2011/10/15

Indignados?

Pergunto-me quem são os promotores indignados... Porque de apartidário, nada tem. Um movimento onde só se vêm deputados do PC e do BE, onde só comentadores desses partidos destacam e defendem isso na TV, que defendem o fim do capitalismo (já agora, substituído por quê?) não é apartidário. É de esquerda, melhor dizendo ainda, de extrema-esquerda.

Compreendo que o cidadão esteja indignado e revoltado. Quem não pode ficar dessa forma, sentir-se assim, quando percebemos que o país está à beira da falência, que mal tem dinheiro para pagar os ordenados e que se não tivessem sido injectados muitos mil milhões de euros pela Troyka, neste momento o Estado tinha vários meses de ordenados em atraso, os organismos públicos estavam paralisados sem materiais para trabalhar e, possivelmente, sem luz, água e telefone.

É revoltante e é para ficar indignado, pois claro! Mas o problema não é deste Governo. Nem da Troyka. Por mais que a esquerda e alguma imprensa tente passar essa ideia, a Troyka foi um meio de atenuar o problema e o Governo é o instrumento para tentar resolver o problema.

É evidente que o país está a sofrer imenso com as medidas apresentadas no Orçamento de Estado. É evidente que se pode cortar mais noutros sítios - o problema é que só esses não chega. Há pensões douradas de políticos que podiam - e deviam - ser também congeladas. Por exemplo, os ex-Presidentes da Republica que têm imensas mordomias - escritórios, carros, secretárias, pensão - deveriam ver essas benesses retiradas nem que fosse temporariamente. Ou que deveriam passar a pagar as pensões aos "reformados" políticos após os 65 anos, idade da reforma - não se retirando direitos, eram postergados para daqui a alguns anos. Ou que cada político só devia receber uma pensão - em vez de 2, 3 e sei lá quantas pensões acumuladas que o comum do cidadão não tem direito. Poupava-se muito? Sim, mas não era o suficiente, valia mais pelo exemplo do que pelo valor em si. Sim, o Governo poderia taxar outras coisas como as operações bolsistas, por exemplo - mas da ultima vez que um Governo fez isso, muitas empresas mudaram a sua sede para fora de Portugal - Irlanda, Holanda, Galiza - porque esses países oferecem melhores condições de impostos do que Portugal - e que eu saiba, as suas sede oficiais ainda lá se mantêm...

Resumindo: indignado? Sim, estou. Com o facto de Sócrates e muitos outros responsáveis políticos responsáveis pela governação entre 2005 e 20011 não estarem ainda a serem julgados por gestão danosa - ainda há dias se soube que o anterior Secretário de Estado Paulo Campos ignorou o aviso que o negócio das SCUT seria ruinoso para o Estado, tendo assinado o contrato que favoreceu objectivamente uma empresa cujo presidente do CA é um destacado militante e ex-ministro do PS. Se isto não é gestão danosa, o que é gestão danosa? Estou indignado por saber que o nosso ex-Primeiro Ministro enquanto "estuda" (?) em Paris filosofia, como o ancestral Sócrates que morreu envenenado com cicuta, gosta de comer em restaurantes de luxo onde se paga mais de 100 euros por um prato de massa. Onde ganhou ele dinheiro para essa vida faustosa? Com os rendimentos de político não foi (no auge ele ganhava 100 mil euros por ano como Primeiro-Ministro) e como engenheiro civil trabalhou na CM da Covilhã e assinou uns projectos "bizarros" que no máximo lhe valeram umas centenas de contos à época. Gostava, sinceramente, de perceber isso... e gostava que o PGR investigasse os claros indícios de riqueza que ostenta (fatos de marca, cliente referenciado em lojas de alto luxo, estudante sem trabalho a residir em Paris, casa avaliada em mais do que 20 anos de trabalho do melhor ano de rendimentos dele...) porque se há 2000 anos atrás Júlio César divorciou-se porque à sua mulher não bastava ser séria, tinha também de parecer séria, hoje em dia isso é ainda muito mais válido.

Indignem-se, sim, contra estes senhores que ainda têm o topete de aí andar de nariz levantado e fazer de conta que nada tiveram a ver com os últimos 6 anos e meio de Governo de Sócrates. Fora o resto, deixem-se de ser levados por pretensas manifestações apartidárias cujo o único objectivo é cumprir aquilo que a ideologia comunista-marxista-leninista defende: o progresso da civilização só é possível pela ruptura violenta - como fizeram em 1917 na Rússia - e reparem que não é o progresso social, é o progresso da sociedade, é o dito homem-novo que nunca surgiu.

Indignados, sim, mas contra causas e pessoas responsáveis pela actual situação. Que não são a Troyka nem o actual Governo...

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