2009/01/27

Neurónio criativo

Eu juro que não queria falar sobre o Freeport. Mas eu ficava aqui engasgado, entalado, se não escrevesse umas palavras sobre o assunto.

Já em 2005 se falou do caso e já então eram evidentes as baldrocas do processo. Quem anda no licenciamento de processos complicados, como esse, e em particular quando tocam na parte da natureza, sabe bem da extrema dificuldade e morosidade que é chegar a bom porto. E este processo bateu records de tempo e sempre em timings fantásticos devido à dissulação do Parlamento e marcação de Legislativas. Só aí já se percebia que algo de anormal se passava - até nisso somos pobres de espírito, o cumprimento de prazos legislativos de licenciamentos é estranho em vez de normal, o normal é prazos anormalmente longos...

Depois de, por um golpe de sorte, a policia inglesa se ter envolvido e depois de 4 anos de anonimato na investigação em Portugal, finalmente apareceram desenvolvimentos graças ao meio-tio e ao filho deste que apontam e colocam em causa, se não a seriedade, pelo menos a ética política do actual primeiro ministro, sobrinho e primo destes.

E como sempre, qual a reacção dele? Arrogante, com desculpas que não colam e lançando os homens de mão para o tabuleiro. E pondo as agências de noticias a lançar alternativas - o BPP e o BPN na ribalta outra vez, daqui a uns dias irá surgir um problema com o futebol, talvez a eliminação do FC Porto da Taça da Liga ou mais algum avanço na sanha persecutória da Dr.ª Morgado contra o futebol e o Pinto da Costa em particular e depois a possível internacionalização do Liedson por Portugal, sai a sentença da Casa Pia e pronto, mandando calar o tio, o primo e mais uns tantos personagens, a história morre e outras polémicas tomam o seu lugar.

Escusado será dizer que num país de tradições democráticas fortes e de cultura anglo-saxónica, ele tinha-se demitido e defendia-se por fora. Mas estamos a falar de Portugal, onde já se passaram casos graves e similares de alguma forma com outros políticos e ninguém se desapegou da cadeira do poder.

Que dizer mais? Que nem é preciso um neurónio muito criativo para perceber como tudo isto vai acabar? Já nem peço para haver justiça ou moralidade - coisa que deve ter sido exportada há muito de Portugal! Só pedia que, pelo menos uma vez, um político com poder não levasse a melhor sobre o povo português e que o assunto fosse levado até às últimas consequências. Uma vez só...

1 comentário:

Sarita disse...

Pois... toca a dar novas notícias: diligências aos advogados e o bastonário fica todo chateado - provavelmente anda a pensar que "como não foram avisados os "irmãos" advogados não tiveram tempo de apagar ficheiros." Se há medo alguém esconde alguma coisa... Já dizia o meu avô: onde há fumo, há fogo!