"Isto está a passar todas as marcas", José Sócrates, 13.11.2009
E tem toda a razão. O senhor Primeiro Ministro está a passar todas as marcas ao confundir - e de passagem tentar confundir a opinião pública - as coisas.
"O ponto, e importa não confundir as coisas, é saber se durante meses a fio eu fui escutado - porque isto está a passar todas as marcas, se essas escutas foram legais e se é possível fazê-las num Estado de Direito.", José Sócrates, 13.11.2009
ERRADO!
O ponto é que não foi o cidadão José Sócrates que foi escutado. Foi o cidadão Armando Vara (entre outros mais) que por acaso recebeu e/ou fez telefonemas ao cidadão José Sócrates a falar sobre assuntos, pelo ouvido e aparentemente, comprometedores. E sendo lá da serrania, deve ter escutado muitas vezes as suas avós e os mais velhos dizer algo do género: "diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és"! Pare lá de inverter as coisas que ninguém o escutou a si, escutaram o outro senhor. Se o senhor não fosse tão amigo, ex-sócio e sei lá que mais do cidadão Armando Vara, não tinha sido escutado - olhe, eu não fui, nunca falei com semelhante personagem! E mais lhe digo, era o que faltava que na Republica de Portugal existissem cidadãos de segunda e de primeira, os que podem ser escutados e os que não podem só porque são empossados de um cargo que deveriam dignificar e honrar - digo-lhe ainda mais, esses detentores de cargos deveriam ser todos escutados por natureza. E mais lhe digo ainda, eu e as suas avós e os mais velhos lá nas serranias, "quem não deve, não teme"! A mim podem-me escutar que não me apanham a ter conversas comprometedoras, mas verdade seja dita que não tenho nenhum cargo desses, antes pelo contrário, fui vitima do país que andam a gerir há 35 anos e tive de vir para uma ex-colónia encontrar as oportunidades de trabalho e financeiras que em Portugal não me dão.
Como dizia o próprio imperador Júlio César a falar na 3ª pessoa como lhe era habitual, "à mulher de César não basta ser séria, precisa também de parecer séria". Se isso se aplicava há dois mil anos a essa senhora que nada era mais que a esposa de um estadista, a um estadista dos dias de hoje isso aplica-se muito mais!
Por isso, em vez de confundir as coisas, o cidadão José Sócrates, por acaso Primeiro Ministro do meu país, deveria tomar uma única atitude: mandar publicar todas essas conversas. Se nada disse de comprometedor e nada fez de ilegal, que tem a temer? Ou será que quem teve essas conversas foi o Primeiro Ministro José Sócrates e são segredo de Estado? É que então temos de esclarecer rapidamente o que anda o chefe do executivo a fazer e a falar. E já agora, como podemos distinguir os momentos entre o cidadão anónimo José Sócrates, a figura pública José Sócrates e o Primeiro Ministro José Sócrates, quais os seus horários para sabermos quando uma conversa é privada ou profissional?
O facto é que, mais uma vez, temos o nosso Primeiro Ministro envolvido numa polémica, numa história mal contada, numa confusão. Como se diz aqui em Angola, é um confusionista, um elemento que causa e está sempre envolvido em confusões. E isso não é bom... nem para si pessoalmente, o que não me interessa nem um pouco, nem para o país que por acaso tem o dever de governar, o que já me interessa muito e mais me preocupa ainda...
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