2011/07/30

12 anos


Uma dúzia. E que fantásticos tempos têm sido esta dúzia de anos. Obrigado.
Amo-te...

2011/07/29

Linha de Rumo, 8 anos!

Faz hoje 8 anos que se iniciaram os trilhos desta Linha de Rumo.

São mais 100 mil visitantes, quase 2000 post's e muitas matérias aqui versadas.

Obrigado a todos os leitores pelos comentários que vão deixando e que fazem deste blog não apenas um mero registo pessoal, mas uma forte interacção com o mundo. Tem valido a pena esta aventura.

Promessa cumprida


Foi pouco tempo que foi necessário para cumprir uma das mais emblemáticas promessas do Governo, a colocação num site da internet de todas as nomeações do Governo.

E cá está ele. No site do Governo, em Nomeações. Anunciado em pleno debate parlamentar em resposta, bem malandra, ao líder a dias do PS, António José Seguro...

É claro que aqui não estão as mais de 200 nomeações que a CGD fez entre o dia 5 de Junho e a tomada de posse deste Governo, conforme ontem denunciou Marques Mendes no TVI24, porque serão da responsabilidade do anterior Governo, em gestão... Seria bem interessante fazer agora um trabalho de sapa reverso, ou seja, criar uma página onde fossem colocadas todas as nomeações do anterior Governo. Seria, também, um trabalho colossal, mas muito interessante, sem dúvidas...

2011/07/28

Plano de Promoção de Mobilidade em Guimarães

Ontem tive a oportunidade de assistir à apresentação do Plano Municipal de Promoção da Acessibilidade de Guimarães, que a Câmara contratou externamente.

Pareceu-me um documento interessante, bem construído, com muita informação relevante para melhorar e facilitar a circulação das pessoas com mobilidade reduzida - sendo que estas não são só os comummente aceites deficientes motores, mas também todos aqueles que por algum motivo não se podem deslocar normalmente num dado momento, e só quem já andou de muletas, por exemplo, sabe o que isso às vezes é difícil numa cidade cheia de obstáculos.

Estudos apontam que 55% da população tem problemas de mobilidade: dificuldade de visão, de locomoção, de audição - tudo isto pode dificultar a vida de cada pessoa numa cidade.

É por isso fundamental que as cidades se ajustem a toda a gente e este plano numa primeira fase faz uma análise bastante exaustiva a alguns edifícios públicos e, acima de tudo, a espaços públicos - 320 Km de espaços públicos na quase totalidade das freguesias do concelho. Só não foram algumas do centro da cidade, que não foi abrangido pelo estudo, não tendo eu percebido bem porquê, apesar de ter percebido que as obras em curso na cidade tiveram o apoio desta equipa.

Outra coisa que também não foi dita é quanto tempo será necessário para implementar as soluções apontadas por todo o concelho. Nem quem será responsável por isso - departamento de obras da Câmara?, delegação de competências nas Juntas de Freguesia?, concurso por "pacotes" de obras por zonas ou freguesias?

E, nesse seguimento, também não foi dito qual o valor previsto para essas obras, apesar de ter sido divulgado que o software utilizado permite dar uma estimativa orçamental dos trabalhos.

Aspecto positivo foi a execução deste plano, sem quaisquer dúvidas. Agora falta saber qual é o plano para implementar estas medidas, os custos das mesmas e como poderá ser executado isso. Bem como a duração deste plano - porque qualquer plano deste género tem um "prazo de validade" onde depois terá de ser analisado o que foi feito, o que falta fazer e novos problemas detectados.

2011/07/26

Está tudo louco no reino da Noruega?


Imagem Público

Tudo, não sei, mas um cidadão norueguês, de seu nome Anders Behring Breivik, está completamente louco!

Só isso pode explicar não só a sua acção solitária (ou não?) como ainda tudo aquilo que andou a escrever e pensar.

