2012/01/31

Conferência/Debate sobre Mobilidade pela Conferência Permanente de Cidadãos

Decorreu esta noite nova conferência da CPC dedicada ao tema da "Mobilidade em Guimarães" e que tive o grato prazer de moderar.

Antes de mais, uma coisa que me surpreendeu foi a casa cheia, talvez mais de 40 pessoas, entre elas imensos jovens. É bom saber que este tema desperta mesmo atenções.

Depois, as opiniões diversas e controversas que aconteceram ao longo das mais de 2 horas de aceso debate e troca de ideias foram muito interessantes.

Abordados que foram os temas dos transportes públicos, dos estacionamentos, da criação de mais ruas pedonais, da desertificação habitacional e comercial do centro histórico, dos diferentes utilizadores do espaço (os habitantes e comerciantes em oposição aos turistas e aos frequentadores dos espaços nocturnos), da implementação de zonas cicláveis, da implementação de planos de mobilidade em cidades limitrofes, da forma como se pode regular o transito, chegamos no final a algumas conclusões: em Guimarães não aparenta haver uma estratégia subjacente à questão da mobilidade. Tomam-se pelo poder político atitudes contraditórias, com fins antagónicos, da forma mais natural do mundo.

Seria positivo existir um estudo profundo, coerente e com procura de soluções que fossem integradoras das várias situações que permitissem melhorar todos os tipos de mobilidade, de quem anda a pé, de bicicleta, de transportes públicos e de automóveis. À semelhança, por exemplo, do que está a fazer com algum sucesso, a cidade de Barcelos (partes 1, 2 e 3), integrante do nosso Quadrilátero Urbano.

Há, por isso, muito a fazer sobre o assunto em Guimarães. Que está melhor nalguns aspectos do que se apresentava há alguns anos atrás, mas que se não mudar de paradigma e alterar alguns conceitos, poderá vir a ter sérios problemas a médio prazo.

Moderado por mim e com as presenças de José Gonçalves e José Cunha.

Deixo, por fim, aquela que é uma boa definição de mobilidade urbana e que serve a todos, da autoria da Engenheira Civil brasileira, Cristina Baddini:

"Mas, afinal, o que é mobilidade urbana?Quando uma cidade proporciona mobilidade à população, oferece as condições necessárias para o deslocamento das pessoas. Em outras palavras, ter mobilidade é conseguir se locomover com facilidade de casa para o trabalho, do trabalho para o lazer e para qualquer outro lugar onde o cidadão tenha vontade ou necessidade de estar, independentemente do tipo de veículo utilizado. (...) Ter mobilidade urbana é pegar o ônibus com a garantia de que se chegará ao local e no horário desejados, salvo em caso de acidentes, por exemplo. É ter alternativas para deixar o carro na garagem e ir ao trabalho a pé, de bicicleta ou com o transporte coletivo. É dispor de cicloviase também de calçadas que garantam acessibilidade aos deficientes físicos e visuais. E, até mesmo, utilizar o automóvel particular quando lhe convir e não ficar preso nos engarrafamentos."

2012/01/27

As obras da A3

Foto Amândio de Carvalho, S.A.
Em Julho de 2010 iniciaram-se entre os nós de Santo Tirso e Trofa as obras de alargamento da A3, com duração prevista de 20 meses. Isto é, deviam terminar daqui a menos de 2 meses...

E digo deviam porque hoje ao lá passar, reparei num pormenor engraçado. Boa parte da extensão da obra ainda está por asfaltar (talvez metade do percurso, diria eu a "olhómetro") e, mais grave, ainda estão em execução alargamentos de pontes existentes (naquela zona que cheira mal, por exemplo, ainda falta executar o tramo todo do viaduto quem vai para o Porto) e faltam ainda executar 3 pontes sobre a autoestrada e demolir 2 pontes existentes que serão anuladas com as novas. E inicio do tramo a alargar, quem entra no nó de Santo Tirso, só esta semana foi iniciado, pelo que ainda estão a remover terras dos taludes laterais do monte. Menos de 2 meses para tudo isto? Parece-me pouco...

