2011/12/31

Retrospectiva de 2011 - Parte 2

Para concluir o ano neste blog, o 2º semestre:

Julho
Começou o Governo a governar de acordo com a realidade do país (uma novidade em décadas, talvez séculos...) e começou a "austeridade" com o anuncio do corte do subsidio de Natal deste ano em 50%. Foi um mês também muito marcado pelas polémicas na FCG, com zangas privadas a serem colocadas em público, na AM levando até à queda de Cristina Azevedo do cargo de presidente da FCG e com apresentações sobre as várias componentes da CEC2012 que eram não-apresentações, com a de artes e arquitectura no máximo esplendor quem que a programadora deve ter dito mais vezes as palavras "não sei" do que propostas finais e concretas que apresentou ou os encontros da comunidade em espaço exíguo e sem condições no calor da noite. No obituário ficou marcado pelo falecimento de Maria José Nogueira Pinto e pelo fim de uma era com o desaparecimento dos céus após última missão dos famosos vai-e-vem norte americanos que fizeram as delicias e parte das brincadeiras de infância de toda a minha geração e ainda pela loucura cometida na Noruega por um radical da extrema-direita (ou simplesmente louco?) que matou dezenas de pessoas numa ilha. Marcado ainda pelos 8 anos deste blog e pelos 12 da minha relação com a Sara, uma vida!

Agosto
Mês de férias por tradição, marcado por uma ida a Santiago de Compostela e pelo baptizado da Maria (a Truta mai'piquena!) com uma ida a Ruivães pela EN103, uma bela estrada que merece ser percorrida pelos cenários que oferece. Na CEC, nada de novo - nova direcção, mas continuou a confusão... Novidade apenas o surgimento de uma associação espontânea de cidadãos que, movidos por considerarem obscenos os vencimentos dos titulares dos cargos da direcção da FCG, formaram a CPC: Conferência Permanente de Cidadãos, uma associação informal que nasceu nas redes sociais do Facebook e já organizou actividades conjuntamente com a ASMAV, o que foi impressionante. Impressionantes foram também os números que se ficaram a conhecer sobre o absentismo na CM de Guimarães: 45.666 dias de faltas! E os 45 milhões que o Atlético de Madrid ao FC Porto por Falcao são também impressionantes, mas gostava bem mais de não os ter ganho! Quem também impressionou o país foi um grupo de jovens portugueses que foram até à Colômbia participar no Mundial U20 de futebol e que quase o ganharam, tendo apenas sucumbido na final perante um Brasil de outra dimensão - infelizmente, desses jovens, 4 meses depois já quase ninguém sabe onde estão...

Setembro
Marcado, sempre, pelo aniversário do 11 de Setembro, como é evidente. Mas também pelo aniversário deste vosso blogger de serviço que após este ano passará para o clube dos "entas" - há quem diga que termina aí a juventude, mas não é isso o que eu sinto... O Governo de Passos Coelho atingiu os seus primeiros 100 dias com algum trabalho já realizado e, apesar da austeridade que tem imprimido, com a sua imagem intacta, mantendo níveis de popularidade semelhantes aos da eleição, numa quase anormalidade em Portugal - afinal, falar verdade e cortar não é tão mal visto quanto se pensava... E foi o mês em que soube que uma nova aventura académica iria ser por mim iniciada, pois fui admitido no Mestrado de Gestão da UM.

Outubro
A Apple marcou o inicio do mês, com a entrada no mercado do novo iPhone 4S (e não 5 como se pensava) e com o falecimento de Steve Jobs, o guru das tecnologias. No futebol, a Selecção começou por marcar passo para o apuramento europeu e o FC Porto começou a marcar passo na época, naquilo que viriam a ser 2 meses muitos complicados e onde hipotecou algumas das suas aspirações para esta temporada, sendo que Vítor Pereira tem tido o odioso da culpa do que não tem corrido bem... Este foi o mês da Arquitectura (numa extensão do dia da arquitectura) e foi lançada uma colecção de livros de arquitectura do Público, monografias de alguns dos nomes maiores dos últimos 100 anos em Portugal e foi ainda mês da Concreta, a feira de materiais de construção onde eu não ia desde 2005!