Repare-se que logo à partida não é normal que uma pessoa que pensa ser da extrema direita seja integrante de uma loja maçónica e que cometa um atentado contra os seus "semelhantes" para alertar contra a islamização da Europa! Tudo isto é muito confuso e muito pouco natural.

Mas repare-se no requinte do pensamento dele. Durante anos (diz-se que 9 anos) escreveu um "manual" onde explicava os seus planos e quais os alvos a atingir não só na própria Noruega como ainda na restante Europa, Portugal incluído! Quando vi as primeiras imagens do atentado, ainda nem se sabendo se era atentado ou não (as primeiras noticias apontavam para um rebentamento da instalação de gás na cantina) eu pensei imediatamente que seria um atentado - aliás, bem à imagem dos atentados da Al Qaeda. Afinal, era um anti-islâmico a protestar contra eles. Vá se lá entender.

No final, para além de se lamentar o acontecido e as mortes ocorridas, só me fica uma ideia na cabeça: e se este louco passou a informação e ideias a outros loucos algures pela Europa e eles se lembram de vir aqui ao nosso cantinho rebentar com uma das refinarias ou até com o INT? É que quando pensamos que já vimos tudo e que tal coisa só no cinema, acabamos por descobrir que a realidade tende inexoravelmente a superar a ficção...

Aliás, sugiro a leitura deste artigo do Público para melhor se perceber da demência deste louco. E dos perigos que representam a possibilidade destes loucos se expressarem e divulgarem a sua ideologia com a complacência da comunicação social...

2011/07/23

Filmes [15]: Harry Potter e os Talismãs da Morte - Parte 2, de David Yates

E tudo acaba, como no livro. Ou não, como então disse sobre o livro...

Fui ver hoje o filme e devo dizer que fiquei um pouco desiludido, achei que este foi um dos mais fracos da série de filmes. Quanto mais não seja, porque ao contrário da parte 1 do filme, onde era noite e escuro hoje era mesmo escuro. Havia partes do filme em que mal se distinguiam as coisas.

No restante, penso que as cenas foram um pouco forçadas e mal narradas.

Em resumo, esperava mais deste final, um verdadeiro épico para completar a história.


SINOPSE
No épico final, a batalha entre as forças do bem e do mal do mundo dos feiticeiros vai originar uma guerra sem precedentes. Os riscos nunca foram tão elevados e ninguém está seguro. Mas é Harry Potter quem terá de fazer o sacrifício final, pois a luta com Lord Voldemort aproxima-se. Tudo acaba.

Estranha forma de vida

Se fosse viva, faria hoje 91 anos. Amália nasceu para cantar, e a cantar o fado atingiu a imortalidade. Uma grande voz, uma grande senhora.

E que grande homenagem fez o Google ao destacá-la no seu site!

Urban Sketchers Drawings 5

Alguns desenhos que fiz nos últimos tempos no meu caderno.


Sara a ver TV 1


Sara a ver TV 2


Jenifa a ver TV1


Jenifa a ver TV2


Na esplanada a tomar um café


Aqueduto de Vila do Conde junto ao ESEIG


Aqueduto de Vila do Conde pormenor


Vista do interior do meu carro junto ao ESEIG


Cavalos

2011/07/22

A queda


Imagem
Reflexões do Reino

Após a reunião de hoje do Conselho Geral, a presidente da Fundação Cidade de Guimarães caiu. A demissão, que se antevia, aconteceu mesmo para júbilo de muitos e indiferença de alguns, como eu.

Não nos enganemos, a queda dela por si só não resolve o problema que a FCG tinha transformado a CEC2012.

O problema não é pessoal, é estrutural.

E o problema é de quem nomeou, e com que critérios, a agora ex-presidente e restante equipa.

Não nos podemos esquecer que durante anos António Magalhães defendeu Cristina Azevedo como sendo especialista em financiamentos europeus no âmbito da CCDRN, dizendo até há bem pouco tempo que a mesma já tinha justificado várias vezes o seu ordenado com o que havia conseguido com esses fundos para a CEC2012 - isto quando se descobriu publicamente o seu vencimento, se bem se lembram, há menos de um ano.

