2004/08/05

Linha de Rumo n.º 63 - Uma nova linha de rumo

Muito se passou em Portugal no espaço de um mês.
Propositadamente, abstive-me de comentar todas as evoluções políticas nacionais para poder depois melhor reflectir e analisar.
E que vi eu?
Vi um português – José Manuel Durão Barroso – ser reconhecido internacionalmente pela credibilidade da sua governação e ser eleito Presidente da Comissão Europeia, cargo reforçado de poderes após a Constituição Europeia ter sido recentemente aprovada.
Vi socialistas que primeiro defendiam acerrimamente a necessidade e importância para o país de António Vitorino ser Presidente da Comissão Europeia, depois virem minimizar o cargo e defender que Durão Barroso não devia ter aceite o mesmo e que Portugal pouco lucrará com isso.
Vi socialistas que se diziam profundamente unidos (apesar de já haver na altura duas candidaturas anunciadas ao Congresso…) e a manifestarem-se à porta de Belém a pedir eleições antecipadas e depois de, racionalmente, Jorge Sampaio ter tido a única atitude credível que podia ter – convidar o maior partido da Assembleia da República a formar novo Governo – vieram dizer que era uma derrota pessoal, que não apoiavam mais o Presidente da República, pediram até a sua expulsão do PS… E apresentaram-se mais candidatos à liderança, apesar do “desejado” não ter ido à “festa” com a D. Constança!
Se mais não fosse, só essa situação de guerrilha interna e falta de estabilidade do maior partido da oposição justificava o convite ao PSD para formar novo Governo assente em dois pressupostos: que emane da actual maioria parlamentar e que mantenha a linha de rumo traçada pelo Governo do agora Presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso.
De referir a forma correcta como o PSD procedeu ao longo de todo o processo: aguardou serenamente as tomadas de posição do Presidente da República e foi actuando de forma a não melindrar qualquer figura, do partido ou da hierarquia do Estado.
Assim, naturalmente, acabou por emergir Pedro Santana Lopes, primeiro como líder partidário, depois como 1º Ministro. E começou logo a causar “mossa” à esquerda “caviar-chique”, que hoje vai do PS até à coligação de partidos de extrema-esquerda agrupada no Bloco de Esquerda. De resto, esta é uma das suas principais vantagens: é que não passa indiferente às pessoas, ou é amado ou é odiado, mas - seguramente - que não é cinzento e não procura ser aquilo que hoje se define como “politicamente correcto”, isto é, toma partido, toma decisões e não adia nem tenta encontrar pífios consensos que nada mudam.
Desde logo, a decisão de começar a deslocalizar diversos serviços ministeriais para diversos pontos do país, bem como levar o Conselho de Ministros com regularidade para fora de Lisboa são excelentes medidas. Só quem vive fora e longe de Lisboa sabe como é importante existirem, por exemplo, Secretarias de Estado em Braga, Aveiro, Évora ou Faro. Porque dinamizam outras cidades, porque obrigam os políticos a tomarem conhecimento de outras realidades que não a de Lisboa onde todos os “lobbys” e interesses gravitam.
Concretamente, naquilo que aos vimaranenses mais próximo está, a presença do Secretário de Estado da Juventude, Pedro Duarte, no distrito e agora GAMM poderá ser aproveitada para lhe mostrar que este é um concelho muito jovem e que tem ainda muitas carências ao nível da política da juventude – a começar pela total ausência de uma política de juventude na própria Câmara Municipal, que não tem um Vereador da Juventude e na maioria socialista não tem tão pouco qualquer vereador jovem… Sempre se disse que um dos motivos de desenvolvimento de Lisboa e de esquecimento do resto de Portugal era a proximidade dos centros decisórios de Lisboa; esta medida, ainda tímida mas arrojada para um novo começo, vem quebrar essa proximidade de Lisboa, criando novas proximidades a zonas geográficas distintas e isso é muito positivo. Cabe agora aos diversos Secretários de Estado e às suas equipas provarem que esta medida é correcta e que de seguida deverá ser transferida também a respectiva Secretaria-Geral para a cidade, para que os serviços sejam também descentralizados.
Mantendo o rumo traçado pelo Governo de Durão Barroso, acredito que Santana Lopes seja capaz de imprimir um novo dinamismo e um estilo próprio de Governo que catapulte o país neste dois anos para o crescimento económico que já se vai fazendo sentir e que possa assim disputar, em 2006, as eleições legislativas com um mandato de quatro anos cumprido e pronto a ser julgado pelos eleitores.
Será, então, uma nova linha de rumo governativa que aí vem.

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