Novembro
Com o evoluir do Mestrado, tenho cada vez menos tempo (e por vezes, disposição...) para escrever. Têm sido tempos complicados... Em todo o caso, neste mês dei conta dos 20 anos de um grande álbum dos U2, Achtung Baby, da greve que (não) paralisou o país que já percebeu que ou se muda de políticas ou se muda de país e comemorou-se o apuramento contra a Bósnia e o seu "relvado" para o Euro2012. E ainda houve oportunidade de falar de arquitectura a pretexto de uma entrevista de Souto Moura e sobre a Arquitectura Popular Portuguesa que completou 50 anos da suas primeira publicação.

Dezembro
Se continua sem haver garantias de Coldplay em Guimarães pela CEC (que os prometeu) ficou-se a saber que pelo menos vão andar por perto, no Estádio do Dragão, a 18 de Maio. E eu vou, já cá está o bilhete! Dezembro marcou também o ressurgir das trevas parisienses de Sócrates - que, como habitualmente, abriu a boca para dizer asneiras - não só nunca estudou economia (ainda há dúvidas que tenha estudado engenharia civil, quanto mais economia...) como só uma criança era capaz de dizer uma brincadeira daquelas... Comemorou-se ainda os 10 anos de Património Mundial da UNESCO do Centro Histórico de Guimarães com a inauguração do novo Toural - que saudade do antigo...

E, tão depressa, terminou o ano. E que venha 2013 mais depressa ainda, pois parece que de 2012 não virão grandes recordações. Cá por mim, podíamos já saltar, como fez Samoa, do 1 de Janeiro para o 17 de Maio - que venham os Coldplay...

A todos os leitores, amigos e familiares, um bom ano, com saúde, amigos e algum dinheiro, se possível tenham um bom
e até para o ano!

2011/12/28

Retrospectiva de 2011 - Parte 1

Tem sido um ano longo e com muito para contar. Infelizmente, pouco de positivo.

Marcado pela austeridade, pelo colapso financeiro do país pelos anos do desgoverno Sócrates, pela chegado do bicho-papão do FMI, pelas eleições.

Foi assim que fui vendo o ano no blogue.

Janeiro
Ainda por Inglaterra, fui vendo oportunidades de negócio em Inglaterra para os empresários portugueses, previa já na altura a chegada do FMI após as eleições presidenciais que elegeram para o segundo mandato Cavaco Silva à primeira volta e foi ainda marcado pela (não) apresentação do programa da CEC2012 (acontecimento que teve dois pontos altos: não apresentou o programa que ainda não havia e só haveria de ser apresentado em Dezembro e pelo falhanço da organização que não convidou deputados municipais, deputados e outros agentes vimaranense).

Fevereiro
Anunciavam-se progressos na Revolução dos Jasmins que tem varrido os países árabes do norte de África - Tunísia, EgiptoLibia, Yémen e agora até no médio oriente, a Síria, está debaixo do mesmo tipo de pressão revolucionária. Mas também se falou dos 50 anos do inicio da guerra colonial por ocasião do 4 de Fevereiro e que nestes curtos meses de publicação é já a 4ª noticia mais lida dos mais de 8 anos deste blog, com mais de 1500 visualizações. E falou-se de arquitectura, quer porque o edifício da Vodafone no Porto foi então nomeado (e depois eleito) o edifício do ano por um dos mais conceituados sites de arquitectura da internet (naquilo que se veio a prenunciar como um ano fantástico para a arquitectura portuguesa), quer pelo recorrente tema deste blog que é o ensino da arquitectura em Portugal.

Março
Em Março já se pensava na época desportiva seguinte no FC Porto porque internamente havia uma tal superioridade que só as competições europeias se mostravam desafiantes, deixando assim espaço para pensar bem cedo no year after - tão perto e tão longe estavam esses tempos... - e na compra do Porto Canal pelo FC Porto. Apesar de aflorada a situação política em Fevereiro, foi em Março que as coisas começaram a agudizar-se com o excelente discurso de Cavaco Silva na tomada de posse em pleno Parlamento, pela manifestação da geração (que pôs Sócrates) à rasca, pela reprovação do PEC4 e pelo re-start de Portugal com a saída e caída de Sócrates - o ar ficou muito mais límpido com o fim do pantano. Marcou ainda o terrível terramoto seguido de maremoto do Japão, bem como a arquitectura novamente com a atribuição do Pritzker a Souto Moura. Para além disso, em Guimarães ia-se acentuando a contestação à CEC, ou mais propriamente à FCG e à sua presidente, Cristina Azevedo, bem como ao autismo a que esta se votava em relação às criticas e aos vimaranenses. No futebol, antevia-se o complicado mês de Abril para o FC Porto que, se fosse ultrapassado com o mesmo sucesso que os meses anteriores, poderia elevar o clube a patamares históricos sendo que o credor dessa diferença era, claramente, André Villas Boas.

