2011/07/22

A queda


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Reflexões do Reino

Após a reunião de hoje do Conselho Geral, a presidente da Fundação Cidade de Guimarães caiu. A demissão, que se antevia, aconteceu mesmo para júbilo de muitos e indiferença de alguns, como eu.

Não nos enganemos, a queda dela por si só não resolve o problema que a FCG tinha transformado a CEC2012.

O problema não é pessoal, é estrutural.

E o problema é de quem nomeou, e com que critérios, a agora ex-presidente e restante equipa.

Não nos podemos esquecer que durante anos António Magalhães defendeu Cristina Azevedo como sendo especialista em financiamentos europeus no âmbito da CCDRN, dizendo até há bem pouco tempo que a mesma já tinha justificado várias vezes o seu ordenado com o que havia conseguido com esses fundos para a CEC2012 - isto quando se descobriu publicamente o seu vencimento, se bem se lembram, há menos de um ano.

Aliás, ainda há pouco mais de um mês, a 2 de Junho, o mesmo António Magalhães disse que a FCG "tem trabalho que se tem visto, que uma boa parte do quinhão não era da Oficina, está entregue à FCG" e que era "falsamente critico que ainda se estivesse no ponto zero do trabalho". Mesmo na véspera de tirar a confiança à presidente da FCG, António Magalhães dava ar de normalidade numa entrevista em que assumia que tudo estava assinado, protocolado e concluído, apesar dos entraves que foram necessariamente desbloqueados e que a partir daí era necessário trabalhar para o sucesso da CEC2012.

Logo, toda esta encenação sobre a retirada de confiança à presidente da FCG terá apenas um propósito que neste momento ainda não vislumbro, apesar de antever que a ideia seja agora que todo o trabalho de "sapa" e preparação da CEC2012 está concluído, aproveitar o "palco" de corta-fitas para promover um putativo candidato, ou candidata, à CMG em 2013.

Sabe-se, de há muito, que há duas correntes no PS de Guimarães. Uma, que parece ser a que Magalhães apadrinha, tem promovido o seu número 2 e líder concelhio, Domingos Bragança. Outra é a dos descontentes, que aparentemente se terão federado há algum tempo em redor da vereadora da cultura, Francisca Abreu. Desta guerra fratricida sem trincheiras Cristina Azevedo foi uma vitima colateral - apesar de se ter posto bem a jeito disso, verdade seja dita.

Ou seja, à partida, tenho para mim que a queda de Cristina Azevedo não vai resolver os problemas de falta de comunicação e envolvimento da FCG com a comunidade vimaranense. Porque tal decorria não só da pessoa, mas também da estrutura directiva e programadora. Sem haver alteração da política directiva e de programação, não haverá grande alteração.

Ora como a pouco mais de 5 meses do inicio oficial da CEC2012 não pode, não é possível, haver alteração de políticas, o mais natural é que apenas mudem os nomes. Que, seguramente e assim o indicam várias fontes, serão de continuidade, passando por um dos vogais da actual direcção suprir a vaga: João Serra ou Francisca Abreu, apesar do Público dizer que outros elementos da actual direcção como o próprio João Serra e Carla Morais também caiem.

Espero que, pelo menos, desta vez o presidente da CMG tenha o bom senso de envolver os outros partidos da vereação no assunto, fazendo desta nomeação algo participado por todos e não como a anterior, que apenas foi comunicada a decisão para ser votada - com a pressão à época de ter de se votar sempre a favor ou era-se apodado de ser contra a CEC2012! É essencial que António Magalhães não ceda às pressões do partido para promover um candidato autárquico e que faça participar o PSD e a CDU no processo.

Sob pena de se repetir o erro de castig.

Sou sincero: estou muito céptico quanto a esta questão e desconfio que ainda virá o dia em que muitos vão dizer que era melhor como estava...

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