Esta crónica do O Jogo Online é exactamente o que eu penso e o que eu quis transmitir no meu post anterior.
Com a devida vénia ao José Manuel Ribeiro, jornalista autor da mesma, reproduzo-a a seguir:
" Faltou confiança e velocidade; faltaram bons passes; faltaram intervenções convincentes de Victor Fernandez; faltou vontade de jogar à bola: o FC Porto esteve parecido com o habitual, quando precisava de ser extraordinário. Ou talvez nem tanto, porque o Paris Saint-Germain que se candidata a continuar na Liga dos Campeões é uma equipazinha banal. Para piorar as coisas
Tragédia completa. A boa notícia para o FC Porto é que não perdeu com uma má equipa francesa: empatou. A banalidade do Paris Saint-Germain inflama ainda mais o fracasso rotundo do campeão europeu num estádio que já ontem perdera dez mil dos espectadores habituais em jogos importantes. Porquê? Porque ninguém confiava num desfecho que valesse a pena. Se os jogadores não acreditavam, e tinham vindo a insistir tanto nisso, porque haveria o público de o fazer? Conforme as suspeitas, no campo houve menos do que um jogo de futebol. Foi antes uma longa corrida arrastada por quem se esqueceu do que é gostar de jogar à bola e nem quer estar ali, naquele local, naquele momento, com aqueles medos e aquela desconfiança. Noventa minutos disto e, como o leitor compreenderá, até os jornalistas precisam de recolher ao divã do psicólogo para recordar as questões básicas. Quem somos nós? Para onde vamos? Quem diabo ganhou a última Liga dos Campeões?
Primeira nota: o método revolucionário, descoberto pelos SuperDragões, de ameaçar os jogadores com porrada tem ainda de ser trabalhado. Talvez se raptarem um e ameaçarem decapitá-lo resulte, mas é duvidoso. Como se viu ontem, a administração do FC Porto fez muito bem em ter assobiado para o ar, dando a entender à equipa que está mesmo em risco de agressões se não começar a ganhar depressa. É estimulante para qualquer atleta: dá-lhe confiança e equilíbrio psicológico saber que tem uma Direcção atenta. Desconheço se, à hora a que escrevo este comentário, já algum dos culpados recebeu o justo castigo (refiro-me aos jogadores) pela desobediência qualificada às ordens expressas da principal claque do FC Porto. É que, pelos vistos, nenhum teve medo, se é que podemos reduzir a complexidade do futebol à vontade de quem o joga.
Nos onzes, nem uma novidade sequer. Nem nos onzes nem no que se esperava deles. Sem Reinaldo, o avançado rápido utilizado no Parque dos Príncipes, o Paris Saint-Germain refreou-se ainda mais nas marcações, seguindo só a bola e os jogadores do FC Porto, como se fosse um enchimento de colchão em redor do adversário, mas não daqueles bons, de penas; era antes um colchão de palha, que nalguns fogachos de rapidez se desfazia completamente. Houve vários episódios assim durante todo o jogo. De vez em quando, uma boa troca de bola, uma aceleração de Quaresma, Derlei, Diego ou Maniche escapou à sequência péssimos passes e lentidão desmedida, descobrindo a careca aos franceses, também muito fáceis de segurar no outro extremo do campo, onde Jorge Costa e Pedro Emanuel os mantinham inofensivos. Mas a rapidez foi excepção, a não ser no final, quando se tornou aflição. É como uma visão do que pode ser o futuro da equipa, com um grande sublinhado no "pode".
Ameaças de porrada falham redondamente
O que acontece no FC Porto, ao contrário do que pensam os SuperDragões, não é falta de atitude nem de carácter, pelo menos na maioria dos casos. Será, sobretudo, uma tremenda falta de confiança que reduz os objectivos do FC Porto ao mínimo: três bons passes seguidos, por exemplo. Interrompido de minuto a minuto, ontem também com a ajuda de um árbitro ridículo, o futebol da equipa de Fernandez não consegue ter a mínima substância; só lances desgarrados, que se lêem melhor no filme de jogo. Note-se, por exemplo a completa ausência de ataques minimamente sérios durante 21 minutos da primeira parte.
O que fez o treinador espanhol para remediar? Substituiu McCarthy (Hugo Almeida) e Diego, que, no preciso momento da troca, eram os melhores elementos do FC Porto. O Dragão indignou-se, porque o que se exigia era Hugo Almeida e o sul-africano juntos na área, uma alternativa que Victor Fernandez nunca experimentou, simplesmente porque nunca se lembrou de usar Hugo Almeida nos quinze jogos que dirigiu até ao momento. Foram os primeiros minutos de um recurso equívoco, apesar das muitas bolas bem ganhas pelo jovem avançado. Pediam-se riscos e não troca por troca. A seguir fez entrar Postiga para jogar como satélite do calmeirão e viu-o falhar a melhor oportunidade do FC Porto na segunda parte. Acrescente-se que um grande Baía salvou o empate por duas vezes, antes de encerrado este capítulo trágico dos portistas.
Estádio do Dragão relvado: bom espectadores: 30 210 árbitro: Stuart Dougal, Escócia assistentes: Martin Cryans e Tom Hugh Murphy, Escócia. 4º árbitro: Craig Alexander 4º árbitro: Craig Alexander Thomson, Escócia
FC Porto 0 - Paris Saint-Germain 0
99 Vítor Baía GR
22 Seitaridis LD
2 Jorge Costa DC
3 Pedro Emanuel DC
5 Ricardo Costa LE
17 Bosingwa MD
18 Maniche MO
16 Diego MO 64'
10 Quaresma AD 78'
11 Derlei AE
77 McCarthy AV 64'
Victor Fernandez
13 Nuno GR
14 Areias LE
33 Raul Meireles MD
19 Carlos Alberto MO 64'
12 César Peixoto AE
41 Hélder Postiga AV 78'
29 Hugo Almeida AV 64'
Amarelos 25' Jorge Costa, 52' Quaresma, 86' Derlei, 89' Pedro Emanuel
1 Letizi GR
2 Pichot LD
24 Pierre-Fanfan DC
6 Yepes DC
22 Armand LE
19 Cana MD
23 M'Bami MD
14 Cissé MD
7 Pancrate AD
27 Coridon AE 74'
9 Pauleta AV 89'
Vahid Halilhodzic
16 Alonzo GR
17 Ateba LE
20 Hélder DC
5 Mendy LD 74'
18 Benachour MD
10 Boskovic MO
28 Ljuboja AV 89'
Amarelos 60' Armand, 66' M'Bami, 86' Letizi "
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