Aliás, ainda há pouco mais de um mês, a 2 de Junho, o mesmo António Magalhães disse que a FCG "tem trabalho que se tem visto, que uma boa parte do quinhão não era da Oficina, está entregue à FCG" e que era "falsamente critico que ainda se estivesse no ponto zero do trabalho". Mesmo na véspera de tirar a confiança à presidente da FCG, António Magalhães dava ar de normalidade numa entrevista em que assumia que tudo estava assinado, protocolado e concluído, apesar dos entraves que foram necessariamente desbloqueados e que a partir daí era necessário trabalhar para o sucesso da CEC2012.

Logo, toda esta encenação sobre a retirada de confiança à presidente da FCG terá apenas um propósito que neste momento ainda não vislumbro, apesar de antever que a ideia seja agora que todo o trabalho de "sapa" e preparação da CEC2012 está concluído, aproveitar o "palco" de corta-fitas para promover um putativo candidato, ou candidata, à CMG em 2013.

Sabe-se, de há muito, que há duas correntes no PS de Guimarães. Uma, que parece ser a que Magalhães apadrinha, tem promovido o seu número 2 e líder concelhio, Domingos Bragança. Outra é a dos descontentes, que aparentemente se terão federado há algum tempo em redor da vereadora da cultura, Francisca Abreu. Desta guerra fratricida sem trincheiras Cristina Azevedo foi uma vitima colateral - apesar de se ter posto bem a jeito disso, verdade seja dita.

Ou seja, à partida, tenho para mim que a queda de Cristina Azevedo não vai resolver os problemas de falta de comunicação e envolvimento da FCG com a comunidade vimaranense. Porque tal decorria não só da pessoa, mas também da estrutura directiva e programadora. Sem haver alteração da política directiva e de programação, não haverá grande alteração.

Ora como a pouco mais de 5 meses do inicio oficial da CEC2012 não pode, não é possível, haver alteração de políticas, o mais natural é que apenas mudem os nomes. Que, seguramente e assim o indicam várias fontes, serão de continuidade, passando por um dos vogais da actual direcção suprir a vaga: João Serra ou Francisca Abreu, apesar do Público dizer que outros elementos da actual direcção como o próprio João Serra e Carla Morais também caiem.

Espero que, pelo menos, desta vez o presidente da CMG tenha o bom senso de envolver os outros partidos da vereação no assunto, fazendo desta nomeação algo participado por todos e não como a anterior, que apenas foi comunicada a decisão para ser votada - com a pressão à época de ter de se votar sempre a favor ou era-se apodado de ser contra a CEC2012! É essencial que António Magalhães não ceda às pressões do partido para promover um candidato autárquico e que faça participar o PSD e a CDU no processo.

Sob pena de se repetir o erro de castig.

Sou sincero: estou muito céptico quanto a esta questão e desconfio que ainda virá o dia em que muitos vão dizer que era melhor como estava...

2011/07/21

O fim de uma era


Imagem Inteligência Económica

Terminou hoje, há poucos minutos, quando aterrou a Atlantis, a epopeia dos Space Shutles da NASA na descoberta do espaço. Foram 30 anos de aventuras e progressos no conhecimento. Ainda me lembro de, bem miúdo, assistir às partidas dos "vai-e-vem" na TV com emoção, lembro-me da explosão do Challenger na partida em 1986 e da desintegração do Columbia na entrada na atmosfera terrestre mais recentemente, em 2003.


Imagem NASA

Acima de tudo, para lá da emoção do fim de uma era, fico estarrecido com a não substituição deste veículo dos EUA por outro. Durante anos foram sendo mostradas imagens de naves que iriam substituir estas espantosas mas antigas máquinas, cuja primeira missão acontecem em 12 de Abril de 1981, pelo Columbia. Foram 135 missões. Um marco na história da humanidade, sem dúvidas.

