Há pouco mais de três anos atrás, em Novembro de 2001, um mês antes das eleições autárquicas, aqui mesmo nesta tribuna do Noticias de Guimarães falei sobre o facto do concelho de Guimarães surgir colocado em 93º lugar no ranking nacional do poder de compra.
Agora, imaginem o meu espanto quando leio esta semana o novo ranking e Guimarães, neste mais recente mandato autárquico, surge 19 posições abaixo, fora do “top 100”!
Em 2001 o estudo dava um poder de compra de 70,7 pontos a Guimarães. Hoje temos uma pontuação pouco melhor, na ordem dos 71,9, ainda claramente abaixo da média nacional de 100. Só para comparação, em 2001 os concelhos de Ílhavo (72,8) ou Grândola (72) estavam ao nosso nível, mas estávamos bem abaixo de concelhos como Horta (77,7), Loulé (106,8) ou Braga (103,6). Hoje esses mesmos concelhos estão assim classificados: Ílhavo (82,6), Grândola (74,2), Horta (87,7), Loulé (120,7) e Braga (98,6). Conclusão: perdemos poder de compra para todos os concelhos, tal como Braga. Mais palavras para quê?
Como é evidente, isto demonstra um total e rotundo falhanço das políticas municipais que nestes quatro anos fizeram regredir a qualidade de vida dos vimaranenses – aliás, estes números são apenas a confirmação estatística daquilo que todos nós sentimos no dia a dia.
E exemplo paradigmático da inércia e falta de visão no executivo é o caso do (des)emprego neste concelho.
O PSD em Guimarães trouxe o assunto para a ribalta no 1º semestre de 2004. Disse-se então que se “o desemprego é o problema principal do concelho, o emprego deve ser a preocupação principal da Câmara Municipal”. Dedicando esse período a esta temática, reuniu-se com sindicatos (os que quiseram…), associações industriais e comerciais, escolas profissionais e diversas pessoas que com o PSD quiseram discutir esse assunto. De seguida, trabalhou-se a nível distrital e preparou-se um programa de intervenção nesta “zona deprimida”, como lhe chamou António Bessa (ex-ministro da Economia de António Guterres), e que culminou com a publicação, no passado dia 28 de Janeiro, da Portaria 113/2005 que regulamenta o PIAVE – Plano de Investimentos no Vale do Ave, um instrumento que vai permitir (conforme o programa do PSD de Guimarães pedia) criar um conjunto de mecanismos que permitam melhorar competências nos desempregados, incentivar à contratação e apoiar a mobilidade profissional, no sentido de “almofadar” o desemprego e criar condições para um melhor futuro – mas o que mais interessa salientar é que o PIAVE está dotado de uma verba de 60 milhões de Euros para distribuir nos próximos dois anos nestes programas; cabe agora à sociedade civil saber aproveitar esta janela de oportunidade que se abriu.
Nesse período de tempo, o que fez a Câmara Municipal?
Disse que esse assunto não é da competência dela mas do Governo central. Acabou por, no final de 2004, decidir elaborar um inquérito às empresas sobre o assunto. Medidas? Nenhuma! Acções concretas? Nenhuma.
Esta é a grande diferença entre o PSD e o PS em Guimarães!
O PSD detecta o problema, ouve as “forças vivas” sobre o assunto, procura criar e tomar medidas programáticas que mais do que remediar a situação presente tentem acautelar o futuro para que o problema seja efectivamente debelado. O PSD é pro-activo!
O PS não vê o que se passa senão quando já muitos são afectados por um problema e não toma medidas sobre os problemas pois não lhes compete a eles tomar – isso é de quem está mais acima na hierarquia do Estado. O PS é reactivo!
Porque Guimarães é um concelho com imensos problemas de cariz social, de cariz ecológico, de cariz urbanístico, de cariz industrial, de cariz educativo ou de cariz da mobilidade, por exemplo, porque Guimarães não é um concelho que “já tem tudo” como uma vez o mais alto responsável do PS afirmou, por esses motivos e muitos mais é que é necessário renovar a forma de se governar na Câmara Municipal.
É necessária uma nova e diferente atitude de quem governa para com os munícipes.
Sob o risco de em 2009 estar aqui a escrever sobre o concelho de Guimarães ter novamente descido no ranking nacional do poder de compra, esse excelente indicador do estado de saúde e da qualidade de vida dos concelhos em Portugal.
Centésimo décimo segundo!
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