evidente, este não é o tempo de revelar ainda tudo. Um projecto político faz-se a vários tempos: há uma fase de pensar o projecto, há uma fase de discussão do projecto, há uma fase de crescimento do projecto e por fim este encontra-se maduro suficiente para que se torne público e nele se encaixem os protagonistas políticos que lhe darão corpo.
Posso garantir que o projecto está pensado. Posso garantir que a discussão ainda decorre: entre os agentes políticos, mas também com a dita sociedade civil, as associações e personalidades mais representativas que têm algo a dizer, de novo, sobre os mais variados assuntos. Posso garantir que o projecto está a crescer, de forma saudável e participada, dentro mas também fora dos gabinetes do partido. Posso garantir que o projecto político não é fechado em si mesmo, que é aberto a outras tendências políticas e personalidades de reconhecido mérito, assim queiram participar também.
Porque Guimarães merece. Porque Guimarães precisa de um projecto político alternativo, que devolva o orgulho de ser vimaranense, traga de novo o bom nome a estas terras.
E isso passa, sem dúvidas, pelo PSD. Oposição ou alternativa? Claramente, alternativa, porque é hoje a única alternativa, mais do que oposição.
Guimarães, 23 de Fevereiro de 2004

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