Comecei a ler este pequeno livro no avião quando vim de Luanda para Lisboa, onde dormi mais de metade do tempo mas passei do meio do livro.
Porque se lê este livro de uma penada, acabei de o ler nos breves momentos que nestes dias já em Portugal de forma prazenteira, de tal forma que até tenho vontade de o ler já outra vez!
Que livro fantástico.
Gostava de escrever assim, de forma simples, incisiva, quase poética e sem nunca perder o fio à meada do quase romance que MST aqui escreve. Não sei se é uma autobiografia ou não, mas aconselho a leitura. E só quem esteve no deserto, ou como no meu caso, quem andou por paisagens desérticas e cheias de nada como algumas de Angola, pode perceber a história aqui contada de forma abrangente.
E excelentes as pequenas ilustrações de Charles de Foucauld (1856-1916) retiradas do livro "Esquisses Sahariennes - Trois Carnets Inédits de 1885".
Duas frases que retirei de lá, porque não posso citar a totalidade do livro...
"Às vezes, lá onde moro, fico à noite a olhar as estrelas como as do deserto e oiço o tempo a passar, mas não me angustia mais: eu sei que é justo e que tudo o resto é falso."
"Fiz filhos, construí casas, escrevi livros e plantei árvores. Gosto da ideia da continuidade das coisas."
Sinopse:
"Novo livro de Miguel Sousa Tavares. Um Quase Romance. Receba em primeira-mão o novo livro de Miguel Sousa Tavares.
«Às vezes, lá onde moro, fico à noite a olhar as estrelas
como as do deserto e oiço o tempo a passar,
mas não me angustia mais:
eu sei que é justo e que tudo o resto é falso.»
“Esta história que vos vou contar passou-se há vinte anos. Passou-se comigo há vinte anos e muitas vezes pensei nela, sem nunca a contar a ninguém, guardando-a para mim, para nós que a vivemos. Talvez tivesse medo de estragar a lembrança desses longínquos dias, medo de mover, para melhor expor as coisas, essa fina camada de pó onde repousa, apenas adormecida, a memória dos dias felizes.”"
1 comentário:
Foi uma leitura que gostei bastante, confesso que ao início parecia que estava a ler um livro de viagem, mas o autor na parte final do livro mostra que o livro é muito mais do isso. Em poucas páginas e com uma escrita muito acessível, Miguel Sousa Tavares conta uma história que nos prende desde do início, mas também questiona muitos dos nossos comportamentos.
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