A decisão do Referendo

É hoje que se decide se a IVG avança em Portugal ou não. E poderá ser hoje também que se decide se os referendos são para avançar ou não...

O IVG, segundo as sondagens, deve sair despenalizado até às 10 semanas porque sim, num claro retrocesso civilizacional. A questão é se o escrutinio será vinculativo ou não, isto é, se mais de 50% dos eleitores votarão ou não durante o dia de hoje.

Pessoalmente, não me acredito que se consiga atingir a fasquia dos 4 milhões e 400 mil eleitores para validar este acto, pelo que a instituição Referendo sairá também ela em crise, mais uma machadada na pobre democracia de fim de época em que vamos vivendo no Portugal atrasado com laivos de avanços que temos em 2007.

O Portugal que continua o mesmo de sempre, prefere despenalizar os prevaricadores em vez de tratar as causas sociais e económicas que levam à prevaricação. É o Portugal que não tem dinheiro para coisas pequenas como um centro social multi-valente nas freguesias de Figueiredo, Leitões e Oleiros, em Guimarães, mas continua embrenhado em construir grandes Ota's e TGV's... É o Portugal que prefere fechar consulados, desamparando os cada vez mais cidadãos que têm de procurar no estrangeiro aquilo que não encontram em casa mas que continua a ter dinheiro para participar em acções militares em zonas do mundo que nada nos dizem nem onde estejamos de alguma forma representados para ponderar a nossa participação.

É o Portugal dos problemas agricolas de sempre: excesso de nabos e falta de tomates!

Cada vez me sinto mais triste com o país onde nasci e cresci, que habituei-me a amar e honrar e que tentei servir da melhor forma e mais desinteressada nos anos em que estive ligado, de alguma forma, à gestão da coisa pública - desde as juntas de freguesia ou assembleia municipal até à minha disponibilidade para desempenhar outras funções que entendessem.

O que recebi em troca? Quase nada, muito menos do que aquilo que eu dei, posso garantir. E agora que estou longe, a pensar em mim e no meu futuro, cada vez vejo com mais clareza o atraso dos nossos governantes, pequeninos mas sempre em bicos de pés, da nossa mentalidade, do nosso país...

É triste saber que mais de 100 anos depois ainda há quem olhe para Portugal e veja aquilo que alguns dos maiores intelectuais do século XIX viram: atavismo, pouca educação, inveja, pouco civismo, egoismo, pobreza de espirito...