Ao Enterprise, Columbia, Challenger, Discovery, Atlantis e Endeavour (por esta ordem de construção mas não de vôo, já que a Enterprise serviu para os primeiros testes mas o Columbia é que iniciou os vôos espaciais, como disse atrás) o meu agradecimento pelos momentos e progressos fantásticos que proporcionaram à humanidade.

2011/07/20

Verão?


Imagem Jangadeiro

Com um Verão assim, quem precisa da Primavera ou do Inverno? Não há pachorra para este clima...

2011/07/14

Encontros Guimarães 2012 - Comunidade


Assisti hoje ao último dos encontros de apresentação da programação da CEC2012, este paínel dedicado ao tema "Comunidade".

Saí de lá bastante mais satisfeito do que da anterior, conforme o disse aqui, apesar de não ter saído 100% satisfeito.

A satisfação deveu-se ao facto de ter percebido que este sector da CEC2012 está em curso há bastante tempo - desde 2010 - e que é basicamente trabalhado por gente de Guimarães, apesar de alguns nomes mais sonantes serem exteriores, mas esses trabalham a um nível mais macro, por ao nível de cada comunidade de várias freguesias, são vimaranenses que lá estão a liderar.
Por outro lado, tanto quanto percebi também, os artistas que vão estar em destaque neste sector da programação são pessoas anónimas, pessoas das freguesias, pessoas de Guimarães - é, finalmente, a CEC2012 envolvida com a comunidade, com os vimaranenses.

Menos positivo é o facto de me ter dado a impressão que nem todas as freguesias terão sido contactadas e "passaram ao lado" deste projecto. Do que fui percebendo, e não queria ser injusto, é que apenas as freguesias maiores e com mais associações de pendor cultural activas é que estão integradas nesta programação. E no fim, por mais que possa ser positivo o trabalho da programadora Susana Ralha, ficará sempre indelevelmente marcado pelo "negócio" do Bobby McFerrin...

Nota ainda para o facto, estranho para mim, de não ter visto a Presidente da Fundação na última sessão destes "encontros", no que me parecia ser normal marcar a presença. Não a vi por lá. Se calhar, por causa do que foi dito de manhã na reunião da Câmara...

2011/07/13

Leituras [60] - Os Elementos Fundamentais da Cultura Portuguesa, de Jorge Dias

Há dias reencontrei este pequeno livro com o essencial d'"Os Elementos Fundamentais da Cultura Portuguesa", escrito em 1950 por Jorge Dias, um dos mais proeminentes etnólogos portugueses do século passado. No link podem ler o texto, não sei se completo, mas julgo que sim, caso não queiram comprar o mesmo na Wook.pt por apenas 2,59€!

E soube-me bem reler o livro onde o autor analisa algumas das características que faziam o português o que ele era então - e passados mais de 60 anos sobre o documento, não vejo grandes alterações a não ser que os estudantes universitários agora aparecem de calções na rua, ao contrário do que então parecia ser impossível...

Vale a pena a leitura para se perceber como evoluiu a cultura portuguesa, encontrar as influências dos romanos, suevos, visigodos, mouros, cristãos, etc. Perceber de onde surge a saudade e a ostentação, entender porque somos capazes de grandes feitos seguidos de miserabilidade. Está lá tudo.

2011/07/11

Leituras [59] - Sexus, de Henry Miller


Finalmente concluí a leitura do livro de Henry Miller, Sexus, e desde já direi que não irei ler os restantes livros da trilogia.

Porque a leitura é densa, complicada, divaga muito sobre coisa nenhuma e não avança na trama, perdido em ilações filosóficas sobre coisa nenhuma.

Não gostei.

Salvam-se as partes, como direi, "picantes", que de facto estão bem escritas. Mas não compensa um "calhamaço" daqueles pequenos episódios que deveriam ser o acessório da trama.