Abril
Começou marcado pela escuridão: no estádio da luz, esta faltou no momento do FC Porto celebrar o seu 25º título nacional em plena casa do principal adversário - que excelente começo do mês mais complicado desportivamente de toda a época. Marcado também pelo muito atrasado pedido de ajuda ao FMI e União Europeia que já se falava há meses que deveria ter acontecido, num processo acontecido às 3 pancadas e ainda não devidamente esclarecido: a ideia que passou é que o Ministro das Finanças o fez quase à revelia do chefe de Governo, através de uma entrevista por email para um jornal e precipitando assim as coisas a um Sócrates que tentava empurrar para as calendas (e para o futuro novo Governo) esse momento... E no final do mês oportunidade para uma "escapadinha" a Roma conhecer a capital do império romano, momento  há tanto desejado por mim.

Maio
Morreu Bin Laden, finalmente. E no que toca ao futebol, o mês ficou marcado pelo apuramento de dois clubes portugueses para a final da Liga Europa, em Dublin: o meu FC Porto (que orgulho!) e o Braga, numa inédita final europeia entre dois clubes do nosso país - e final essa a que tive o imenso prazer de assistir ao vivo, junto do meu pai, cumprindo-se assim um momento único e tão desejado de ambos. Diria que este foi, para mim, o melhor momento do ano, para recordar para todo o sempre! E ainda houve tempo para comemorar a 3ª Taça de Portugal consecutiva, aqui em casa e junto de mais 15 familiares portistas! Falou-se também de arquitectura, como é inevitável, nomeadamente sobre os temas da sustentabilidade e dando exemplos, positivos e negativos, disso mesmo. E por fim, já a cheirar a Legislativas, falei da campanha eleitoral e das sondagens.

Junho
Começou o mês marcado pela libertação, pelo escorraçar de Sócrates do poder. E pelo rápido processo que levou à formação do novo Governo de coligação, ao seu programa para Mudar Portugal. E terminou o mês marcado pelo retorno ao trabalho de pré-época do FC Porto, após a saída traiçoeira de André Villas Boas para o Chelsea e a nomeação de Vítor Pereira para o substituir...

E passaremos ainda em retrospectiva os restantes 6 meses do ano de 2011.

2011/12/25

Um feliz e Santo Natal...

...entre aqueles que mais gostam, em redor de uma mesa com os manjares que mais apreciam e dois dedos de conversa, esquecendo as amarguras que este ano de 2011 nos trouxe e desejando ardentemente, como a lareira que crepita, que o próximo Natal possa ser ainda melhor.

Hoje é um dia alegre, com um sol radioso e que nos enche de esperança.

Um bom, feliz Natal a todos os meus amigos, familiares e leitores. Porque hoje não é apenas um dia entre tantos outros, hoje é um dia especial!

2011/12/20

A Linha de Rumo já é motivo de estudo!

Foi com imensa curiosidade que abri o email do amigo André Saretto que, há algumas semanas atrás, me solicitou a colaboração para responder a uma entrevista para realizar um trabalho no âmbito de uma cadeira do seu curso de Comunicação Social.

E, para minha grata surpresa, este blog foi, afinal, o tema do trabalho - eu pensava que era apenas uma parte do estudo.

Entre milhares (milhões?) de blogs, este amigo escolheu o meu para tema de um trabalho universitário! Que honra!

Quem o quiser ler, fica abaixo o link para o trabalho da autoria de Alissa P. Queiroz, André Saretto, Camila CysneirosJoão Pedro Vieira de Brito, para o Departamento de Jornalismo e Editoração, da Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo.





