2009/07/24

Demografia, crise e depressão

Pois é, Fernando, por muito boa vontade que haja em querer fazer do nosso país de nascimento uma maravilha da modernidade e prosperidade, a realidade dos números esmaga-nos sempre algures pelo caminho!

Repara que o problema não é exclusivo deste Governo - apesar dele ter agravado mais a situação do que os anteriores todos juntos, na minha modesta opinião - mas de uma série de Governos, incluindo Santana, Durão, Guterres, Cavaco, Soares e provavelmente todos os anteriores até ao 25 de Abril - isto para não dizer que o problema começou antes ainda.

Mas neste momento, os números são indesmentíveis e a realidade é uma só. É ler as noticias de hoje: "Há muito mais gente a abandonar Portugal" e "Crise teve influência negativa na demografia"! A crise já vem de há longos anos (a mim, por exemplo, começou a atingir os meus rendimentos e qualidade de vida em 2000, após a demissão do Guterres em finais de 1999 e o país ter estado "suspenso" até Durão Barroso ter tomado posse em Abril ou Maio de 2000) e implicou que milhares de jovens como nós, altos quadros e qualificados, "que dão impulsos à economia" e que estão em idade fértil estejam a sair do país, a fugir do desemprego e dos baixos níveis salariais (como disse o "touro" na visita à China, praticamos os ordenados mais baixos da Europa) e não havendo saldos positivos nas migrações e natalidade, o país definha, envelhece e empobrece, como dizem os demógrafos e economistas.

É por isso que não percebo a tua felicidade em atirares números positivos - a maior parte das vezes adulterados e trabalhados para serem assim - que os políticos nos vendem para fazer crer que as coisas estão bem. És, talvez, um optimista, o que é bom, porque esses também fazem falta!

Mas, como dizia, o problema é que as coisas não estão bem. Se estivessem, havia mais gente a entrar que a sair, muito mais, como acontecia há menos de 10 anos. Havia mais oportunidades e melhores salários. Havia riqueza, de facto, porque a realidade do quotidiano desmente a riqueza e modernidade que essas tabelas apregoam.

Portugal é hoje um país triste, deprimido e com cada vez menos gente nova e qualificada. E é por isso que a minha visão de Portugal é também ela triste. Foi o país que a geração dos nossos avós nos deixaram, é o país que a geração dos nossos pais nos está a entregar, é o país que nós não vamos gerir porque estamos no estrangeiro a trabalhar...

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