Sinopse:
""Sexus", o livro primeiro da trilogia «Rosa-Crucificação», recorda, de forma ficcionada, a vida americana de Miller nos anos 20, quando, numa busca frenética por antídotos para o seu emprego monótono e a vida num “bairro morbidamente respeitável” com a sua mulher Maude, alimentou uma obsessão pela misteriosa e promíscua Mara.
Pianista, coveiro, bibliotecário, pugilista… Estes foram, entre outros, alguns dos ofícios do inquieto Henry Miller. Filho de um modesto alfaiate nova-iorquino, cresceu nas ruas de Brooklyn, cenário inicial de uma vida que ele próprio descrevia como sendo “mais real e mais importante do que tudo o que pudesse inventar”. Desconcertantemente sincero, crítico e inconformista, abandonou a América com destino a Paris, na década de 1930, para levar uma vida literária boémia. Miller chamaria a esta morte da sua antiga existência e ressurreição como escritor a “Rosa-Crucificação”. Esta dramática transformação forneceu o leitmotiv para alguma da sua melhor escrita, corporizando tudo o que ele sentia acerca da autolibertação e da verdadeira vida do espírito.
Publicado originalmente em Paris em 1949, este picaresco e extraordinariamente sincero relato das escapadelas sexuais de Miller esteve proibido nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha durante quase vinte anos."


Iniciei assim nova leitura, mas que me desanimou logo no principio, pois pensei que o livro de Rui Araújo fosse um romance e afinal trata-se "apenas" de uma pela jornalística de investigação. Uma espécie de grande reportagem publicada num livro, em vez de uma revista. Isto sem no entanto querer dizer que a mesma não é cativante ou interessante, pelo contrário, mas não é o que eu pensei que fosse...

2011/07/08

Encontros Guimarães 2012 - Arte e Arquitectura

Fui hoje, pela primeira vez, a um dos vários encontros temáticos que têm vindo a decorrer no âmbito da apresentação da programação da CEC2012.

Porque desconfiava que não ia gostar do que ia ouvir, abstive-me de participar até ao momento - mas desta vez quis ir por ser da "minha" área. E se calhar, o melhor era ter ido à sessão do Luís Miguel Rocha na avenida central em Braga recolher a assinatura no livro que me falta...

Enfim...

Antes de mais, devo dizer que do ponto de vista meramente teórico, a programação está bem pensada, isto é, tem uma linha condutora e uma filosofia interessante. E que me parece bem sair do centro da cidade e dos sítios do costume (Vila-Flor, Paços dos Duques, SMS) para expor arte, usando por exemplo uma antiga fábrica (da Asa, neste caso) para o efeito.

Mas, infelizmente, as boas notícias acabam aqui.

Porque depois de assistir ao "encontro" onde durante hora e meia foram debitadas banalidades pseudo-intelectuais pós-modernas sobre arte, públicos e audiências e sobre a forma como o olhar "de fora" se vai mostrar e residir em Guimarães, para benefício dos "locais", num discurso florentino e fechado a quem não é das artes, intragável, começaram as más noticias.