Guimarães à noite




 Toural





Praça da Oliveira


2011/12/18

Pi-piiiii

No 3º domingo do mês, a Galp dá um desconto adicional de 6 cêntimos. Quem tiver outros descontos, como o vive-versa do Continente, pode acumular conseguindo assim 11 cêntimos de desconto - e como hoje em dia a diferença de preços entre esta gasolineira e as marcas "brancas" já não é assim tão grande, pelo menos nalgumas bombas, o resultado aqui bem perto de casa é o mesmo de sempre, mês após mês: enormes filas, centenas de carro a abastecerem-se continuamente desde manhã bem cedo até à meia-noite!

E quando juntamos um Continente, uma Rádio Popular e mais algumas lojas do género, no fim de semana anterior ao Natal?

O caos!

Filas de Km's. Ruas cheias de carros. Buzinas, sem parar. Muito stress. E quem vive por perto, que os ature...

2011/12/17

12 semanas intensas...

...que levo no Mestrado de Gestão, começado a 1 de Outubro.

Foram 129 horas de aulas, 4 trabalhos "de casa" individuais, 3 trabalhos de grupo 2 apresentações de trabalhos de grupo e 2 exames, tendo já terminado as aulas do 1º grupo de 3 unidades currriculares do 1º semestre e estando já a decorrer o 2º grupo de 3 unidades curriculares que terminam no final de Janeiro.

Foram muitas horas de trabalho de grupo, com diversas reuniões nocturnas e uns dias dedicados a estudar para os exames.

Não está a ser fácil o ritmo. Mas está a ser extremamente interessante. Já fiz os exames de Fundamentos do Comportamento Organizacional e de Complementos de Marketing e para meados de Janeiro temos o exame de Princípios de Finanças (e não, não me ensinaram coisas que tenham ensinado ao Sócrates, bem pelo contrário...), as 3 unidades curriculares já concluídas. Estou a ter neste momento Metodologias de Investigação em Gestão, Contabilidade para Gestores e Métodos Quânticos Aplicados à Gestão...

Não só estou a adquirir vários conhecimentos de matérias das quais tinha apenas conhecimentos empíricos e nada científicos, como me está a ajudar a entender situações profissionais de gestão corrente que assumimos no nosso dia a dia e que, visto à luz das matérias que temos vindo a aprender parecem completamente diferentes e entendíveis.

Conforme vou aprofundando estes conhecimentos, vou pensando que todos os cursos (licenciaturas) deveriam ter uma componente de gestão integrada porque, um dia, nas nossas profissões, vamos estar colocados em posições de chefia onde temos de exercer a componente de gestão (seja de recursos humanos ou materiais, seja de stocks ou financeiros, etc) e, tal como me aconteceu a mim, faz-se com base na "tentativa-erro" e em experiências tidas anteriormente, porque não temos qualquer preparação cientifica para o efeito. Este Mestrado de Gestão, orientado a não gestores, é uma ferramenta muito boa para quem precisa deste tipo de conhecimentos no seu dia a dia - e, basicamente, todos precisamos...

2011/12/13

10 anos de Património Mundial da Humanidade em Guimarães. E agora?

Faz hoje 10 anos que o Centro Histórico de Guimarães foi elevado a Património Mundial da Humanidade, distinção efectuada pela UNESCO no âmbito da recuperação e preservação de características quase únicas que se mantiveram ao longo de centenas de anos.

Se num primeiro momento a distinção foi vista como um prémio ao trabalho que município, investidores/promotores imobiliários, técnicos e profissionais da área da construção, engenharia e arquitectura e ainda os munícipes desenvolveram, num segundo momento houve a percepção que essa distinção era apenas o principio de um caminho árduo - o da preservação desse título.

O problema é que o CH hoje não é o CH de há 30 anos atrás, quando começaram os primeiros trabalhos que conduzirão ao tão almejado reconhecimento internacional. Hoje o CH é muito mais despovoado, as pessoas que habitavam morreram ou foram habitar a cintura urbana da cidade e, lenta mas inexoravelmente, o CH tem sido abandonado pelos seus habitantes tradicionais.

