Segundo esta noticia, eu sou um dos 500 ou 600 mil emigrantes que estamos nesta vaga dos últimos anos e com a dificeis perspectivas de regresso, porque os problemas que nos motivaram, pelo menos à maioria, a sair, não só não se resolveram como se agravaram.
Agora imaginem, se conseguirem, que estavamos todos em Portugal e não tinhamos emigrado. Com a crise actual. Provavelmente, estaríamos a falar em mais de 1.000.000 de desempregados... e menos uns milhares de milhões de Euros de divisas que entravam no nosso sistema bancário... E a crise que é grave teria então proporções dramáticas!
É, por isso, urgente inverter toda a situação que tem levado a esta emigração mas também é necessário rever as condições com que o Estado Português trata os seus emigrantes.
"Espinho, 07 Mar (Lusa) - O sociólogo Eduardo Vítor Rodrigues considerou que "a grande novidade do processo emigratório português é que, apesar da crise imobiliária em Espanha estar no auge, não vai haver um retorno maciço dos emigrantes que foram para lá".
"Era de esperar que a conjuntura recessiva da construção civil em Espanha fizesse os emigrantes portugueses regressarem, mas isso não vai acontecer", explicou o sociólogo Eduardo Vítor Rodrigues.
Para o docente da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, que hoje aborda esse tema no congresso "Cidadãs da Diáspora", no Centro Multimeios de Espinho, o facto terá um "impacto económico brutal", considerando que em causa está "um universo na ordem das 500 a 600 mil pessoas".
Segundo o sociólogo esse número é "pouco menor do que aquele que esteve envolvido no processo emigratório português em todo o período da descolonização".
Ao panorama geral da emigração portuguesa, Eduardo Vítor Rodrigues atribui um comportamento semelhante.
"Já não faz muito sentido aquela ideia de que a emigração havia de culminar com o retorno maciço dos portugueses, que só cá vinham passar férias mas, quando chegassem à reforma, regressariam de vez", indicou.
O sociólogo justificou essa opinião "com dados e inferências estatísticas", mas reconheceu que "nunca houve em Portugal grande motivação para o estudo aprofundado destas questões".
"Hoje fala-se muito das questões da igualdade mas percebe-se que não se sabe o suficiente sobre o processo emigratório português", sublinhou.
Sobre a situação feminina em específico, Eduardo Vítor Rodrigues adianta: "O «boom» de saída dos portugueses vai intensificar-se, sobretudo nas mulheres".
Mas essas "já não correspondem ao paradigma da mulher da aldeia que sai para acompanhar o marido; são agora bastante escolarizadas e procuram melhores condições de vida".
"O problema é que, se não há retorno da mulher, os laços dos emigrantes portugueses com a sua terra natal ficam fragilizados", como o sociólogo já diz notar nas gerações mais novas de luso-descendentes.
"Não reconhecem o país, nem fazem uso da língua, portanto, não vai haver diáspora - vai haver é aculturação", considerou.
A culpa é dos "actores políticos portugueses, que, ao contrário do que acontece na Grécia, por exemplo, nunca encararam os emigrantes como a grande mais-valia para o desenvolvimento que são".
"É absolutamente indecente que um país como Portugal - que no século XX teve um processo emigratório tão relevante como o do período pós-guerra colonial - tenha abandonado os seus emigrantes de forma inadmissível, olhando para eles de forma utilitarista, apenas na perspectiva das divisas", concluiu Eduardo Vítor Rodrigues.
O sociólogo desenvolve esta perspectiva hoje à tarde no congresso "Cidadãs da Diáspora", que marca o encerramento dos "Encontros para a Cidadania", promovidos pela associação Mulher Migrante entre 2005 e 2008, sob o lema "Igualdade entre Homens e Mulheres nas Comunidades Portuguesas"."
1 comentário:
Nuno, este é claramente "O" problema que estamos com ele!
Mas nem emigrantes somos, pois não podemos passar de expatriados em Angola, com limite de 3 vistos.
E o Estado Português cisma em não olhar para quem está lá fora, isto apesar de neste momento sofrer a sagria dos seus melhores quadros. É que sejamos sinceros, o tempo do emigrante pintor, trolha e electricista já lá vai, agora é o tempo do emigrante Economista, Arquitecto, Gestor, Eng.º... e sobra o que afinal em Portugal? Empregadores ávidos por pagar salários mínimos a quem andou a estudar 14 anos... e é assim que esses senhores querem ter os melhores quadros? Meus caros, novidade de última hora - Esses já não estão em Portugal e para voltarem... bem, vão ter que abrir os cordões à bolsa.
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