Como intragável foi perceber que do ponto de vista da CEC2012 não há arte e arquitectura de Guimarães, ou artistas e arquitectos que merecem mostrar ou ser mostrados na CEC2012. E que só há arte pós-moderna, intelectual, com um papel onde se explica que aquilo que o público vai ver é arte. Ora são fotógrafos que vêm "de fora" olhar para Guimarães, "na esperança" que resulte um olhar diferente, ora são pintores "de fora" que vão mostrar pintura que o comissário não sabe o que é porque ainda vão a meio do processo criativo, ora são reflexões sobre "urban beings" (que não sendo de Guimarães, pelo menos e menos mal, estiveram profissionalmente ligados cá), ora são concursos de ideias internacionais para que os "de fora" venham deixar ideias para os espaços públicos de Guimarães... Mas o famoso e cada vez mais irreal envolvimento de Guimarães, será apenas e só como público. Porque não há forma de se encontrar vimaranenses aqui sem ser no público. Há enormes reflexões filosófico-artísticas sobre o pós-modernismo, a pós-industrialização. Mas não há uma referência ao enorme legado de arte e arquitectura do concelho, não é mencionada a ideia de roteiros de arte e arquitectura no concelho, que podiam ser por temas (religiosa, ou industrial, ou arqueológica...) ou por épocas (pré-história, medieval, tardo-barroca, século XIX, modernidade...), não há referência a nomes vimaranenses das artes e cultura (por exemplo, Martins Sarmento, José de Pina, José de Guimarães...) e o mais próximo que há é uma homenagem a Nuno Portas (ligado a Guimarães pelo apoio profissional ao planeamento da cidade pelo PDM) mas de uma importância muito menor, por exemplo, que Fernando Távora - ligado da mesma forma a Guimarães mas pelo Centro Histórico e que, pelo menos, não habitando em Guimarães, tinha cá uma residência...

Menos mal que José de Guimarães terá direito a um espaço próprio, pelo menos por um ano, prazo do comodato acordado para expor as suas obras da colecção pessoal e que ao menos um vimaranense das artes teve direito a expor o seu trabalho na CEC2012...

Só se falava da forma como os "locais" teriam oportunidade de ver excelentes artistas e o seu olhar "de fora"... Que os "locais" iriam até Serralves devido a um protocolo com o Museu para "aprenderem" a apresentar as exposições...

Confesso que não sendo eu nascido em Guimarães, mas sentindo a cidade como minha de adopção por nela ter vivido e estudado desde tenra idade, me enervou a forma quase depreciativa como eram tratados os "locais". Como os "de fora" viriam dar o seu contributo às artes e arquitectura, que forma pedagógica, ensinar a ver arte.

Eu que sou local, pergunto-me se eles sabem que antes de virem os "de fora" já em Guimarães havia arte, arquitectura, artistas, arquitectos e público que sabe apreciar arte. Será que eles sabem que há um museu de arte primitiva moderna em Guimarães há muito tempo? Ou que Martins Sarmento fez da arqueologia uma expressão maior do legado artístico dos primitivos vimaranenses quando ainda quase ninguém em Portugal sabia o que era arqueologia? Será que eles sabem que há centenas de igrejas no concelho que sendo muitas vezes obras de arquitectura excepcionais de várias épocas, são ainda portadoras de peças de arte fantásticas, desde tapeçarias e esculturas, passando por iluminuras, livros e pinturas? Será que conhecem as casas senhoriais de enorme riqueza arquitectónica e artística? Será que a arte é só arte moderna? E será que eles sabem que em Guimarães há várias peças de arte moderna - edifícios, decorações, estátuas - de enorme valor artístico e arquitectónico? Se calhar, não sabem, porque passaram tempo demais a olhar para os "de fora" para saberem o valor dos "locais".

É lamentável. Como é lamentável, a menos de meio ano do inicio da CEC2012, ouvir a programadora dizer "n" vezes que "não sei", "acho eu", que os "nomes não são definitivos", que "tudo pode mudar".

Em condições normais, não pode. Em condições normais, neste momento já não devia haver dúvidas. Em condições normais, neste momento já deveria estar a ser publicitada a programação. Mas a preparação desta CEC2012 segue há muito os caminhos da anormalidade, portanto nada mais é anormal...

Por essas e por outras é que a Fundação Cidade de Guimarães fala em 1,5 milhões de visitantes à CEC2012 durante um ano que esta dura e que Óbidos, uma pequena vila da dimensão de uma das nossas nove vilas concelhias, recebe anualmente 2 milhões de turistas com apenas 3 festivais - a vila Natal, a feira do chocolate e a feira medieval! Dá que pensar, ou não?

"Tudo se transforma", diz a imagem. Mas é de mim, ou está a "imagem" um pouco desfocada?

