Ou sem ódio. Unhate, no original da original campanha da Benetton.
Há muitos anos que a empresa italiana não usava esta técnica de provocação para a sua publicidade (quem se esquece das campanhas com imagens de cadáveres ainda ensanguentados?) em que em vez de promover a roupa de per si, a empresa promove a marca através de publicidade controversa, que visa chocar a opinião pública e criar um evento que coloque a marca no centro das atenções e dos noticiários (de TV, rádio, escritos e agora electrónicos) de forma a aumentar o reconhecimento e exposição da mesma - obtendo o retorno respectivo por essa via.
Não é um conceito fácil de trabalhar, ou fácil de perceber.
Não sei se resulta, mas para a empresa insistir nele, provavelmente é porque os benefícios serão superiores aos prejuízos.
E é curioso como uma campanha denominada UNHATE (sem ódio ou desódio numa tradução mais "à letra") levanta tanta ódio e tanta polémica.
O beijo original: os comunistas Brejnev (URSS) e Honecker (RDA) |
No fundo, que tem isto a ver com roupa?
A resposta, é simples.
Não tem a ver com a roupa, tem a ver com a imagem da marca: polémica, inconformada, politicamente incorrecta, diferente, original, preocupada socialmente. E a imagem da marca define a imagem das pessoas que lá compram, que se reconhecem nessa imagem.
E entretanto, tem tido tempo de antena prime-time em todo o mundo, com telejornais, jornais e revistas a falarem desta campanha. E também blogues, como este - que não fica indiferente à questão.
Pessoalmente, não me choca a campanha. Pessoalmente, não é por ela que vou comprar roupa da marca Benetton - ou não vou. Não sou susceptível a propaganda ao ponto disso - compro o que gosto e acho confortável. Mas também percebo a onda de choque que tem provocado em todo o mundo, em particular uma foto que não está disponível no site da campanha, que é o beijo entre duas entidades religiosas - o Papa e o Imã do Egipto. Apenas espero que a campanha faça, pelo menos, os líderes retratados reflectirem sobre a forma como conduzem políticas. Porque a forma como são aqui retratados e as reacções que produzem reflectem o que as pessoas, os cidadãos, pensam sobre eles e a forma como conduzem os seus países e o mundo...
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