Mas a parte que é pior é que numa noticia do JN sobre o inicio da obra descobri algo que me faz pensar quanto tempo estaremos, os utilizadores da A3, sem obras... A Brisa era contratualmente obrigada a aumentar de 2 para 3 faixas (o que está a ser feito agora) quando o tráfego ultrapassasse os 35 mil veículos/dia. Mas isso já terá sido há muito tempo, visto que a noticia refere que já nessa altura o tráfego da A3 superava os 50 mil veículos/dia naquele troço... e por contrato a Brisa terá de aumentar para 4 vias quando o mesmo supere os 60 mil veículos/dia, coisa que com este alargamento diria que irá acontecer muito mais depressa que os 6/7 anos que a Brisa estima serem necessários...

Enfim, a típica incompetência de planificação e previsão dos portugueses espelha-se, no seu máximo esplendor, nas obras de estradas, que normalmente são feitas atrasadas e quando prontas já estão quase no limite máximo do tráfego que aguentam...obrigando quase de imediato a nova intervenção. Depois, perguntem como é que há deficit e coisa e tal...

2012/01/22

Da abertura da CEC2012 no Toural

Não sei. Não vi.

Tentei, mas não foi possível lá chegar. O que me chateou mais profundamente é que eu nem sequer ia para a praça, só queria chegar ao edifício, pois tinha onde assistir "de balcão"!
Imagem Público | P3

Assim, assisti na Oliveira por uma TV e tenho visto fotos, daquilo que me parece ter sido um fantástico espectáculo dos La Fura Del Baus.

Mas o que me preocupou mesmo foi a enorme quantidade de barreiras policiais, daquelas de ferro, que colocavam para impedir o acesso ao Toural. É que as barreiras que impedem a entrada, são as mesmas que impedem a saída... e agora imaginem que tinha acontecido um acidente qualquer - por exemplo, rebentar um cabo que segurava um dos bonecos gigantes - e a multidão tinha um momento de pânico e tentavam fugir do local... alguém consegue prever o que se teria passado quando a multidão começasse a ser apertada contra essas barreiras metálicas? Eu relembro o que se passou em Heysel Park, num tristemente célebre Liverpool-Juventus para se ter uma ideia do que poderia ter acontecido!

Esta é, claramente, uma situação a repensar - ou o local, ou a forma como se acede e impede o acesso lá. Não esquecer que esta foi a primeira de 5 apresentações semelhantes que este grupo vai realizar...

No restante, só espero na próxima vez organizar as coisas de forma a conseguir lá chegar antes de ser fechado o espaço... à primeira, cai quem quer, à segunda, só quem quer cai...

2012/01/21

O dia 0

...10...9...8...7...6...5...4...3...2...1...0!
O dia 0.

O momento em que tudo se inicia, o momento em que termina o count-down.

Foi um ano atribulado, este que nos trouxe até este dia, o dia que todos esperavam para que terminassem os preparativos e começassem os espectáculos.

As polémicas foram variadas e diversas, desde as políticas seguidas pela organização até ao curso e atrasos das obras levadas a efeito para o evento, passando ainda pela queda da líder inicial do projecto.

De tudo um pouco aconteceu.

Entidades várias tiveram que intervir, fazer valer o seu peso político, institucional ou de cidadania para prevenir e remendar erros vários que iam acontecendo.

Hoje, no dia 0, com o arranque oficial do evento, muitas polémicas estão resolvidas, outras serão ultrapassadas, outras ainda esquecidas. Mas nem tudo passou e foi perdoado - por exemplo, a questão dos ordenados e do término da FCG, não passará nem será esquecido. E, com toda a certeza, conhecendo Guimarães e os vimaranenses, orgulhosos da sua cidade e das suas coisas, outras polémicas irão nascer.

Mas hoje, o importante é celebrar este evento único que se inicia e se prolonga pelos próximos 11 meses - termina a 21 de Dezembro de 2012. E, acima de tudo, participar nos eventos que irão acontecer nos próximos 11 meses - mais de 600, segundo a informação disponibilizada pela FCG, o que dá um pouco menos de 60 por mês, cerca de 2 por dia. Participar não por participar, mas participar activamente, isto é, participar naqueles espectáculos que nos digam alguma coisa - razão porque hoje à noite estarei no Toural a assistir aos La Fura Del Baus naquele que deve ser um fantástico espectáculo de abertura aberto a toda a cidade e, porque não, a todo o mundo!

2012/01/20

E finalmente vai começar a CEC2012!

Ao fim de 21 dias deste ano de 2012, irá, finalmente, arrancar a sério o evento Capital Europeia da Cultura 2012 em Guimarães.

E, pelo que vou lendo, para além de termos uma imprensa nacional mobilizada e cooperante - TSF, SIC, RTP, Público, Visão, Expresso, entre tantos outros, têm vindo nos últimos dias a fazer extensas reportagens e peças jornalísticas sobre o assunto - e, de entre tantas, destaco uma diferente do habitual.

Foto do Fugas
É um roteiro do Fugas, do Público, "Dez passeios por Guimarães, dez séculos de arquitetura(s) aos nossos pés".

E é diferente porque faz aquilo que eu acho que a CEC2012, através da FCG, deveria ter feito e estar a dar agora à estampa: é um roteiro para visitar Guimarães através da arquitectura. Ou seja, foge aos habituais roteiros turísticos e mostra outro concelho, através, por exemplo, dos diferentes tipos de arquitectura que aconteceram no concelho ao longo dos últimos 10 séculos de história.

E como este roteiro, feito com calma e ponderação por um vimaranense com tempo para pesquisar, fotografar, catalogar e mapear tantos bons e belos exemplos de arquitectura que se encontram cá, deveria ser um belo livro.

E poderiam ser ainda feitos outros, como um Roteiro da Arte Sacra, um Roteiro das Casas Senhoriais, um Roteiro da Boa Mesa, sei lá, tantos e belos livros poderiam ter sido deixados para a posteridade representando o valiosíssimo património cultural vimaranense e ajudando a difundir, ainda mais longe, a cultura de Guimarães. Infelizmente, para já, só nos jornais e revistas se vão encontrando, casuisticamente, estas propostas...

Vale a pena ler as propostas do Fugas e procurar as mesmas no concelho - conheço quase todas de as palmilhar desde infância (menos a quinta do falecido arquitecto Távora) e merecem a visita.

E podem começar amanhã mesmo, na inauguração, pelo Toural, onde irão actuar os La Fura del Baus e onde eu conto estar a assistir.

2012/01/19

E isto discute-se?

Imagem "Politiquices de Portugal e do Mundo"
E pronto, lá está o nosso Parlamento a derivar! Ou delirar, se preferirem. Porque há coisas que, estas sim, é perder tempo discutir, como seja este caso da "barriga de aluguer".

Se não é método alternativo aos tradicionais e aos laboratoriais, então para que é que se está a falar do assunto?

Com tanta criança abandonada e mal tratada, com tantas técnicas de fertilização laboratorial e com os avanços da medicina e da ciência ao nível dos fármacos, não haveria coisas mais urgentes e necessárias para discutir e legislar neste país?

E o que me custa mais é que o "meu" partido, o PSD, tem a mais absurda das propostas, sem ponta por onde se lhe pegue. Lá diria o amigo Diácono: não havia... nexexidade...

Vá, deixem-se lá de coisas e peguem em assuntos a sério que têm de ser revistos de cima a baixo, que permitam criar empregos e riqueza, diminuir custos do Estado e controlar o défice. Isto, nem se discute - até porque, desconfio, o Presidente da República vai chumbar...