2011/07/07

Nada me faltará

Imagem Público

Maria José Nogueira Pinto, Avillez de nascimento, foi uma grande senhora da política. Entrou na política pela mão de Cavaco Silva, entrou para um partido político pela mão de Manuel Monteiro, para o PP, foi lider parlamentar centrista, candidatou-se contra Portas, saiu do PP e abraçou o cargo de deputada novamente a convite de Manuela Ferreira Leite como independente nas listas do PSD. Pelo meio, esteve na Santa Casa da Misericórdia, entre tantas outras causas públicas que serviu.

Derrotada muitas vezes na política, defendia sempre as suas convicções de forma tal que agora, no momento em que foi derrotada na vida, todos os seus opositores se renderam à sua pessoa.

Portugal vai sentir a sua falta, porque fazem falta portugueses assim.

Basta ler a sua última crónica no DN para se perceber a sua fibra, a sua moral, a sua força. Intitulada "Nada me faltará", é fantástica!

"Acho que descobri a política - como amor da cidade e do seu bem - em casa. Nasci numa família com convicções políticas, com sentido do amor e do serviço de Deus e da Pátria. O meu Avô, Eduardo Pinto da Cunha, adolescente, foi combatente monárquico e depois emigrado, com a família, por causa disso. O meu Pai, Luís, era um patriota que adorava a África portuguesa e aí passava as férias a visitar os filiados do LAG. A minha Mãe, Maria José, lia-nos a mim e às minhas irmãs a Mensagem de Pessoa, quando eu tinha sete anos. A minha Tia e madrinha, a Tia Mimi, quando a guerra de África começou, ofereceu-se para acompanhar pelos sítios mais recônditos de Angola, em teco-tecos, os jornalistas estrangeiros. Aprendi, desde cedo, o dever de não ignorar o que via, ouvia e lia.
Aos dezassete anos, no primeiro ano da Faculdade, furei uma greve associativa. Fi-lo mais por rebeldia contra uma ordem imposta arbitrariamente (mesmo que alternativa) que por qualquer outra coisa. Foi por isso que conheci o Jaime e mudámos as nossas vidas, ficando sempre juntos. Fizemos desde então uma família, com os nossos filhos - o Eduardo, a Catarina, a Teresinha - e com os filhos deles. Há quase quarenta anos.
Procurei, procurámos, sempre viver de acordo com os princípios que tinham a ver com valores ditos tradicionais - Deus e a Pátria -, mas também com a justiça e com a solidariedade em que sempre acreditei e acredito. Tenho tentado deles dar testemunho na vida política e no serviço público. Sem transigências, sem abdicações, sem meter no bolso ideias e convicções.
Convicções que partem de uma fé profunda no amor de Cristo, que sempre nos diz - como repetiu João Paulo II - "não tenhais medo". Graças a Deus nunca tive medo. Nem das fugas, nem dos exílios, nem da perseguição, nem da incerteza. Nem da vida, nem na morte. Suportei as rodas baixas da fortuna, partilhei a humilhação da diáspora dos portugueses de África, conheci o exílio no Brasil e em Espanha. Aprendi a levar a pátria na sola dos sapatos.
Como no salmo, o Senhor foi sempre o meu pastor e por isso nada me faltou -mesmo quando faltava tudo."


Paz à sua alma. E obrigado por tudo!

2011/07/05

Filmes [14]: Rumo à Liberdade, de Peter Weir

Fui ontem à noite ver este "Rumo à Liberdade", baseado em factos verídicos e que retrata um dos aspectos menos falados (porque será?) da Segunda Guerra Mundial, que foi a existência de campos de concentração soviéticos desde o inicio da mesma.

Neste caso, retrata a fuga de um grupo de homens de um gulag (como se denominavam esses campos) oriundos de diversas nações invadidas por Estaline. Fuga essa que começou na Sibéria e foi sempre para Sul em direcção à India, após atravessarem os Himalaias pelo Tibete.

