2006/07/05

DeutshChronik.10

A Itália, com a sua habitual eficácia e cinismo de marcar nos instantes finais do jogo, levou a carta a Garcia. Está na final e eliminou a anfitriã Alemanha que deveria ter caído mais cedo aos pés da Argentina com a equipa mais forte desde a campeã em 1986.

Hoje somos nós que vamos entrar em campo para defrontar a nossa besta negra das semi-finais: a França. Em quatro semi-finais que estivemos, tivemos quase sempre insucesso, mas metade delas foi com a França contra quem perdemos sempre no prolongamento.

A geração de ouro, que nunca ganhou nada nos séniores, tem hoje a possibilidade através do seu único representante/sobrevivente, Luís Figo, de conquistar a prova de vida em como merece ser considerada como uma geração vencedora, que abriu caminhos novos ao futebol português.

Pessoalmente, estou pouco animado. Como tenho estado desde o principio, conforme aqui tenho escrito, apesar de ainda estarmos em prova contra os meus prognósticos. Mas numa competição em que o lema máximo foi dado pelo técnico brasileiro, Carlos Alberto Parreira, dizendo que dar "espectáculo é ganhar", está quase tudo dito. As equipas têm optado demasiado pela táctica, pela submissão dos jogadores às tácticas impostas pelos treinadores, pela contenção, pelo medo de arriscar, pela não utilização de jogadores "fantasistas" em detrimento dos jogadores "colectivistas". Tem sido o Mundial do medo e não o do espectáculo, sem um jogo que fique para memória futura como tantos ficaram em tantos mundiais. Pessoalmente posso dizer que alguns dos mais altos momentos que me recordo do futebol foram passados em mundiais: o Brasil x Itália de 82, as grandes exibições de Roger Milla dos Camarões no despertar de África para o futebol, o semi-deus Maradona em 1986, onde cada jogo da Argentina era um espectáculo dentro do espectáculo, o fantástico Romário em 1994, os jogos recheados de espectáculo da Bulgária do Stoichkov, Kostadinov e Balakov, completamente virada para o ataque. E tantas coisas mais. Deste mundial, apenas alguns golos dipersos pela competição...

E, de facto, o espectáculo tem sido ganhar. Porque mesmo com jogos fracos, aborrecidos, de futebol de contenção e sonolentos, as massas adeptas têm feito a festa da vitória após o final das partidas, que na Alemanha quer um pouco por todo o Portugal no que a nós nos diz respeito. Por isso, espero ganhar hoje, pois só assim no final poderei fazer a festa...

NOTA - E mesmo que ganhe, e que até seja campeão do mundo, continuo a não gostar do Scolari e continuo a achar que não é nem grande treinador nem o seleccionador ideal. Para mim esse tem um nome, chama-se Johan Cruijff.

Sem comentários: