2011/06/27

Porquê tantos independentes?

Da notícia da restante equipa governativa, ou seja, os Secretários de Estado, fica-me apenas uma questão, que dá titulo a este post. Porquê tantos independentes indicados pelo PSD? Ao contrário do CDS, que apenas indicou militantes seus para os vários cargos.

Não quero que me entendam mal, aceito perfeitamente que é necessário alguns independentes num Governo, nomeadamente em áreas onde é necessário algum saber mais especializado e que, normalmente mas não sempre, só se encontra na área da investigação e fora dos círculos partidários.

No entanto, este Governo tem 4 ministros independentes (tantos como do PSD e apenas mais um que o CDS) e 14 Secretários de Estado independentes (contra 7 do CDS e 15 do PSD) naquilo que parece ter sido uma aposta clara de Pedro Passos Coelho em encontrar fora do partido a equipa de governação.

Ora a minha questão vem por um motivo. Se a nossa democracia é parlamentar e representativa, através dos partidos, se os eleitores votam nos partidos para governarem, porque é que há, hoje em dia, uma fobia tão grande aos "militantes"?

Em parte, julgo eu, a resposta encontra-se nos tempos mais recentes dos elencos governativos de Guterres e Sócrates, o primeiro famoso pelo "no jobs for the boys" e o segundo por espalhar muitos "boys" por todas as estruturas do aparelho de estado e das empresas estatais. Desta forma, a opinião pública foi moldando uma ideia que havia um certo preenchimento de vagas políticas por pessoas sem curriculo ou capacidade adequada para tal, aparentando ser um "favor" partidário.

O problema é que essa noção, essa ideia que está a fazer escola em Portugal, levada ao exagero pode por vezes ser contraproducente e em vez de vermos pessoas como Pedro Duarte, por exemplo, no Governo, vemos as pastas que lhe poderiam caber ocupadas por independentes. Que trazem sempre alguma desconfiança no partido.

Para além disso, há uma clara divergência entre o que fez o PSD e o CDS. O primeiro colocou 18 independentes no Governo, o segundo não escolheu nenhum. E era o CDS que estava preocupado com o PSD indicar "boys" para os lugares políticos...

Esta opção de Pedro Passos Coelho tem um lado bom e outro mau. Por um lado, vai de encontro àquilo que parte da sociedade esperava dele na constituição do Governo, o que é bom. Por outro lado, cria algum distanciamento entre a estrutura de base do partido e o Governo, o que é mau - afinal, quem andou a fazer a campanha, quem deu o peito às balas socialistas de norte a sul do país, foram os militantes. E a única forma que há de ultrapassar tal situação é colocar rapidamente o Governo no terreno a ir aos concelhos do país explicar a situação do país, o que está a ser feito e como pode o PSD ajudar.

Mas esta jogada de colocar tantos independentes pode ser também em favor do partido. Provavelmente, os membros governativos que estão a entrar em funções vão ter um enorme desgaste nestes 3 primeiros anos de mandato onde será necessário cumprir o rigoroso calendário da "troyka". Assim, ao escolher tantos independentes agora, estará a abrir a possibilidade de numa segunda fase do Governo, já mais liberto do espartilho do acordo, poder colocar então mais alguns militantes na equipa governativa.

Em todo o caso, com ou sem independentes, estou plenamente confiante no trabalho que o Governo vai desenvolver. Aliás, os primeiros sinais que tem dado são extremamente positivos, como eu esperava.

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