2009/03/07

Estado da emigração

De facto, já começa a merecer um estudo muito mais profundo e muito mais atento ao fenómeno de emigração de que Portugal padece neste principio de milénio.

Segundo esta noticia, eu sou um dos 500 ou 600 mil emigrantes que estamos nesta vaga dos últimos anos e com a dificeis perspectivas de regresso, porque os problemas que nos motivaram, pelo menos à maioria, a sair, não só não se resolveram como se agravaram.

Agora imaginem, se conseguirem, que estavamos todos em Portugal e não tinhamos emigrado. Com a crise actual. Provavelmente, estaríamos a falar em mais de 1.000.000 de desempregados... e menos uns milhares de milhões de Euros de divisas que entravam no nosso sistema bancário... E a crise que é grave teria então proporções dramáticas!

É, por isso, urgente inverter toda a situação que tem levado a esta emigração mas também é necessário rever as condições com que o Estado Português trata os seus emigrantes.

"Espinho, 07 Mar (Lusa) - O sociólogo Eduardo Vítor Rodrigues considerou que "a grande novidade do processo emigratório português é que, apesar da crise imobiliária em Espanha estar no auge, não vai haver um retorno maciço dos emigrantes que foram para lá".


"Era de esperar que a conjuntura recessiva da construção civil em Espanha fizesse os emigrantes portugueses regressarem, mas isso não vai acontecer", explicou o sociólogo Eduardo Vítor Rodrigues.

Para o docente da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, que hoje aborda esse tema no congresso "Cidadãs da Diáspora", no Centro Multimeios de Espinho, o facto terá um "impacto económico brutal", considerando que em causa está "um universo na ordem das 500 a 600 mil pessoas".

Segundo o sociólogo esse número é "pouco menor do que aquele que esteve envolvido no processo emigratório português em todo o período da descolonização".

Ao panorama geral da emigração portuguesa, Eduardo Vítor Rodrigues atribui um comportamento semelhante.

"Já não faz muito sentido aquela ideia de que a emigração havia de culminar com o retorno maciço dos portugueses, que só cá vinham passar férias mas, quando chegassem à reforma, regressariam de vez", indicou.

O sociólogo justificou essa opinião "com dados e inferências estatísticas", mas reconheceu que "nunca houve em Portugal grande motivação para o estudo aprofundado destas questões".

"Hoje fala-se muito das questões da igualdade mas percebe-se que não se sabe o suficiente sobre o processo emigratório português", sublinhou.

Sobre a situação feminina em específico, Eduardo Vítor Rodrigues adianta: "O «boom» de saída dos portugueses vai intensificar-se, sobretudo nas mulheres".

Mas essas "já não correspondem ao paradigma da mulher da aldeia que sai para acompanhar o marido; são agora bastante escolarizadas e procuram melhores condições de vida".

"O problema é que, se não há retorno da mulher, os laços dos emigrantes portugueses com a sua terra natal ficam fragilizados", como o sociólogo já diz notar nas gerações mais novas de luso-descendentes.

"Não reconhecem o país, nem fazem uso da língua, portanto, não vai haver diáspora - vai haver é aculturação", considerou.

A culpa é dos "actores políticos portugueses, que, ao contrário do que acontece na Grécia, por exemplo, nunca encararam os emigrantes como a grande mais-valia para o desenvolvimento que são".

"É absolutamente indecente que um país como Portugal - que no século XX teve um processo emigratório tão relevante como o do período pós-guerra colonial - tenha abandonado os seus emigrantes de forma inadmissível, olhando para eles de forma utilitarista, apenas na perspectiva das divisas", concluiu Eduardo Vítor Rodrigues.

O sociólogo desenvolve esta perspectiva hoje à tarde no congresso "Cidadãs da Diáspora", que marca o encerramento dos "Encontros para a Cidadania", promovidos pela associação Mulher Migrante entre 2005 e 2008, sob o lema "Igualdade entre Homens e Mulheres nas Comunidades Portuguesas"."

1 comentário:

Godinho disse...

Nuno, este é claramente "O" problema que estamos com ele!
Mas nem emigrantes somos, pois não podemos passar de expatriados em Angola, com limite de 3 vistos.
E o Estado Português cisma em não olhar para quem está lá fora, isto apesar de neste momento sofrer a sagria dos seus melhores quadros. É que sejamos sinceros, o tempo do emigrante pintor, trolha e electricista já lá vai, agora é o tempo do emigrante Economista, Arquitecto, Gestor, Eng.º... e sobra o que afinal em Portugal? Empregadores ávidos por pagar salários mínimos a quem andou a estudar 14 anos... e é assim que esses senhores querem ter os melhores quadros? Meus caros, novidade de última hora - Esses já não estão em Portugal e para voltarem... bem, vão ter que abrir os cordões à bolsa.