Para além disso, as exigências da qualidade de vida dos cidadãos são hoje infinitamente superiores ao que então era normal exigir. Tudo em conjunto, coloca uma enorme pressão de evolução das regras e ocupação do CH, mas sempre com a questão da classificação da UNESCO a pairar sobre este espaço. Por isso acho que nesta altura seria fundamental Guimarães começar a pensar e debater quais os caminho de futuro do CH. Porque estando cada vez mais desertificado e menos vivido, cada vez mais se assume como área de serviços e diversão, e também como um museu a céu aberto. E quanto a mim, isso não faz sentido nenhum, o CH é para ser vivido, usado por todos mas com condições de qualidade de vida que se ajustem aos tempos de hoje, única forma de atrair novos habitantes (quer em idade, quer por serem novos na zona em causa).

O novo Toural: Imagem Skyscrapercity
Mas, em vez disso, o município teve outras preocupações. Preferiu investir alguns, largos, milhões de Euros no arranjo urbanístico do Toural e da Alameda, no que se pode definir como uma obra ousada. Ousada porque mexeu nas memórias colectivas de todos nós, que crescemos e aprendemos a ver estas duas emblemáticas zonas do CH, centro da cidade, da forma em que elas se encontravam hoje. E ousada porque mexeu em locais que, de facto, não necessitavam de ser mexidos se não fosse para fazer uma intervenção de fundo, radical, na forma de utilização e fruição destes espaços - o que não aconteceu, pois o município optou por um meio caminho e ficou-se por um "alindamento" de passeios e ruas, ligeiras alterações de pormenor (deslocação de uma oliveira para ali, colocação de uma fonte acolá, retirado um monumento de acolí...) mas que no fundo nada de radicalmente diferente e novo trouxe.

Ora num momento em que o CH se desertifica, em que o comerciantes e prestadores de serviços têm vindo a abandonar o local, em que o país enfrenta uma enorme crise económica-financeira (a maior dos últimos 30 anos) a pergunta que coloco é a quem serviu esta obra?

E agora, para que serve este novo Toural que se vê na foto?

Tenho dúvidas, desde o primeiro momento, que este tenha sido o melhor caminho a seguir. Continuo a pensar que havia/há outras prioridades que deviam ser trabalhadas (que já fui aflorando neste texto) e para onde era necessário canalizar verbas no CH. Gostaria de ver isso debatido...

10 anos de Centro Histórico como Património Mundial da UNESCO e um novo Toural e Alameda. Um dia para festejar ou para pensar se o dia seguinte vai ser melhor ainda?

2011/12/09

Foi assim que eu estudei em Finanças...

...disse o ex-primeiro. E disse isso, conforme o video o demonstra cabalmente, sobre países como Portugal e Espanha não pagarem a dívida, que é eterna. Ele não disse, em momento nenhum, que era só sobre pagar agora, de uma vez, em poucas ou no curto prazo.

Ele simplesmente disse o que pensava - a mim, nunca me enganou - sobre a posição dele em relação a este assunto: precisa de financiamento, mas não paga.

O resto, são histórinhas de embalar crianças.

Fica o vídeo da prova, para memória futura:

Ah! E já agora, não foi assim que eu acabei de estudar em finanças. Bem pelo contrário, a ideia com que fiquei é que não só as dívidas não são eternas, como são para pagar e para evitar ter. O ideal, é termos orçamentos controlados, preferencialmente sem dívida e até excedentários, se possível...

Coldplay no Dragão

Foi anunciado publicamente que esta banda, uma das que mais gente arrasta aos estádios hoje em dia, terá (pelo menos) uma passagem por Portugal em 2012, a 18 de Maio no Estádio do Dragão.

E digo pelo menos porque há muito que foi prometido que o encerramento da CEC2012 seria ao som desta banda em Guimarães, pelo que veremos qual a capacidade da FCG em cumprir esta promessa...

Entretanto, resta pensar que no Verão o Estádio do Dragão, a meros 50 km de Guimarães e Braga, será o local de eleição para aquilo que deverá ser um dos momentos altos musicais do ano e onde poderemos ouvir, com certeza, Yellow, Clocks, Viva la Vida, Troubles, Parachutes ou os mais recentes Paradise ou Every Tear Drop is a Waterfall. Fica o video desta:


2011/12/06

Leituras [64] - Casas Portuguesas, de Raul Lino

A minha 3ª Edição, de 1943
Hoje, por acaso, comprei um livro que há muito queria comprar - não a sua versão "moderna", mas uma edição antiga - e consegui encontrar uma 3ª edição de Novembro de 1943 deste famoso e tão amado quanto odiado "Casas Portuguesas - Alguns Apontamentos Sobre o Arquitectar das Casas Simples", de Raul Lino, um dos mal-amados e mal-compreendidos arquitectos portugueses que perpassaram a história do século XX.

