Enviada a 8-2-2005:
Ex.mo Senhor Provedor,
muito o prezo como jornalista e acho que tem desenvolvido um excelente papel no cargo que tem vindo a desempenhar no "meu" jornal desde o seu n.º 1 - e eu tenho 32 anos, pelo que leio o Público desde muito novo...
Nunca antes lhe escrevi, mas desta vez sou forçado a isso.
Não pude acreditar nos meus olhos quando li a noticia com o titulo "Cavaco Aposta em Maioria Absoluta do PS" na edição de hoje, 8 de Fevereiro. Eu sei que é Carnaval, mas eu levei a mal!
Sou, e desde já clarifico o assunto, militante do PSD e com algumas - pequenas - responsabilidades, pois sou secretário da Comissão Política de Guimarães. Mas escrevo-lhe a titulo pessoal e a expressar-lhe aquilo que mais me chocou quando li a noticia, que foram os seguintes pontos:
a) não há qualquer citação de fontes, não é possível aferir da proximidade de quem deu a informação ao jornalista e da veracidade das palavras que são atribuídas ao Prof. Cavaco Silva;
b) são citadas "reuniões sociais" mas nenhuma em particular é referida, não há contextualização de data e lugar - é diferente um qualquer eleitor pensar que o PS poderia atingir a maioria absoluta no fim de semana em que saíram diversas sondagens ou ontem já com a campanha a decorrer;
c) no mesmo artigo as jornalistas (?) divergem na opinião do Prof. Cavaco Silva: primeiro dizem que é uma "aposta" e mais abaixo dizem que está "convencido". Ora eu apostar numa coisa é diferente de eu estar convencido que essa mesma coisa possa acontecer... Eu aposto que nada acontecerá às jornalistas que escreveram esta peça mas estou convencido que V.Ex.a lhes vai chamar a atenção por a terem escrito desta forma...
d) toda a noticia no que se refere à "pseudo"-aposta do Prof. Cavaco Silva é baseada em suposições e construções imaginárias e não comprovadas: falam de opiniões manifestadas em reuniões sociais (vá lá saber-se o que isso é...) sem dar fontes, locais ou datas, atribuem-lhe de construções de cenários de facilidade da candidatura presidencial com um governo de maioria socialista que o mesmo nunca exprimiu em público e mencionam uma defesa da dissolução do parlamento junto de Jorge Sampaio que eu nunca vi por nenhum dos envolvidos confirmada.
Isto não é jornalismo sério e não é o tipo de jornalismo que estou habituado a ler no Público. Sempre tenho lido artigos construídos sobre factos concretos, palpáveis, com investigação, citação e cruzamento das fontes (que neste caso nem são citadas, não há aspas a dizer que aquelas são as palavras ditas pela pessoa em causa) e sem grandes margens de dúvidas da veracidade da notícia. Não sei como esta noticia foi aprovada pela direcção nem sei qual o fim e com que interesse foi a mesma publicada. Mas que até parece encomendada, lá isso parece - é que parece que a mesma foi feita para colocar em xeque e confronto estas "personagens"...
Agradeço a sua melhor atenção para este meu desabafo,
com os melhores cumprimentos,
Nuno Silva Leal
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Resposta em 9-2-2005:
Exmo. Senhor
Agradeço o seu e-mail.
Informo, entretanto, que cessei as funções de provedor do leitor no passado dia 11 de Janeiro (embora, por lapso, o meu nome, enquanto titular do cargo, tenha já surgido no jornal posteriormente). Deste modo, não poderei dar sequência ao assunto que expõe.
Com os melhores cumprimentos
Joaquim Furtado
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