Sendo baseado no livro "A Longa Caminhada", diz-me quem o leu que o livro é muito melhor que o filme, tendo o filme até "deturpado" algumas situações.

Do filme, achei a fotografia fraca, a banda sonora quase inexistente - incluindo longos períodos sem som - e a forma como a história foi contada sem situar no tempo o percurso algo questionável - por exemplo, eu não percebi quanto tempo caminharam eles desde a Sibéria até à India, 7 mil kilometros.

A representação foi segura e razoável, apoiada em alguns actores interessantes de segunda linha - Ed Harris ou Colin Farrel - mas pedia um realizador de melhores instintos que este apagado Peter Weir - aposto que Peter Jackson, por exemplo, faria desta longa caminhada Rumo à Liberdade um filme épico. Por mim, não valeu a deslocação ao Porto para o ver - só está no NorteShopping aqui no norte!

Sinopse:
"Uma aventura que relata a fuga de um pequeno grupo de prisioneiros de várias nacionalidades de um gulag na Sibéria em 1940, bem como a sua jornada de vida ao longo de milhares de quilómetros por cinco países hostis."

2011/07/01

O fim da Branca de Neve?

Ontem, na Assembleia Muncipal de Guimarães, assisti ao que aparenta ter sido a queda da Branca de Neve. Pelo menos, António Magalhães mais do que nunca parecia o Zangado...


Imagem Pitaco Azul

Falta ver se é consequente com o que disse, com os seus pensamentos em voz alta, ou não.

E, já agora, quanto é que isso vai custar se for para a frente com a ameaça, porque não me acredito que seja possível terminar um contrato de trabalho sem pagar indemnizações, não havendo justa-causa. Ou haverá?

50%?

É engraçado como uma frase bem dita pode ser mal interpretada de forma maldosa.

Na apresentação do Programa de Governo, foi anunciado um imposto único a recair sobre o 13º mês que seria de "50% sobre o valor acima do salário mínimo". No entanto, desde logo começou a circular a noticia, que faz capa hoje de alguns jornais, que o imposto seria de 50% do 13º mês.

Ora eu estive a olhar rapidamente para o que se vai passar e cheguei à conclusão que quem receber um salário de 2.500,00€ ainda só irá pagar 40%, como se pode ver no quadro abaixo:



A forma como a imprensa transmite as noticias deve ser, no mínimo mais rigorosa. Porque pode causar alarme social. Por exemplo, quando o CM diz que "os mais afectados serão os que ganham entre 1000 e 2500 Euros" também não é rigoroso, pois o imposto é progressivo e serão tanto mais afectados quanto maior for o salário base, pelo que não é objectivo o que eles dizem. Que os sindicalistas, vivendo no mundo paralelo e irreal, digam estas coisas, é normal e nem eu esperava outra coisa, mas dos jornais e jornalistas esperava, no mínimo, um pouco mais de exactidão no que é dito.

Por último, em relação à medida em si.

Preferia muito mais que não tivesse sido tomada. Mas acredito que se foi, é porque foi necessária. Como se sabe, ela derivou do conhecimento do mau desempenho do défice dos primeiros meses do ano. Se foi ou não uma promessa quebrada, depende da leitura que se queira fazer. Se quiserem ler apenas as declarações que fez numa escola, sem contextualizar com outras, podem dizer que foi quebrada uma promessa; mas se for olhada no âmbito do que foi dito ao longo da campanha eleitoral, se calhar não quebrou nada, porque foi prometido é que ia atacar o combate ao défice não só pela via dos impostos mas também do combate às despesas, o que está a ser feito; foi dito que não se sabendo exactamente qual a situação real das contas públicas, não se poderia prometer que não tivessem de ser tomadas medidas adicionais e gravosas - como está a acontecer. E a forma como o imposto foi pensado protege, claramente, quem tem menores rendimentos - e 1/3 dos trabalhadores e 2/3 dos pensionistas recebem o salário mínimo (ou menos) e a progressividade com que é aplicado defende quem tem menores rendimentos.