Este livro é, ainda hoje, uma das mais controversas referências deste autor e do tema.

Com alguma razão no que toca a tenta definir um tipo de arquitectura que se ajusta quase de norte a sul - o que poucos anos depois se provou ser totalmente errado, com o já aqui mencionado Inquérito à Arquitectura Popular Portuguesa - mas muito errado porque o objectivo superior deste livro era, por um lado, falar da economia na construção e, por outro, que as pessoas encontrassem coisas que servissem "de exemplo e não de modelos a copiar (nunca é demais repeti-lo)" como disse o autor na "nota à terceira edição".

Analisando o índice deste livro (cuja primeira edição terá saído durante a I Grande Guerra, depreendo da leitura da mesma nota) encontro desde logo uma estrutura muito moderna:
Capítulo I - Economia ... página 17
Capítulo II - Entre a economia e a beleza ... página 29
Capítulo III - Beleza ... página 67
Capítulo IV - Apêndice ... página 99
Capítulo V - Ilustrações ... I a XXX

Ou seja, primeiro entra por considerandos sobre a economia da construção e qual o papel do arquitecto neste capítulo, de forma a que as obras não ultrapassem o orçamento previsto pelo cliente - isto devia ser leitura obrigatória nos dias de hoje...

Depois, fala da beleza, naquilo que o tema possa ter de mais controverso. No entanto, mas do que de estética, neste capítulo ele abarca temas como a "solidez", o "isolamento", o "ar" sem o qual não "pode existir nem saúde nem conforto", a "luz", a "comodidade", a "naturalidade", a "verdade", a "harmonia" e até o "amor".

Por fim, no terceiro capitulo discorre sobre a "beleza" e sobre os seus conceitos para os clientes e para os arquitectos, sobre o papel destes na educação dos gostos, sobre ornamentos excessivos e adequados nas casas, sobre o artificialismo vs. naturilidade. Enfim, tenta demonstrar que o mais simples e típico é mais belo e mais barato - mais uma premissa que não me parece sempre real.

Por último, apresenta uma série de citações de uma outra obra sua, "A Nossa Casa", onde aprofunda alguns pensamentos sobre determinados materiais e áreas das casas, sobre o que deve se feito e pensado para cada uma delas, dentro do espirito de se estar a trabalhar em casas de pendor mais económico.

Em anexo, apresenta 30 ilustrações (as ultimas 5 julgo que são novidade desta 3ª edição) onde tenta demosntrar os pontos de vista que abordou no livro.

Vale pelo que vale. Mas, quanto a mim, é uma pedrada no charco em Portugal à época em que é lançado (década de 10, há quase 100 anos) e por isso mesmo, extremamente avançado para a época.

No mesmo alfarrabista onde comprei este, ainda lá ficou outro - Homem dos Livros, na Travessa de S. Carlos, Porto - e outros mais, também interessante, como os 3 exemplares do IAPP.


Edição de 1998, na Wook.pt
Sinopse
"Nem a americanização dos costumes, nem as tendências colectivistas de novas organizações conseguiram ainda debelar o anseio natural e instintivo no Homem de possuir habitação própria e independente para si ou para a sua família. Pode ser muito bela a vida em comunidade, útil, ou conveniente, o aquartelamento ou a habitação colectiva quer seja à sombra da cruz ou da espada, quer à da foice e do martelo ou à de uma simples moeda de oiro; não serve este viver, porém, a todo o mundo, e se há quem julgue que o desaparecimento do Indivíduo significaria um processo, estamos por enquanto longe da época em que toda a gente se haja transformado no homem-abelha que prefere para sua habitação o alvéolo de qualquer casa-colmeia. Que virá a ser a casa de amanhã?"

Nota - também à venda na Wook (ver link da sinopse) uma versão mais recente, de 1998.