Hoje, saí sem grande rumo definido. Apenas pensava em ir ao centro por um caminho diferente do habitual.
Segui a Rua do Almirante Costa Cabral até ao fim, entroncando na Rotunda de Costa Cabral. Vi então as placas indicando o Jardim de Camões e pensei que esse seria um bom lugar para ir hoje. Desci então a Rua Tomás Vieira e lá cheguei à Praça Luís de Camões, onde fica não apenas o Jardim de Camões (um pequeno oásis verde no meio da poluída metrópole que é Macau) mas também a Casa Garden onde se situa a Fundação do Oriente e que tinha, no presente momento, uma exposição de cerâmica da Escola de Artes e Ofícios da Casa de Portugal em Macau muito interessante e ainda uma biblioteca pública, integrada no jardim, um edifício moderno que me impressionou pelo esforço que teve em contornar o tronco centenário de uma árvore para não a destruir.
Após estes momentos de relaxe, segui caminho novamente e reparo, ao sair do jardim, na lateral de uma igreja um pouco à frente. Contornando a rua, deparo-me com a Igreja de Santo António, uma das mais antigas de Macau, ainda do Séc. XVI, mas como a missa (em chinês) havia começado, fotos do interior terão de aguardar por outra visita.
E novamente me deixo ir ao sabor das placas verdes de Património Mundial da Humanidade (desde 2005) que me recordam que ainda não fui ao Forte de Macau, mesmo ao lado (e acima...) das famosas Ruínas de S. Paulo. Pela rua de Santo António num pulinho cheguei às ruínas, mas subir até ao Forte de Macau (ou Forte do Monte) não foi fácil - aquele monte sobe que não é brincadeira!
Mas valeu a pena. Quanto mais não seja, pela placa que encima a entrada do Forte, retratada na foto acima!
ALTO! SENTIDO!
RECORDA POR UNS INSTANTES
A HISTÓRIA LINDA DA NOSSA
PÁTRIA. ENTRA ALTIVO E DE
CABEÇA ERGUIDA PORQUE ÉS
SOLDADO DESSA PÁTRIA.
Caramba! São palavras que mexem connosco, que tocam fundo cá dentro.
"Entra altivo e de cabeça erguida" depois de "recordar por uns instantes a história linda da nossa Pátria" é quase de pôr a lágrima no canto do olho de qualquer português que se preze. Os resquícios do orgulho da Portugalidade vêm ao de cima nestes momentos, nestes locais tão longe e distantes dela mas que nos aproximam tanto dela.
É um orgulho imensurável que tantos anos depois da transferência de poderes para a China, esta placa ainda permaneça ali. Porque significa, como venho dizendo, que Portugal soube fazer da louca quimera dos navegadores de quinhentos o primeiro acto de globalização, de encontro de culturas, de miscigenação de povos e de respeito pelo que encontrou no local. Com defeitos e excessos, é evidente, mas diferente, para bem melhor, do que aquilo que fizeram outros impérios. Respeitar para se ser respeitado. Só assim se compreende que a China ainda hoje, e muito bem, aceite e mantenha esta placa naquele local que tanto orgulho dá e dará a cada português que passe por aquelas portas do Forte de Macau.
Foi um passeio curto de distância. Nem cheguei a ir ao centro. Mas foi um passeio de enorme significado...
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