2012/01/18

Da arquitectura do ferro

Na TSF, uma série de programas do Fernando Alves sobre Guimarães e a CEC teve, logo no seu inicio, um dedicado ao amigo Jerónimo Silva, actual proprietário da famosa casa "Ferreira da Cunha", bem no centro histórico de Guimarães, na sua principal praça, o Toural.

E foi por isso com muito agrado que ouvi esta reportagem, excelente, de resto, como já nos habituou o Fernando Alves e complementada com o endereço do site desta secular casa, onde podemos apreciar algumas maravilhas confeccionadas artesanalmente, conforme ditam os sabores dos tempos.

Vale a pena a visita ao site, para ver fechaduras, aldrabas, trinquetas, puxadores, batedores, pedreses, dobradiças, lemes, espelhos ou pregos de outros tempos. E vale mais ainda a visita à própria loja, no largo do Toural, onde não se sai sem trocar umas palavras sobre a sua arte ou a nossa cidade - por exemplo, a sua mágoa, que é a minha também, sobre o "novo" Toural...

2012/01/17

CGTP-out!

É o costume. Independentemente do Governo em funções, do estado do país, esta central sindical nunca assina acordos de concertação social.

E, para não variar, voltou este ano a colocar-se de fora, bem como aos seus representados, dos necessários e urgentes acordos que visam muito mais que cumprir o que estabelecemos com a dita "troyka", visam sobretudo voltar a dar competitividade e mais valor ao trabalho e produtos portugueses, forma única de conseguirmos, a breve prazo, equilibrar as nossas contas internas e externas.

A CGTP não muda. Não muda de dirigentes, sempre o mesmo Carvalho da Silva a repetir sempre o mesmo discurso fedorento de tantos anos e sempre a querer ir para a luta sindical - aliás, a única coisa coerente, pois sem ela o seu posto sindical perder validade...

Não vale a pena lutar contra certas coisas. Lutar para trazer razão e razoabilidade à CGTP é pior que bater no muro de Berlim - este, ao menos, acabou por cair, apesar de alguns sindicalistas desta organização parecer não saberem disso...

2012/01/09

Semana 2, voltou o stress académico

Um mês terrível, este Janeiro, com exames todos os fins de semana e vários trabalhos para entregar e apresentar.

Que venha Fevereiro, para descansar um pouco... se não tiver de ir a recurso a nenhuma cadeira!

2012/01/03

Imagens renovadas no post mais lido deste blog

Em Janeiro de 2007, faz agora 5 anos, coloquei on-line aquele que é, até ao momento, o mais lido de todos os mais de 2000 posts
que fazem este blog desde 2003. As imagens da Ganda, Caimbambo, Alto-Catumbela, Sumbe e Miradouro da Lua não só atraíram imensos visitantes como fizeram, pelo que se lê nos comentários, as delicias de tantos que lá nasceram ou viveram mas não vão lá desde as suas infâncias, por volta dos anos setenta. Infelizmente as imagens estavam alojadas num servidor que foi entretanto encerrado, pelo que hoje aproveitei para repor on-line fotos (não sei se são exactamente as mesmas, mas devem ser as mais importantes) de forma a que todos aqueles que as procuram (e costumam ser mais de 10 por dia) as possam usufruir novamente.

2012/01/02

Invictus (Título Original: "Invictus")

Da vida de Mandela regista-se esta história, que Clint Eastwood pôs no cinema (em filme com o mesmo título), de um poema de William Henley que inspirou primeiro o estadista sul-africano durante os seus anos de prisioneiro e, mais tarde, o capitão dos Springboks no Mundial de Rugby que a África do Sul haveria de vencer.

Porque o poema é, de facto, inspirador, aqui fica ele numa tradução para português, para nos inspirar neste ano de 2012 que irá ser tão difícil e que só sendo cada um de nós o comandante das nossas almas é que poderemos ser senhores do nosso destino! A todos, um sincero bom 2012!


Autor: William E HenleyTradutor: André C S Masini

Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.

Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - erecta.

Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.

Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.